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ONU — Organização das Nações Unidas — estabeleceu a data de 22 de março como o Dia Mundial da Água. Na verdade, a homenagem é simbólica, porque o respeito a esse elemento e o reconhecimento dos benefícios que traz ao homem são deveres de todas as horas.
A reverencia foi ressaltada pelo fato de, no dia citado, a mesma Organização ter realizado em Marrakesh, Marrocos, um simpósio no qual foi feito um grave alerta ao mundo. Estudiosos do equilíbrio ecológico afirmaram que em 2025 dois terços da população estarão vivendo em áreas com recursos hídricos escassos.
De nossa parte, questionamos: a água no Planeta é o bastante para a sobrevivência do ser humano? A preocupação é relevante, sobretudo se levarmos em conta que daqui a 30 anos a falta dela estará relacionada diretamente com o aumento populacional. Somos atualmente 5,7 bilhões de habitantes em todo o mundo. Em menos de três décadas, a população será 50% maior.
A relação entre produção alimentícia e irrigação tomar-se-á fundamental. Acredita-se até que a competição pela água começará aí, já que para produzir alimentos em áreas irrigadas será necessário um volume de água também na mesma proporção.
O maior problema para o homem é que o mundo não tem muita água disponível. Senão vejamos: 97% dos 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água são salgados. Dos 3% restantes, 77% estão congelados nas regiões polares e 22% são subterrâneos, o que já exigiria elevada soma de recursos para o aproveitamento.
Diante desses dados, sobra exatamente 1% de água potável na superfície para ser utilizada pela população mundial. E aí surge outra questão: essa quantidade é suficiente? Resposta: seria, se a distribuição dela não fosse desigual em todo o Planeta. As 200 bacias hidrográficas mais importantes do mundo estão localizadas em áreas de fronteiras, o que significa ameaça de conflito, como os que ocorrem no Oriente Médio.
Nesse campo de graves ponderações, nós — latino-americanos — já oferecemos um valioso estudo ao mundo, quanto aos recursos hídricos que a região possui. Aliás, a América Latina é o único continente a ter o mapa desses recursos até agora.
De acordo com os números, o Peru, por exemplo, é o país mais pobre, com 1 .800 m3 per capita do manancial. O Brasil tem boa quantidade — 33.700 m3 per capita. A maior preocupação, no entanto, é com a situação dos grandes centros urbanos. Em São Paulo, 95% dos recursos já estão sendo utilizados, ou seja, se a população aumentar, haverá déficit hídrico.
Contraste dos contrastes. Enquanto no Rio de Janeiro a situacão já caminha para uma crise de oferta, muito embora estejam sendo estudados novos investimentos para atender à população, no Nordeste do País 40 milhões de pessoas vivem a seca constantemente.
Qual a solução mais barata, aplicável a curto e médio prazos? Planejar o uso da água. Educar as pessoas a utilizá-la sem desperdiçar, pensando no amanhã, ou na melhor maneira de aproveitar os imensos potenciais que a natureza oferece como alternativa. Caso contrário, será preciso gastar bilhões de dólares para controlar, em todo o mundo, o crescimento populacional.
O Espiritismo oferece alternativas eficazes para solucionar tal problema. E as sugestões não se restringem apenas a diminuir o impacto dos efeitos, mas principalmente a trabalhar nas causas, o que nos leva diretamente ao centro da emoção humana, geradora das principais alterações que o clima do Planeta já sofreu em sua história.
A rigor, a Doutrina atua com profundidade não só no genérico da educação integral, mas igualmente no especifico das questões particulares, ao elaborar respostas consistentes a temas definidos.
Quando propõe uma conduta nobre diante do uso adequado da água, atinge igualmente a perspectiva do equilíbrio perante a natureza em geral, ou diante das inúmeras formas de vida existentes, incluindo aí o ser humano, tão necessitado de respeito e compreensão.
Amadurecimento e tomada de consciência. Postura responsável na vida e no tempo, visando às conseqüências positivas de uma atitude equilibrada. Compreensão justa das mínimas ações, pretendendo a paz e a fraternidade coletivas. Eis os princípios básicos que refletem as opções do espírita desperto, diante dos desafios que surgem na jornada difícil da vida.
Aproveitando o assunto em tela, vale relembrar o diálogo entre André Luiz e Lísias, no capítulo 10 de “Nosso Lar”, referente à importância com que a água é vista e tratada no Mundo Espiritual. Em determinado momento, quando estão em excursão pela colônia, os dois param para descansar no Bosque das Águas.
O amigo que recebera o médico desencarnado em sua própria casa, como prova de carinho e amizade, comentou:
— Na Terra quase ninguém cogita seriamente de conhecer a importância da água. Em “Nosso Lar”, aprendemos a agradecer ao Pai e aos seus divinos colaboradores semelhante dádiva. (...) A água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui, ela é empregada sobretudo como alimento e remédio. (...) Cabe aos ministros da União Divina a magnetização geral das águas do Rio Azul, a fim de que sirvam a todos os habitantes de Nosso Lar, com a pureza imprescindível.
Ampliando os esclarecimentos a André Luiz, Lísias acrescenta:
— O homem é desatento há muitos séculos. O mar equilibra-lhe a moradia planetária, o elemento aquoso fornece-lhe o corpo físico, a chuva dá-lhe o pão, o rio organiza-lhe a cidade, a presença da água oferece-lhe a bênção do lar e do serviço, mas ele não lhe reconhece os benefícios. Virá tempo, no entanto, em que copiará nossos serviços, encarecendo a importância dessa dádiva.
Concluindo a explicação, disse: — A água no mundo, meu amigo, não somente carreia os resíduos dos corpos, mas também as expressões de nossa vida mental. Será nociva nas mãos perversas, útil nas mãos generosas e, quando em movimento, sua corrente não só espalhará bênção de vida, mas constituirá igualmente um veículo da Providência Divina, absorvendo amarguras, ódios e ansiedades dos homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera íntima.(*)
A sugestão é válida para a urgência de nossas necessidades básicas. Que o homem do mundo a escute, um dia, principalmente porque haverá de ver semelhante respeito exemplificado no comportamento sadio dos espíritas conscientes.


Por: Carlos Augusto Abranches, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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