O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
O Papel do Centro Espírita no Mundo Pós-pandemia
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A pandemia provocada pelo chamado Covid-19 está afetando profundamente todo o
mundo. Como o tempo de disseminação poderá se prolongar por um tempo não muito
definido, no presente momento, não se pode prever a completa extensão de suas
repercussões.
Claramente, há prenúncios de grandes crises econômicas, sociais, sanitárias e
familiares.
Nesse contexto, os problemas espirituais são inevitáveis junto às populações
afetadas e deve haver também envolvimento do mundo espiritual, dos grupos
socorristas e apoiadores da humanidade e alguma agitação entre aquelas entidades
espirituais que se aproveitam para prejudicar em situações de tensão pessoal e
coletiva.
Na medida em que o tempo for passando, ficarão claras as alterações junto às
instituições espíritas.
De um lado pode ocorrer eventual maior procura pela busca de compreensão dos
sérios impactos, acolhimento, consolo e orientação espiritual. Esse atendimento
é o objetivo maior do espírita'>centro espírita. Ao mesmo tempo, pode-se ampliar a faixa
de pessoas carentes de apoio material, atingidas pelo desaquecimento da economia
e pelo desemprego.
As próprias instituições espíritas poderão estar imersas em dificuldades para a
manutenção e até, em alguns casos, com a necessidade de recomposição de equipes
de colaboradores.
Na vigência da pandemia, as instituições espíritas tiveram que atender às
recomendações sanitárias e governamentais de isolamento social, fechando suas
portas materiais. E aí, muitas instituições, grupos de estudo e de trabalho, e
expositores passaram a adotar as chamadas reuniões virtuais ou online.
Rapidamente alguns tiveram que treinar para utilizar as formas de comunicação a
distância e as redes sociais.
A dificuldade criada pela pandemia, em tempo curtíssimo, já provocou também um
efeito interessante: a adequação para a utilização dos novos recursos
tecnológicos. Muitos nem poderiam imaginar que estariam inseridos nesse contexto
novo.
Interessante é que temos conhecimento de que o cenário físico é uma cópia
adaptada de realidades do “outro lado”, valendo a pena buscarmos a ilustração em
obras espíritas bem difundidas, e que muitas vezes o leitor não percebe o
detalhe de alguns episódios reveladores de condições do Plano Espiritual.
Ou seja, “do outro lado” são empregadas várias formas de comunicação.
A propósito, nos recordamos de palestra proferida por Edimilson Luiz Nogueira1,
integrante da antiga equipe da secretaria geral do Conselho Federativo Nacional
da FEB, em evento no Centro Espírita André Luiz, de Brasília, e que também
contou com nossa presença.
Nosso companheiro desenvolveu oportuna exposição com recurso visual relacionando
fatos descritos pelo espírito André Luiz na obra Nosso Lar. Na realidade, os
registros feitos por André Luiz, àquela época no ano de 1944, foram algumas
antecipações tecnológicas sobre equipamentos do Plano Espiritual.
Referente ao livro citado, o expositor comentou sobre: porta automática com
acesso digital e projetor multimídia (Cap. 3); auscultação tomográfica (Cap.5);
o veículo aéreo designado de aeróbus (Cap. 10); um grande aparelho com imagens
da Governadoria (Cap. 17); aparelho à maneira do cinematógrafo terrestre com
cinco projeções variadas e simultâneas (Cap. 32); e, uma descrição também
antecipando a arquitetura moderna, de graciosos edifícios, a espaços regulares,
exibindo formas diversas (Cap. 7).
Essas notas nos chamam atenção de que em algumas décadas essas informações
espirituais já se tornaram realidades entre nós e se torna inimaginável o que
possa ser descoberto e inventado, espectivamente, na área da ciência e da
tecnologia.
O tempo atual demonstra vertiginoso progresso nos meios de comunicação. A rotina
- dos lares, estudos, trabalhos profissionais, desenvolvimento tecnológico e
científico e lazer -, passa por profundas modificações com a utilização de
formas diferentes de equipamentos e com a ampliação dos recursos da rede social.
As várias faixas etárias, precocemente desde a infância, mas já atingindo a 3ª
idade, empregam computadores, tablets e telefones celulares.
Em função dessa realidade dinâmica e que se expande rapidamente nas várias
faixas sociais, torna-se necessário que as instituições espíritas se adequem ao
contexto atual incluindo o emprego de videoconferências.
Na medida do possível e da realidade de cada local, torna-se interessante que as
reuniões públicas, de estudo, administrativas, de planejamento de atividades e
até o atendimento fraterno, incluam também o recurso das transmissões online.
Muitos eventos como seminários e até congressos podem ter o alcance de difusão
bem ampliado com a transmissão ao vivo.
A essa altura surge uma indagação natural: será que muitas viagens de
expositores, até onerosas, não poderiam ser substituídas por videoconferências?
Evidentemente que nas reuniões presenciais e a distância, a linguagem e o tempo
de duração devem se adequar a cada público alvo.
Sem dúvida, algumas atividades presenciais são imprescindíveis, pois o calor
humano e a vibração do local são importantes.
Mas aí emerge uma outra questão: nos centros espíritas rotineiramente fazemos
vibrações a distância para lares, pessoas necessitadas e doentes. As pessoas
unidas por um tema ou por uma prece feitas em reuniões virtuais também poderiam
se vincular vibratoriamente a uma mesma faixa e receberem apoios espirituais?
E o que dizer do evidente crescimento da expectativa de vida, ampliando a faixa
de idosos?
Entre estes surgem problemas de mobilidade, acesso aos locais e em algumas
cidades até de segurança. A opção de eventos e reuniões virtuais poderia
favorecê-los.
Entre o público que aprecia e se utiliza da leitura já cresce em nosso país o
número daqueles que preferem os livros digitais, os e-books. As editoras e
distribuidoras espíritas necessáriamente precisam se adaptar a essa demanda
crescente e que favorece a difusão do livro para qualquer parte do mundo.
Logicamente será um novo desafio econômico para as editoras espíritas e
principalmente aquelas que editam livros com objetivos filantrópicos.
Todavia os futuros cenários econômicos das instituições e das pessoas demandarão
algumas ações solidárias.
A propósito, cabe a reflexão se essa séria crise mundial não teria também outros
desdobramentos na área das relações entre as pessoas? A pandemia poderá provocar
reflexões sobre a vida e sobre valores?
Sobre isso, é cabível refletirmos em trecho do Codificador, quando comenta sobre
“Os tempos são chegados” e gera a esperança para o momento de transição da
humanidade: “[...] a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social, mas
não há fraternidade real, sólida e efetiva sem estar apoiada sobre uma base
inabalável. Essa base é a fé; não a fé em tais ou quais dogmas particulares que
mudam com o tempo e os povos e que se apedrejam mutuamente…” 3.
Bibliografia
1. Nogueira, Edimilson Luiz. Antecipações Tecnológicas no Plano Espiritual
segundo André Luiz. [Palestra]. Brasília, 18 de abril de 2009.
2. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito André Luiz. Nosso lar. Cap. 3, 5, 7,
10, 17, 32. Rio de Janeiro: FEB.
3. Kardec, Allan. A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo.
Cap. XVIII. São Paulo: FEAL. 2018.
Por: Antonio Cesar Perri de Carvalho, Texto extraído do Jornal Dirigente Espírita, maio/junho – 2020 – edição 177
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