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Achando-se o nosso primo Antoninho no mesmo Parque onde me encontro, naturalmente você gostará de ter notícias deles, supondo-o talvez junto de mim.

É verdade que respiramos o ambiente da mesma instituição; no entanto, o grande colégio está dividido em seções muito diversas entre si.

Segundo expliquei, faço parte de pequena turma de crianças recém-chegadas daí da Terra e Antoninho já veio há mais tempo. Além disso, nosso primo foi um modelo de bondade e obediência. Era bom. Dava prazer aos pais. Auxiliava os companheiros com alegria. Nunca prendeu os animais e nunca os feriu por maldade. Não perdia tempo com brincadeiras de mau gosto. Dedicava-se à leitura instrutiva e ao trabalho coma devoção sincera do menino correto e estudioso. De tudo isso fui devidamente informado por um dos professores que nos visitam a classe, ao qual inquiri sobre a diferença entre a minha situação e a de nosso querido amigo.

Em vista de minha condição inferior, não posso ir vê-lo; mas Antoninho já conquistou regalias que eu ainda não possuo, e, de vez em quando, vem bondosamente animar-me e consolar-me.

Em outras ocasiões, abraçamo-nos na reunião geral do Parque, quando todos os meninos e meninas dos cursos superiores e inferiores se encontram, uma vez por semana, no dia consagrado à prece e à fraternidade.

Talvez cause surpresa a você o que estou contando, mas nem todas as crianças trabalham e estudam juntas.

Temos no enorme Parque muitas divisões para os meninos e meninas, em separado, executando-se certa região, a mais elevada de todas, em que uns e outras se localizem em comum, tais os sentimentos sublimes de que são portadores. Quanto à grande maioria de jovens internados no instituto, eles se congregam em agrupamentos maiores ou menores, de acordo com as tendências que os caracterizam.

Há meninas e meninos fracos, doentes, ignorantes e instruídos, revelando atraso, inércia ou adiantamento nas expressões evolutivas, havendo, para cada categoria, seção especializada.

Minha turma constitui-se de crianças recém-vindas, sem qualquer preparo espiritual e com sérios defeitos para corrigir.

Nesse particular, não preciso recordar a você que nunca fui inclinado à disciplina e ao trabalho.

Fazia questão de cultivar a preguiça. Gostava dos bolos, do ca com leite, das refeições, da bicicleta, de minhas bolas de gude, mas nunca soube o preço, nem o esforço que tudo isso custava à mamãe e ao papai.

Hoje, porém, invejo os meninos obedientes e bons, observando-lhes a felicidade quando deles me aproximo nas horas de repouso e oração. Vejo-os sorridentes e venturosos, quando passam junto de mim, sem vaidade ou afetação, e peço a Jesus, com firmeza, me anime a ser trabalhador e perseverante no bem, a fim de que, um dia, possa unir-me a eles, nos grandes e abençoados serviços de elevação espiritual.


Por: Neio Lúcio, Do livro: Mensagens do Pequeno Morto, Médium: Francisco Cândido Xavier


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