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Quando sentiste a minha presença no útero foste dominada por uma angústia infinita.

Não esperavas a ocorrência natural e não tinhas condição de exercer a maternidade.

Informando a situação aflitiva ao companheiro de afetividade, dominado pela surpresa, ele recusou ajudar-te, unindo-se a ti pelo matrimônio, ou pelo menos, distendendo um braço protetor.

Sugeriu que me abortasses como solução imediata, mas, estarrecida, negaste-lhe anuência ao crime hediondo.

Constataste que ele não te amava e te usava como fizera com outras jovens inadvertidas.

Experimentaste a reação doméstica violenta dos teus pais que também propuseram o abortamento.

Acusavam-te de haveres manchado a honra da família e porque me sentias vibrar junto ao teu coração, aceitaste as humilhações domésticas, a expulsão do lar e as noites estreladas para servirem de cobertor na escuridão dos becos e sob viadutos ao lado de outros infelizes.

Eras jovem e bela!

Mesmo grávida tentaram macular-te na escravidão do sexo.

Recusaste todas as ofertas degradantes e lutaste na miséria até o meu nascimento.

Depois que me embalaste pela primeira vez, prometeste que viveríamos juntas e seríamos felizes, não importava quando.

Não me abandonaste para a adoção por outros corações e, nos serviços humilhantes, encontraste o pão e a roupa para nós duas.

Foram anos difíceis de fome, frio e dor.

Eu era estigmatizada como filha de mãe solteira, mas não me incomodava, antes sentia orgulho.

Será que o amor materno é diferente quando se nasce sob a proteção das leis ou fora delas?

Nunca senti diferença. Muito ao contrário.

Demonstraste a grandeza do teu imenso afeto de mãe soleira e me criaste com dignidade e ternura.

Conseguiste, por fim, trabalho de melhor qualidade e me educaste abraçando a e o respeito a Jesus Cristo e à Sua Mãe Santíssima.

Voltaste para o Grande Lar e nunca me abandonaste.

Ante as decisões difíceis e nos momentos graves da minha existência eu sentia que estavas comigo e murmuravas à minha mente as melhores decisões a tomar.

Triunfei, mãezinha, sob as tuas bênçãos e agora, também na Imortalidade, exulto de contentamento, porque tive a honra de ser tua filha, e de não ter sido assassinada no teu ventre.

Deus te abençoe, mãe solteira, protegida pela Mãe de Jesus, que também tem sido incompreendida.


Por: Amélia Rodrigues, Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em reunião mediúnica de 12 de fevereiro de 2021, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Do site: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=680


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