Ensinar, por Espíritos Diversos
Só as Obras Definem o Verdadeiro Cristão
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“Assim também a fé, sem obras, é morta em si mesma.” Tiago, Cap.2. V.17
É muito comum, ouvirmos de amigos que pertencem a outras correntes religiosas, de visão bem diferente da nossa, certas interpretações das mensagens do Evangelho de Jesus, que às vezes ficamos a nos perguntar intimamente: será que estamos interpretando os mesmos ensinamentos do nosso Mestre Jesus? Ou será que estamos falando de personalidades distintas?
Entre tantas interpretações diferentes, uma nos salta aos sentidos, justamente aquela em que os nossos amigos afirmam que pela simples aceitação de Jesus no coração do indivíduo, ele estará livre dos seus pecados, apagando definitivamente todos os seus possíveis débitos para com a Justiça Divina,
fazendo jus daí por diante de conquistar sua salvação tão sonhada, e, por essa
mesma razão, também poderá considerar-se quite com as Leis e os desígnios do Pai
Celestial, pois que assim procedendo, estará em consonância com todos os seus
deveres de Cristão.
Aí é que começam as minhas íntimas inquirições, inicialmente pergunto; ao
aceitar o Mestre de Nazaré em seu coração, não estará mais comprometido com
Jesus esse indivíduo que confessa aceitá-lo? Não estará ele decidindo e se
comprometendo por seguir os seus ensinamentos? Se assim for, como não atentar
para o fato de que Jesus resumiu as Leis e os Profetas em 2 únicos mandamentos,
“amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”? Não estão
contidos nesses dois mandamentos todos os deveres do homem para com o próximo,
com a vida e com Deus? Como buscar a “salvação” esquecendo a desgraça causada ao
semelhante?
Não foi Jesus quem recomendou: “Reconciliai-vos o mais depressa possível com o
vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos
entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais
metido em prisão. - Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não
houverdes pago o último ceitil. (S.Mateus, Cap. V. vv 25 e 26)”. ¹
Não consta de seu Evangelho, a resposta que deu aos Fariseus sobre “O mandamento
maior”?
O Evangelho Segundo o Espiritismo, que tanto eles contestam e combatem, nos
apresenta esta passagem de Jesus que não pode ser simplesmente esquecida ou
desprezada como se não existisse, conforme segue:
“Os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca dos saduceus, reuniram-se; e um
deles, que era doutor da lei, para o tentar, propôs-lhe esta questão: - “Mestre,
qual o mandamento maior da lei?” - Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e
o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu
próximo, como a ti mesmo. - Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses
dois mandamentos.” (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.)
2. Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que
consistem a lei e os profetas. (Idem, cap. VII, v. 12.)
Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem. (S. LUCAS, cap.
VI, v. 31.)” ²
A Doutrina Espírita nos esclarece ainda mais a esse respeito, quando nos afirma:
“Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os
deveres do homem se resumem nesta máxima: Fora da caridade não há salvação.” (O
Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. XV, itens 8 e 9) ³
No Capítulo XVIII, item 16, do citado Evangelho, os Espíritos Superiores nos dão
as instruções de que necessitamos para entender que não nos basta apenas falar
esta ou aquela palavra “milagrosa”, e nem mesmo a simples demonstração de
arrependimento, mesmo que sincera, pois, o mal já foi feito e conseqüentemente
terá seus desdobramentos, que só com a sua total reparação, é que
verdadeiramente estaremos nos harmonizando com as sábias e perfeitas Leis de
Deus, contidas em nossa consciência culpada.
Prestemos, portanto, bastante atenção no referido item que a seguir
transcrevemos: "Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos
céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus."
Escutai essa palavra do Mestre, todos vós que repelis a Doutrina Espírita como
obra do demônio. Abri os ouvidos, que é chegado o momento de ouvir.
Será bastante trazer a libré do Senhor, para ser-se fiel servidor seu? Bastará
dizer: "Sou cristão", para que alguém seja um seguidor do Cristo? Procurai os
verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras. "Uma árvore boa não
pode dar maus frutos, nem uma árvore má pode dar frutos bons." - "Toda árvore
que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo." São do Mestre essas
palavras. Discípulos do Cristo, compreendei-as bem! Que frutos deve dar a árvore
do Cristianismo, árvore possante, cujos ramos frondosos cobrem com sua sombra
uma parte do mundo, mas que ainda não abrigam todos os que se hão de grupar em
torno dela? Os da árvore da vida são frutos de vida, de esperança e de fé. O
Cristianismo, qual o fizeram há muitos séculos, continua a pregar essas virtudes
divinas; esforça-se por espalhar seus frutos, mas quão poucos os colhem! A
árvore é boa sempre, porém maus são os jardineiros. Entenderam de moldá-la pelas
suas idéias; de talhá-la de acordo com as suas necessidades; cortaram-na,
diminuíram-na, mutilaram-na; tomados estéreis, seus ramos não dão maus frutos,
porque nenhuns mais produzem. O viajor sedento, que se detém sob seus galhos à
procura do fruto da esperança, capaz de lhe restabelecer a força e a coragem,
somente vê uma ramaria árida, prenunciando tempestade. Em vão pede ele o fruto
de vida à árvore da vida; caem-lhe secas as folhas; tanto as remexeu a mão do
homem, que as crestou. Abri, pois, os ouvidos e os corações, meus bem-amados!
Cultivai essa árvore da vida, cujos frutos dão a vida eterna. Aquele que a
plantou vos concita a tratá-la com amor, que ainda a vereis dar com abundância
seus frutos divinos. Conservai-a tal como o Cristo vo-la entregou: não a
mutileis; ela quer estender a sua sombra imensa sobre o Universo: não lhe
corteis os galhos. Seus frutos benfazejos caem abundantes para alimentar o
viajor faminto que deseja chegar ao termo da jornada; não amontoeis esses
frutos, para os armazenar e deixar apodrecer, a fim de que a ninguém sirvam.
"Muitos são os chamados e poucos os escolhidos." É que há açambarcadores do pão
da vida, como os há do pão material. Não sejais do número deles; a árvore que dá
bons frutos tem que os dar para todos. Ide, pois, procurar os que estão
famintos; levai-os para debaixo da fronde da árvore e partilhai com eles do
abrigo que ela oferece. - "Não se colhem uvas nos espinheiros." Meus irmãos,
afastai-vos dos que vos chamam para vos apresentar as sarças do caminho, segui
os que vos conduzem à sombra da árvore da vida.
O divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas palavras não passarão:
"Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; entrarão
somente os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus."
Que o Senhor de bênçãos vos abençoe; que o Deus de luz vos ilumine; que a árvore
da vida vos ofereça abundantemente seus frutos! Crede e orai. - Simeão.
(Bordéus, 1863.) 4
Por essas e outras razões, é que a cada dia, mais me certifico da excelência da
Doutrina Espírita, pois, em tudo que nos ensina solicita-nos raciocinar, para
não nos deixar arrastar por teorias infundadas e ilógicas, que não levem em
conta as lições ministradas por Jesus e contidas em seu Evangelho de Luz ao
nosso inteiro dispor, esclarece-nos por fim que: “Fé inabalável só o é a que
pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”.
Bibliografia:
1) Kardec Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, FEB, 112 edição, Cap. X,
item 5.
2) Idem idem, Cap. XI, itens 1 e 2.
3) Idem, idem, Cap. XV, itens 8 e 9.
4) Idem, idem, Cap. XVIII, item 16.
Por: Francisco Rebouças, Texto enviado pelo próprio autor para publicação em nosso site
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