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O Espiritismo não é apenas uma bela Doutrina, é a própria mensagem de Jesus, em caráter de atualidade, visitando as nossas almas.

Ser espírita não é o que muitos pensam: um favor que fazemos à Causa. É uma bênção que nós incorporamos em nossa vida. Porque, ser espírita, é bom para quem o é; a transformação que operamos dentro de nós é dádiva que entesouramos nos cofres profundos do nosso espírito livre.

A Doutrina Espírita é a revelação da verdade, mas o Movimento Espírita é aquilo que dele fizerem os espíritas. Convém não confundir Doutrina com Movimento. A Doutrina está exarada na Codificação e nas obras que lhes são subsidiárias, e o Movimento é a incorporação da Doutrina ao "modus operandi" daqueles que se encantaram pela mensagem kardequiana.

É necessário entender que os nossos erros pessoais devem ser banidos da nossa conduta para que não sejam incorporados ao Movimento Espírita e as suas sombras trevosas não venham empanar a claridade diamantina na projeção da Mensagem.

Já não há tempo para se ter duas condutas: a conduta do homem e a conduta do espírita, e dizer: "eu tenho direito de errar", esquecendo que o espírita não tem o direito de cometer erros. Ele tem liberdade, mas ele não tem licença para proceder mal. Aquele que encontrou Jesus é alguém que se transformou dentro de si mesmo.

E a ele não é lícito adulterar, pelo mau comportamento, a palavra de luz que dimana do mundo espiritual.

Já é tempo de compreendermos que Doutrina Espírita é também revelação do Céu, que desce na direção da Terra para redenção do espírito humano.

É mister considerar que a Doutrina se incorpora no mundo através do Movimento Espírita e que os espíritas somos o corpo da Doutrina Revelada por Allan Kardec, e a nós não nos cabe a mesma posição farisaica dos nossos antepassados, nem a atitude soberba e mesquinha, fraudulenta e vil daqueles que não tiveram os centros da vontade motivados pela revelação da verdade.

Espíritas! Este é um momento de alta significação para nossas vidas.

Convém mergulhar o entendimento nas fontes austeras e nobres da Revelação, para que a nossa sementeira não seja inócua, ou, quando menos, não se transforme em espezinhamento dos tesouros da verdade.

Jesus, hoje, é o mesmo Senhor de outrora, conduzindo o carro da nossa vida com a força da expressão da Sua magnitude.

É imprescindível converter o tesouro da verdade no arcabouço que revestirá a humanidade do futuro, tendo a certeza de que a mensagem do Senhor marcha pelo nosso comportamento de hoje, objetivando o porvir.

Ainda ontem nos agasalhávamos no dogma arbitrário.

Ainda ontem podíamos dizer que os nossos investimentos de amor estavam escravizados na covardia da religião que nos cerceava o intercâmbio com o mundo, para que pudéssemos viver isolados em castelos de irrealidades na busca de um céu de mentira.

Agora, a grande arena que trabalhamos é o mundo.

Já não temos mais as fronteiras, nem vislumbramos as balizas limitadas da nossa ação propagandista.

Não venhamos a dizer que estes dias não têm mais o caráter apostólico, e já não é tempo de vivermos em regime de integridade total o postulado do amor, somente porque persiste a idiossincrasia, a corrupção e a animalidade primitiva.

Foi em período semelhante a este que Jesus veio ter conosco, derramando na noite tormentosa da ignorância, o Sol clarificador da Verdade. A nós compete, nas mesmas circunstâncias, atitude consentânea ao Evangelho libertador.

Não temais companheiros.

Não receeis.

Não negaceeis.

Tende ânimo firme.

E se a chuva de fel tombar sobre a vossa cabeça, e a lama das perturbações tentar impedir a vossa marcha de servidor impertérrito da verdade, descalçai as sandálias da prepotência e do orgulho e ide, avançai de pés rasgados e de coração lanhado, porque o servidor do Cristo não encontrará o triunfo na Terra. É inútil insistir, ninguém lobriga êxito servindo a Deus e a Mamon, simultaneamente.

É necessário que uns falem línguas estrangeiras, como postulava o servidor da gentilidade; que outros profetizem; que outros imponham as mãos.

É inadiável a tarefa da propaganda sadia do Evangelho do Cristo e da Doutrina Restaurada pelos postulados do amor, para que, em verdade, possamos ser pioneiros da humanidade renovada do futuro.

Falamos do Mestre e nublamos os olhos de lágrimas.

Falamos do Evangelho e choramos de emoção ao recordar os caminhantes do pretérito remoto, que ainda brilham na retina das nossas evocações.

Mas nós, meus irmãos, que temos feito de Jesus? Que temos realizado em nome de Jesus? Até onde temos levado o consolo da Sua palavra de luz clarificadora e meridiana?

Onde buscamos o Suave Mentor das nossas vidas, apresentamos as nossas chagas ardentes. Batemos à porta da , sofridos e espezinhados, a suplicar auxílio. E, quando Jesus bate às portas dos nossos corações elas encontram-se, quase sempre, fechadas. À semelhança do caramujo, estamos ocultos a lamentar, a levantar um rol de queixas, a levantar uma diretriz vazada de imprecações e de mágoas.

E onde colocamos o otimismo da Boa Nova?

A Doutrina Espírita é sol fulgurante que mata a treva espessa.

A Doutrina Revelada é linfa preciosa para nos dessedentar demoradamente.

Tenhamos tento! Guardemos o siso. Meditemos em nossas responsabilidades.

A vida no corpo é um dia. Somos transeuntes na indumentária carnal, não nos fixemos nela.

Lembremos de que, dia chegará, em que o retorno se fará inadiável, e é mister preparemo-nos para ele.

Os Espíritos do Senhor, as vozes do Céu, a que se referia o ínclito expositor das verdades divinas, aqui estão conosco nesta manhã de luz, quais sóis rasgando as trevas da nossa teimosia e da nossa ignorância para estabelecer em definitivo o primado do espírito, colocar a ponte de redenção por onde os nossos pés possam marchar firmes na direção do reino da inefável ventura.

Enxugai o pranto da alma. Esquecei a noite, ave saudosa do meio-dia. Planai acima do pântano, qual rouxinol que saúda a madrugada, e abri o bico encantado para traduzir a melodia sublime da imortalidade, ave do céu na direção dos homens da Terra sofredores.

Esquecei a mágoa, a sombra da ingratidão, a bordoada da zombaria, o deboche da inferioridade.

Deixai à margem do caminho a peçonha da inveja, o vírus da ira, o tóxico da presunção e abri a alma a Jesus. A Jesus, meus amigos, a Jesus, o nosso perene Condutor, para que Ele nos legue a paz que perseguimos e a plenitude do amor que almejamos.

Muita paz, companheiros queridos do Paraná. Muita paz, velhos jequitibás das minhas evocações. Muita paz, irmãos da alma, é o que vos deseja, neste amplexo, o velho companheiro.


Por: Lins de Vasconcelos, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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