Ensinar, por Espíritos Diversos
Mediunidade e Luta
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Diz você que a mediunidade parece não encontrar recanto entre os homens e, decerto, você argumenta com sobejas razões.
Basta que a criatura evidencie percepções inabituais, entrando em contato com as Inteligências desencarnadas, para que sofra policiamento constante.
Examina-se-lhe a ficha social, pede-se-lhe o grau de instrução, analisam-se-lhe os hábitos de leitura e emprestam-se-lhe qualidades imaginárias para que se lhe cataloguem os serviços de intercâmbio no capítulo de fraude inconsciente. E encontrada essa ou aquela brecha naturalmente humana, no conjunto da personalidade medianímica, por mais convincentes hajam sido as demonstrações da vida espiritual por seu intermédio, vê-se marcado o sensitivo à conta de embusteiro confesso.
Sabe-se que as irmãs Fox, pioneiras do Espiritismo, quando em plenitude das
forças psíquicas, foram ameaçadas de linchamento, num salão de Rochester, porque
distinta comissão de pessoas insuspeitas se manifestou à legitimidade das
comunicações de que se faziam intérpretes, e, mais tarde, quando fatigadas da
incompreensão e sofrimento se afizeram ao uso de certos aperitivos, como
acontece a algumas damas distintas e infelizes da sociedade moderna, foram
consideradas ébrias impenitentes, que fraudaram a vida toda.
Convença-se, contudo, de que não é propriamente o médium o objeto da injúria e
sim a realidade da sobrevivência além-túmulo, que a maioria dos homens, atolada
no egoísmo, não quer aceitar.
Depois de soberbas e irrecusáveis demonstrações da imortalidade da alma, com a
chancela de sábios eminentes, nas mais cultas nações do Globo, a ciência
terrestre, manobrando inconcebíveis sutilezas de raciocínio, procurou desterrar
a Doutrina Espírita e seus areópagos e experimentos, fundando a metapsíquica e a
psicologia'>parapsicologia, com o intuito evidente de procrastinar a verdade.
Há mais de um século, doutos pesquisadores, dignos, aliás, do maior respeito,
observam médiuns e fenômenos mediúnicos quais cobaias e reações do laboratório,
mas, com raras exceções, se inquiridos quanto à existência da alma, esboçam
clássico sorriso de superioridade e desprezo.
O que o homem, por enquanto, não deseja absolutamente admitir é a
responsabilidade de viver.
Entretanto, isso não é motivo para esmorecimento de nossa parte.
A idéia da imortalidade foi apaixonadamente perseguida em nosso Divino Mestre.
A humanidade pressentiu que Ele trazia a maior mensagem da Vida Eterna, por
todos os meios, hostilizou-lhe a presença.
Contemplado à distância, Jesus apareceu como alguém injustamente corrido de toda
parte.
Recusado pelas estalagens de Belém, é constrangido a buscas as sombras da
estrebaria para nascer. Mal descerra os olhos, é transportado por Maria e José,
em demanda do Egito, fugindo à espada de inesperadas humilhações. Detém-se, de
retorno, nas alegrias de Nazaré, fruindo a convivência dos familiares mais
íntimos, no entanto, em pleno ministério de amor, é escarnecido pelos seus. Qual
mestre sem lar, jornadeia de vila em vila, consagrando-se aos sofredores. Ele
mesmo registra a dureza de Betsaida e lastima os remoques que lhe são
desfechados em Corazim e em Cafarnaum. Em todos os lugares, há quem lhe ironize
o trabalho. Encontra por refúgio a casa da Natureza e mobiliza, por tribunas da
Boa Nova, pobres barcos de alguns amigos. Após inolvidáveis ações, em que
positiva a perpetuidade do espírito, visita Jerusalém, mais uma vez, para o
testemunho de fé santificante; contudo, malquisto no Templo, por dizer a
verdade, é preso e conduzido ao Sinédrio. Os grandes sacerdotes, tentando
turvar-lhe o ânimo, enviam-no a Pilatos para julgamento sub-reptício. O
magistrado, entretanto, receando-lhe a força moral, remete-o ao exame de
Herodes. Mas este, irônico e matreiro, devolveu-o ao Juiz inseguro que o
entrega, então, à ira do populacho que, não sabendo onde mais o coloque,
dependura-o no lenho da ignomínia como vulgar malfeitor. Glorificado, volta
Jesus, redivido, à intimidade dos homens, mas ainda aí, os principais do templo
subornaram soldados e guardiães com dinheiro de contado para desmoralizarem a
mensagem da ressurreição do Senhor.
E, no transcurso de quase três séculos, todos os seguidores fiéis do Nazareno,
por lhe guardarem o ensinamento puro, foram batidos, vilipendiados, espoliados,
caluniados, encarcerados ou lançados às feras, nos espetáculos públicos, até que
a política e o profissionalismo religioso escondessem a Divina Revelação na
intrincada vestimenta do culto externo.
Como vê, meu caro, a perseguição gratuita a que se refere é de todos os tempos.
Sirvamos, contudo, à realidade do espírito com destemor e seriedade, porquanto a
morte é o velho meirinho da grande renovação que não poupa a ninguém.
Por: Irmão X, Médium: Francisco Cândido Xavier
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