Ensinar, por Espíritos Diversos
A Árvore do Tempo
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Quando o Anjo da Morte cumpriu suas atribuições junto aos primeiros homens que habitavam a Terra, houve grande revolta entre os que eram separados da vestimenta material. O generoso missionário sentiu-se crivado de observações ingratas. No íntimo, as almas guardavam a certeza, relativamente às finalidades gloriosas de seus destinos. Todas haviam sido chamadas à existência para se elevarem ao Trono de Deus; entretanto, nenhuma se conformava com a própria situação.
Debalde o sábio mensageiro procurava lembrar o objetivo divino e esclarecer a excelência de sua cooperação. Os homens, porém, cobriam-no de impropérios, alegando os trabalhos incompletos que haviam deixado sobre a face do mundo. Uns recordavam as famílias ameaçadas sem a sua presença, outros comentavam as nobres intenções com que se atiravam na Terra aos serviços da evolução. E as lágrimas se confundiam com os gritos de desespero irremediável.
Acabrunhado pelos acontecimentos, o solícito missionário, como quem começa um
serviço sem o conhecimento de toda a sua complexidade e extensão, suplicou ao
Senhor o socorro de seu auxilio divino, de modo a fazer face à situação.
Foi por esse motivo que o Salvador veio ao encontro da grande fileira de
Espíritos infortunados, acercando-se de suas amarguras com a inesgotável
generosidade e sabedoria de sempre.
- Ah! Senhor - exclamou um dos infelizes - O Anjo da Morte nos reduziu à
miserável condição de escravos sem esperanças. Sabemos que a nossa marcha se
dirige ao Altíssimo; entretanto, fomos subtraídos ao laborioso esforço de
preparação na Terra...
- Existem, porém, outros planos à espera de vossas atividades - esclareceu o
interpelado com bondade carinhosa. - O planeta terrestre não é o único santuário
consagrado à vida. Além disso, o mensageiro da morte não é um tirano e sim um
benfeitor que personifica a grande lei de renovação.
A essas palavras, todavia, a pequena turba avançou a reclamar lamentosamente,
invocando as razões que a vinculavam ao mundo terreno.
- Jamais me poderei separar dos filhos idolatrados - dizia um velhinho de
semblante inquieto - não desejo marchar sem a afetuosa companhia deles! Não me
submetais ao sacrifício insuportável da separação!
- Meu esposo - bradava uma pobre mulher - clama por mim, dia e noite!... Meu
estado de inquietação é angustioso!... Não creio que possa ser feliz, nem mesmo
nas claridades do Paraíso!...
- E minha fazenda? - Ponderava ainda outro, em tom de súplica. - Não permitais
que meus trabalhos sejam interrompidos... Assim procedo, Senhor, em obediência
ao dever de velar pelos patrimônios que me conferistes!...
- Nunca julguei - comentava um jovem, desesperadamente - que o Anjo da Morte me
roubasse o sonho do noivado, quase no instante de minha desejada ventura... Nada
mais conservo em meus olhos, senão o derradeiro quadro de minha companheira a
chorar... Não haverá compaixão no céu para uma aspiração justa e santa da
Terra?...
Nesse instante, o Senhor entrou em grande meditação, mostrando triste o
semblante. A pequena multidão continuou revelando o grau de seu desespero em
rogativas dolorosas. Dando a entender pelo seu silêncio a importância e a
complexidade das aquisições que os Espíritos da Terra necessitavam realizar,
prosseguiu por largo tempo em serenas reflexões e, quando se aquietou o ânimo
geral, em forte expectativa, tomou a palavra na assembléia e falou solenemente:
- Conheço a extensão das vossas necessidades, mas não disponho de tempo para
velar pessoalmente pela solução dos vossos problemas particulares, mesmo porque
não sois os meus únicos tutelados. Se pretendesse convencer-vos pela palavra,
não sairíamos, talvez, dos círculos escuros da contendas e, se desejasse
acompanhar-vos, individualmente, nas experiências indispensáveis, teria de me
acorrentar aos fluidos da Terra por milênios, descurando de outros deveres
sagrados confiados ao meu coração por Nosso Pai! Estarei convosco, por todos os
séculos, ligado perenemente ao vosso amor, mas não posso estacionar à maneira de
um homem. Tenho de agir e trabalhar por todos, sem o capricho de amar somente a
alguns.
A presente situação, porém, será remediada. Dar-vos-ei, doravante, a árvore bendita do tempo.
Por: Irmão X, Do livro: Doutrina e Aplicação, Médium Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos
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