Ensinar, por Espíritos Diversos
Ser Integral
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Imagina-se a criatura humana ser apenas o conjunto biológico
do corpo humano. Em virtude desse grande equívoco, apega-se com demasia aos
prazeres materiais (de todas as ordens), em prejuízo da real natureza do próprio
ser. Dos excessos cometidos, do apego exagerado à vida material e do
desprestígio aos valores essenciais da existência surgem as enfermidades
físicas, psicológicas e morais, com prejuízos evidentes para si mesmo e para a
sociedade.
Os problemas da atualidade nada mais são do que conseqüência desse falso
entendimento. Imaginando-se ser exclusivamente o corpo, há uma busca desenfreada
para aproveitar o momento que passa, sem importar-se com os meios que utiliza
para obtenção daquilo que imagina o prazer maior da vida. E aí surge o
consumismo, a valorização das aparências e claro que o estremecimento da
fraternidade nas relações humanas, justamente pela preponderância do orgulho e
do egoísmo que ainda caracteriza a grande maioria dos habitantes do planeta. A
própria educação familiar, falseada nesses princípios, acaba levando o indivíduo
a valorizar o ter em detrimento do ser.
Na verdade não somos o corpo. Estamos nele. Em outras palavras, somos um ser
imortal destinado à perfeição – através de experiências evolutivas – que estagia
periodicamente em corpos de carne através das existências humanas. Este ser,
queira chamá-lo de espírito ou alma, conforme a interpretação religiosa de cada
crença, é o ser principal, o ser pensante, o comandante do corpo, e nele, o ser
principal, estão as qualidades morais e intelectuais do ser integral. Porém, há
ainda um detalhe importante: o ser principal é espiritual, incompatível com a
matéria de que é formada o corpo. Entre eles, há um terceiro elemento, que liga
ambos. Não se trata de outro ser, mas apenas de um elemento semi-material (e
que, portanto, participa da natureza de ambos), que permite o intercâmbio entre
as duas naturezas: espiritual e material. Kardec, o Codificador do Espiritismo,
denominou-o de períspirito.
O ser integral, é formado por espírito (ser pensante), corpo (instrumento
daquele) e perispírito (elo de ligação entre ambos). É por causa desse elemento
de ligação que ocorrem os fenômenos mediúnicos. Podemos, inclusive, afirmar que
este elemento é o corpo espiritual ou aparência do espírito. Sim, porque o
espírito, propriamente dito, não tem forma ou aparência. A aparência humana está
no perispírito, que inclusive molda o novo corpo numa gestação. Quando o
espírito está encarnado, ele está justaposto ao corpo. Quando está desencarnado
ou vivendo no mundo dos espíritos, ele é a forma e aparência do espírito. Por
força deste elemento de ligação, é que os atos de uma existência se refletem em
outra, por exemplo.
Por este simples entendimento, verifica-se a solidariedade entre as existências
e a necessidade do aprimoramento moral, que em última análise, está no espírito.
Extinta a vida física pelo fenômeno biológico da morte, continuamos a viver no
mundo espiritual, utilizando o perispírito, ou corpo espiritual. Os danos
causados neste corpo espiritual pelos excessos do corpo (inclusive da mente),
estarão conosco, portanto, na vida espiritual e se refletirão nas existências
futuras. Conseqüência lógica, não?
Daí a importância de se perceber a transitoriedade da vida física e priorizar os
assuntos que digam respeito à alma imortal. É de nosso próprio interesse o
contínuo aperfeiçoamento moral, o aprimoramento intelectual, porque esses jamais
se perdem. Ao invés da ilusão de acharmos que os valores materiais e os prazeres
da vida física é que são os verdadeiros. Este equívoco é a causa de tantos
transtornos enfrentados no mundo.
Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo próprio autor para publicação em nosso site
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