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O Brasil é conhecido como um dos países com um dos maiores índices de aborto do mundo. São mais de três milhões por ano.
Paralelo a esse número, é crescente também o índice de meninas com menos de 20 anos que não só assumiram a responsabilidade pela gravidez em idade precoce, mas já anunciaram aos pais a chegada de um segundo filho.
Em todo o país, são 240 mil adolescentes que já experimentaram a segunda maternidade. É o equivalente à população de uma cidade como Limeira(interior de SP).
Se o governo estava preocupado com a primeira gravidez entre meninas, já decidiu colocar em prática um plano de prevenção para orientar as jovens que acabam ignorando métodos anticoncepcionais e engravidam de novo. Problemas à vista, porque os dados de pesquisas recentes mostram que está aumentando o número de mães adolescentes com dois filhos.
Os dados e uma análise aprofundada da questão foram elaborados pela ginecologista Albertina Duarte, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente do Estado de São Paulo, em sua tese de doutorado, defendida no fim do ano passado. 
A pesquisadora constatou que entre 1.800 garotas atendidas no Hospital das Clínicas de São Paulo nos últimos 11 anos, houve um aumento de 17% no número das que estavam na segunda gravidez.
Qual a razão para isso? Segundo outro estudo, feito pela Universidade Federal de São Paulo, 19 meninas, de um grupo de 20, com idade entre 15 e 19 anos e com histórico de mais de uma gravidez disseram conhecer formas de evitar a concepção.
A questão passa a ser, então, de responsabilidade. Mas de quem? 
Seria do próprio casal, que na "hora H" esquece ou despreza a importância do método contraceptivo?
Seria dos pais, que vão se ausentando da vida dos filhos à medida que eles vão entrando na adolescência e se interessando por valores estranhos aos dos genitores?
O problema pede respostas urgentes, porque está em jogo a qualidade de vida dos bebês e de toda a estrutura familiar, além de um fator essencial que normalmente nem é considerado na hora de se pensar sobre o assunto: a questão espiritual.
A situação difícil fica bem clara no depoimento de uma menina que já foi mãe duas vezes. Vanessa Conceição Barbosa tem 19 anos. Engravidou pela primeira vez aos 16 e pela segunda aos 18. Mora em Pirituba, zona oeste da capital paulista.
A primeira gravidez ocorreu quando ela estava na 7ª série. A garota parou de estudar e as amigas se afastaram. "Só minha mãe me ajudou", afirmou a menina. 
Assim como Vanessa, 13% das garotas de 15 a 24 anos que haviam se casado abandonaram a escola. Os motivos alegados foram gravidez ou falta de tempo para cuidar dos filhos.
Os psicólogos afirmam que o abandono da escola só não é inevitável quando a adolescente conta com uma estrutura familiar sólida.
Foi o caso de Daniela de Oliveira, outra jovem entrevistada de 19 anos. Para ela, a ajuda dos pais está sendo fundamental para que não largue os estudos. Quanto à experiência precoce como mãe duas vezes, disse que "não ligava para os métodos anti-concepção, apesar de conhecê-los. Foi criancice mesmo", reconhece. Daniela é mãe de Leonardo, 3 anos, e de Guilherme, 1 ano.
Trocar a escola pelas obrigações junto aos filhos é apenas um dos dilemas que envolvem a questão da gravidez precoce. 
Problema sério que deve ser tratado imediatamente é o grande contingente de "filhos de avós", crianças criadas e educadas pelos pais da garotada que anda abusando da fertilidade. 
Avós não são pais, embora tenham educado filhos durante boa parte da vida. Mesmo que a diferença de idade entre os pais e os filhos seja pequena(hoje não é mais novidade pais se tornarem avós com 34, 35 anos), está em jogo uma questão fundamental, que é a responsabilidade em assumir o resultado de uma relação sexual irresponsável, no sentido do casal não ter tomado as providências necessárias para evitar uma gravidez indesejada.
A orientação fundamental sugerida pelo Espiritismo a esse respeito é que haja muito diálogo entre os integrantes das mocidades espíritas, inclusive da pré-mocidade e turmas mais avançadas da evangelização infantil, sobre o tema sexualidade, para que a liberdade natural com que a Doutrina trata de quaisquer assuntos se reflita em informações bem fundamentadas, que tragam segurança para os jovens na hora de conviver com as circunstâncias trazidas pela vida.
Em tudo, é necessário responsabilidade e preparo. Se a certeza de que uma gravidez indesejada pode alterar profundamente a convivência dentro do lar, faz-se necessário pensar com tranqüilidade e sem pressa sobre o momento mais adequado para se iniciar a vida sexual. 
Deve ser agora, só porque o parceiro está pressionando? O casal tem segurança suficiente para assumir as conseqüências de uma atividade sexual plena?
São perguntas pertinentes ao ambiente da reflexão espírita, próprias de quem está disposto a crescer em um clima de liberdade de pensamento aliado à responsabilidade pelo que se faz.
Mesmo diante do perfil esclarecedor da Doutrina, de características elevadas quanto ao trato com temas fundamentais como a vida, não é lícito inferir que pelo fato da menina ter ficado grávida ainda na adolescência tudo já estava previsto em sua programação reencarnatória.
Receber alguém como filho é uma experiência muito importante na vida de uma pessoa para que tal processo seja tratado de qualquer maneira pelos benfeitores espirituais, no momento de planejar uma nova existência
Os "filhos" assumidos antes da reencarnação podem até ser esses mesmos Espíritos. O problema é que a inconseqüência e o imediatismo fazem com que eles venham antes do momento certo, que acontece toda vez que o casal não dá o tempo necessário à convivência e ao conhecimento um do outro para que laços mais profundos, traçados no plano espiritual, se consolidem, em benefício de todos.
Gravidez precoce, portanto, é experiência que pode e deve ser evitada, em favor do amadurecimento e da conscientização dos adolescentes. E métodos contraceptivos não existem para que os jovens brinquem com as forças sexuais, mas, pelo contrário, as eduquem, auxiliando-os a entrar com pés firmes em um mundo pleno de criatividade e explosão de forças criadoras, conforme é o da sexualidade ativa.


Por: Carlos Augusto Abranches, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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