Perante e Enfermidade, por André Luiz
O Hábito de Rotular Pessoas
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O nosso planeta é habitado por vários tipos de criaturas, e
entre elas os seres humanos. Plantas e animais apenas vivem. Agem e reagem sobre
o meio-ambiente, guiados apenas pelos instintos. Mas o homem existe e pode
modificar a sua existência e atuar em seu meio, modificando-o. À medida que o
homem evolui ele não apenas existe, mas transcende à própria existência.
A complexidade das estruturas psíquicas do homem faz com que ele reaja positiva
ou negativamente diante dos estímulos externos, mediante o seu livre-arbítrio.
Dessas reações decorrem as demonstrações de força ou fraqueza, coragem ou
covardia, fé ou descrença, amor ou ódio, altruísmo ou egoísmo, humildade ou
orgulho.
Um dos hábitos enraizados profundamente nos homens é o de rotular, coisas,
situações e pessoas. Rotula-se pessoas com dificuldades de raciocínio de
retardadas. Rotula-se os deficientes físicos de incapacitados. Rotula-se ricos,
pobres, bonitos, feios, bêbados, homossexuais, prostitutas, negros, heróis,
bandidos e tantos rótulos que se torna impossível enumerá-los.
É ruim rotular porque esquecemos que por traz dos rótulos existem pessoas que
amam, odeiam, choram, riem, possuem toda uma gama de sentimentos e qualidades
próprias dos seres humanos.
Transpondo essa mesma situação para o movimento espírita vemos que não estamos
livres do impulso de rotular. Idéias divergentes são rotuladas de "movimentos
paralelos". Infelizmente linhas paralelas não se encontram nunca. Os que se
dedicam ao estudo da ciência espírita são classificados como científicos, e
místicos ou religiosos são os que aceitam o espiritismo como uma religião. Os
que preferem tê-lo como uma filosofia não religiosa, são denominadas "laicos".
Rotulamos de obsessores os espíritos que atuam maleficamente sobre as pessoas.
Obsedados são os que sofrem esse assédio. Por traz do rótulo de obsessor
identificamos o espírito maldoso, vingativo, esquecidos de que ele pode ter
razões ponderáveis para agir desta maneira, e ainda não é capaz de perdoar. Ele
pode odiar alguém e obsidiá-lo, mas pode ser que ame muitos outros. O obsedado,
quando não é rotulado de pobre vítima, é classificado como caráter frágil, ou
espírito endividado.
Não estamos justificando a existência de obsedados e obsessores, nem estamos
iludidos a ponto de julgar que não existam espíritos maus, porém lembrando a
todos que o rótulo serve para a classificar certas coisas, mas nem sempre
refletem toda a realidade.
Felizmente o Espiritismo está acima de rótulos e tendências, teorias ou
práticas, pois ele é a própria vida. É o amor que se faz presente, se
materializa entre nós para nos iluminar.
Lembremo-nos que o rótulo é frio, estático, inclemente. Por isso temos que lutar
contra a nossa tendência de tudo rotular, colocando mais amor e compreensão em
nossos julgamentos. O mesmo amor e compreensão que desejamos para nós mesmos.
Por: Amilcar Del Chiaro Filho, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.
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