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O dia era como outro qualquer. Liguei o computador, o modem fez o sinal habitual do protocolo da ligação e como num gesto habitual lá carreguei no comando «enviar / receber» do Outlook, para receber o meu correio, via Internet.
Entre outras cartas, uma delas, pequena mas curiosa chamou-me a atenção. Era de uma amiga e dizia o seguinte:
«Afinal onde está a justiça de que tanto se fala?!!!
Afinal se a vida corre sempre bem, porque é que desta vez correu assim?!!! Afinal será que Deus existe?!!!
Tudo o que andamos a fazer nesta vida para que serve?
Para que serve sofrer a perda de alguém?!!!
Que benefício traz isso para a próxima vida?!!!
Isto é... se existe próxima vida!!!
A cada dia que passa, sinto que Deus afinal não existe!!!
Carla»

Esta amiga estava no dia seguinte ao do falecimento de um seu familiar.
Fiquei curioso, pois é uma pessoa religiosa e bem empenhada na sua religião, desde há muito tempo.
Conversámos um pouco e perguntei-lhe se a religião dela não conseguia respostas a esta suas perguntas. Era mais que evidente que não.
Disse-lhe então que estava na hora de procurar as respostas e que as encontraria na doutrina espírita, que não sendo mais uma religião, nem mais uma seita, é uma doutrina assente numa componente experimental, numa componente filosófica e numa componente ética. Sugeri-lhe que procurasse uma associação espírita, que estudasse o espiritismo, fizesse um curso básico de espiritismo (existem até na Internet), não no sentido de se tornar espírita, mas sim com o objectivo de se informar e assim ir cimentando a sua , a certeza da existência em Deus, mas agora com base em factos, em evidências, em estudos, em raciocínios, que não só alimentam a como a aumentam, criando no homem uma raciocinada e não uma cega, que gera mais incredulidade do que religiosidade.
Com o estudo do espiritismo, o homem encontra lógica e equidade para as aparentes injustiças da vida
Fiquei a pensar no bem-estar que o conhecimento do espiritismo confere ao ser humano e como esse conhecimento, se bem adquirido pode conferir ao homem uma tranquilidade muito grande perante um fenómeno tão normal e banal como é o da morte do corpo físico, quando o espírito se liberta adentrando na nova vida, no mundo espiritual.
Sugeri-lhe a leitura da magistral obra «O Livro dos Espíritos», de Allan Kardec.
Habituados por uma questão cultural a ver na morte do corpo de carne uma fatalidade, uma desgraça, o espiritismo demonstra-nos o contrário, através da mediunidade, que a morte é uma ilusão e que aqueles que julgamos mortos estão tão vivos como nós, vindo até nós trazer as suas notícias.
Numa outra ocasião, em conversa com uma médica do hospital da nossa cidade, ela referia que aconteciam casos de pessoas com comportamentos estranhos, nas urgências, com os quais não sabiam lidar.
Como seria bom se os médicos de um modo geral estudassem a filosofa espírita, para assim poderem melhor auxiliar o ser humano, numa perspectiva integral, holística, deixando de o abordar como um mero amontoado de carne, de células, procurando a causa da doença no ser eterno e não apenas combatendo a conseqüência do desequilíbrio humano a manifestar-se sob a forma desta ou daquela doença.
Na semana seguinte líamos uma reportagem na revista «Pública» do jornal «Público», onde o Dr. Ian Stevenson, médico, psiquiatra, americano, uma sumidade a nível mundial no campo da pesquisa da reencarnação, mostrava os seus estudos de há mais de 40 anos, afirmando que tem mais de dois mil casos investigados em todo o mundo que evidenciam ser casos de reencarnação de crianças que se lembram de vidas anteriores. Stevenson afirmava-se estupefacto com a indiferença de alguns pesquisadores e cientistas com os seus resultados, uma vez que eles irão inevitavelmente revolucionar a vida na Terra.
A reencarnação é cada vez mais uma evidência difícil de refutar, demonstrada por muitos pesquisadores de todo o mundo.
Quando o homem entender que a reencarnação é uma realidade, que ele voltará com um novo corpo para novas experiências iluminativas, aprendendo aquilo que ainda desconhece e rectificando erros do passado, então o racismo deixará de ter sentido já que poderemos reencarnar na raça que agora consideramos inferior, as diferenças sociais deixarão de ter sentido já que poderemos reencarnar na opulência ou na miséria, as diferenças sexuais deixarão de fazer sentido já que reencarnaremos em corpos femininos ou masculinos de acordo com as nossas necessidades evolutivas, a xenofobia deixará de fazer sentido já que reencarnaremos neste ou naquele país de acordo com o que nos for mais útil, o desprezo pela natureza também não fará sentido já que reencontraremos a natureza poluída ou conservada conforme a tivermos deixado na vida anterior.
Perante as dúvidas da minha amiga, as interrogações da médica conhecida e as certezas deste renomado cientista (que não é espírita) não pude deixar de me sentir confortável por poder entender a vida com os horizontes alargados que o espiritismo nos confere, dentro duma postura de abertura, não dogmática nem impositiva.


Por: José Lucas, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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