Ensinar, por Espíritos Diversos
Sofrimentos Morais
A+ | A- | Imprimir | Ouça a MSG | Ant | Post
A simples desencarnação de forma alguma liberta o Espírito dos seus hábitos e
necessidades até então cultivados.
Impregnado pelas sensações em que se demorou, quando interrompidos os vínculos
carnais permanecem os mesmos condicionamentos impondo-se como expressões que
exigem atenção e cuidados.
Sensibilizado pelos impositivos que lhe constituíam recurso vital para a fixação
no corpo, o perispírito continua canalizando para o ser espiritual os conteúdos
que proporcionam alegria ou dor, conforme o teor vibratório de que são formados.
Os vícios mentais, os hábitos orgânicos e sociais, as ações desenvolvidas são
elementos que nessa fase somatizam às impressões vigorosas nas tecelagens
delicadas do Espírito, transformando-se em sensações e emoções correspondentes.
Algumas são tão fortes que se fazem correspondentes às físicas anteriormente
vivenciadas, transformando-se em bênção, quando elevadas, ou incomparável
suplício, se formadas por energias deletérias.
Convertendo-se em necessidades, impõem atendimento orgânico, como se a argamassa
fisiológica se mantivesse em funcionamento.
Como é compreensível, o interromper de um hábito qualquer por circunstância não
elegida, não consegue anular-lhe o condicionamento, particularmente se for
acolhido por largo período, no qual a pessoa se comprazia, centrando os
interesses mentais e emocionais no seu desfrutar.
Transformando-se em martírio que não diminui de intensidade, em razão da
carência não atendida, inflige sofrimentos morais de difícil definição.
Somem-se a essas sensações as ânsias, mágoas, angústias e o despertar da
consciência, que faculta a avaliação das experiências fracassadas e torna-se
volumoso o fadário que enlouquece muitos recém-desencarnados.
A autoconsciência é responsável pela ressurreição de fantasmas que pareciam
extintos ou esquecidos, mas que nessa hora ressumam dos refolhos do
inconsciente, assumindo forma e tomando força, transformando-se em algozes
implacáveis, cujas aflições impostas se caracterizam pelo superlativo.
A descoberta do tempo malbaratado, a constatação dos erros e delitos
perpetrados, o arrependimento tardio formam componentes punitivos que camartelam
o ser espiritual, transformando-o.
Todos os sofrimentos são dilaceradores das carnes da alma, no entanto, aqueles
de natureza moral são mais severos, porque ínsitos no âmago do ser não dão
trégua a quem os padece.
Sem o costume salutar da oração lenificadora, nem da meditação saudável, a
vítima de si mesma não encontra conforto para minimizar-lhes a intensidade,
entregando-se à degradação da revolta ou ao abandono na agonia com que mais se
agravam as aflições íntimas. Estorcegam então, sem consolo moral, atirando-se
pelos resvaladouros da rebeldia e da blasfêmia, exaurindo-se e desfalecendo,
para logo retornarem sob a mesma carga aflitiva de intérmina duração...
Tal ocorrência tem lugar, porque ninguém foge da sua realidade interior.
Desalojado o Espírito do domicílio celular, prossegue como antes, com a
diferença exclusiva de encontrar-se desvestido da couraça orgânica.
Todos o seus valores permanecem inalterados, assim como os seus desejos e
vinculações.
A frustração amarga por não poder administrar a máquina atual conforme o fazia
com a orgânica, exaspera e alucina.
A nova dimensão para a qual se transferiu mediante a morte do corpo tem as suas
próprias leis e constituição que não se alteram quando enfrentadas ou agredidas
pelos que a alcançam.
O ser humano é essencialmente o conjunto dos seus hábitos mentais e
contingências deles decorrentes.
Transferindo-se de habitat não se libera das condições a que se submetia, antes
condu-las, e mais lhes sente a pressão em face do novo campo vibratório em que
se encontra.
As dores morais no além-túmulo são uma realidade muito significativa, como
sucede em relação à felicidade, à alegria, ao bem-estar, à paz, para aqueles
Espíritos que se conduziram na Terra com retidão, equilíbrio, lucidez,
abnegação.
Com admirável coerência, acentuou Jesus: — A cada um conforme as suas obras.
A morte, portanto, é a grande desveladora da realidade para todos quantos se
encontram em trânsito pela névoa carnal, rumando, mesmo que sem se dar conta,
para a Vida plena.
Alargar os horizontes mentais para a contemplação da madrugada imortal deve ser o compromisso de todos os seres humanos, mediante a vivência do dever reto, da consciência digna e dos pensamentos saudáveis.
Por: Manoel Philomeno de Miranda, Médium: Divaldo Pereira Franco, página psicografada em 26-7-1999, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA
Leia Também:
Carta a um Amigo na Terra: por André Luiz
De Lá para Cá: por Emmanuel
Kardec Falou em Mundo Espiritual organizado? Sim ou Não?: por Orson Carrara
A Árvore do Tempo: por Irmão X
Homo: por Augusto dos Anjos
Comentários