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O título do artigo foi a corajosa indagação que Allan Kardec dirigiu aos Espíritos Superiores na questão 683 de O Livro dos Espíritos. Digo corajosa porque muitos não gostam nem de ouvir que o trabalho é uma lei da Natureza, quanto mais conhecer os seus limites.
Afirma Joanna de Ângelis no livro “Diretrizes para o êxito”, Editora LEAL, 1a ed., pág. 82: “Entregando-se a uma existência de trabalho com exigência de horários e de devotamento, o ser humano quando se aposenta, se não transferiu a carga das horas para outro cometimento que o dignifique, descobre-se inútil, entregando-se a condutas mesquinhas e depressivas, que se transformam em tormentos para a família, quando a tem, ou para si mesmo, quando a sós.”
Chico Xavier relata no livro “Entender Conversando”, Editora IDE, 1a ed., página 141, que estando, uma determinada ocasião, com hemorragia no olho esquerdo, que apresentou problemas praticamente por toda a sua existência na Terra, ficou de cama quatro dias. Emmanuel o visitou e energicamente assim se expressou: “Que é isso, vamos trabalhar! Ter dois olhos é luxo; você tem o outro em boas condições.” Levantou-se depressa o Chico e seguiu o conselho do seu Mentor.
O querido companheiro de Mirassol, Oswaldo Cordeiro, em seu livro “Chico Xavier, Pequenas Histórias: Um Grande Homem”, editora IDEAL, 1a ed., página77, nos relata que, por volta de 1976, estando o Missionário de Uberaba passando por problemas físicos consideráveis, queixou-se para Emmanuel dizendo que o lápis estava pesado, referindo-se aos trabalhos intensos no campo da psicografia que ele realizava. A resposta de Emmanuel, mais uma vez, foi característica: “Quanto pesa o seu garfo?”
Fico a pensar o que a nobre Entidade teria a dizer no meu caso pessoal, caso se dignasse a identificar a minha figura inoperante...

Proposta de ano novo

Do pouco exposto, é válido concluir que é indispensável iniciarmos o ano novo com propostas íntimas diferentes, onde a desculpa para assumirmos tarefas no campo da abençoada Doutrina Espírita, abra espaço para o compromisso com o trabalho.
Quantas pessoas buscam o socorro da espiritualidade nas horas difíceis e diante da menor dor que lhe visita o corpo, pensa estar na posse de um salvo conduto para não comparecer a uma palestra espírita do orador que visita a nossa cidade?
Quantas outras, ao menor aceno da possibilidade da chuva necessária, recolhem-se de retorno para o interior do lar fugindo ao compromisso assumido nas atividades espíritas?
Outras então, se o termômetro cai 2 ou 3 graus, refugiam-se nos agasalhos como se neles amordaçassem indefinidamente a consciência na fuga aos deveres adredemente assumidos.
Quantas promessas de tarefas mediúnicas abençoadas não são devoradas pela vaidade, pelo orgulho ou pelo ciúme no ambiente dessas atividades, mesmo recebendo alertas constantes dos Benfeitores espirituais contra esses males íntimos?
Quantos lares não são desfeitos porque nos negamos a trabalhar pela paz com as armas da renúncia, da compreensão e do perdão, julgando-nos, mesmo assim, no direito de criticar as guerras que mancham a história da humanidade?
Quantas lágrimas não são consoladas porque nos instalamos nas cômodas poltronas da preguiça dos dias que se escoam inexoráveis diante de novelas chulas, de festas destinadas à satisfação dos desejos materiais, da conversa improdutiva, do perigoso “matar o tempo”?

Imensas possibilidades

O que temos produzido no campo do bem com dois olhos perfeitos, duas mãos que carregam de maneira fácil o “garfo pesado”, ouvidos que escutam bem a fofoca vazia de utilidade e repleta de perigos, de pernas sadias e da voz que está sempre presente a pedir o socorro aos Espíritos Amigos, mas que emudece na hora de necessárias palavras de consolo ao desesperado?
Que tal iniciarmos o novo ano levantando-nos da paralisia da preguiça para o trabalho no bem, saindo da morte em vida para a vida sem morte por amor ao trabalho, a partir de agora? “Meu Pai obra até agora, e eu trabalho também.” — (João, 5:17)
Lembra-nos Emmanuel no livro “Caminho, Verdade e Vida”, 9a ed. da FEB: Para que saibamos honrar nosso esforço, referiu-se (Jesus) ao Pai que não cessa de servir em sua obra eterna de amor e sabedoria e à sua tarefa própria, cheia de imperecível dedicação à Humanidade.
Quando te sentires cansado, lembra-te de que Jesus está trabalhando. Começamos ontem nosso humilde labor e o Mestre se esforça por nós desde quando?”


Por: Ricardo Orestes Forni - RIE, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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