Ensinar, por Espíritos Diversos
Ao Companheiro Espírita
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Afirma Allan Kardec "que se reconhece o verdadeiro espírita por sua
transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as tendências
inferiores".
Quem se transfigura por dentro, no entanto, pensa por si e quem raciocina por si
desata as amarras dos preconceitos e escala renovações, no rumo do conhecimento
superior pelas vias do espírito.
É por isso que o raciocínio claro te arrancou ao ninho da sombra.
Não mais para nós o claustro nebuloso da fé petrificada em que se nos
desenvolvia o entendimento, em multimilenária gestação.
Cessou para nós a nutrição mental por endosmose, no bojo dos pensamentos
convencionais.
Todavia, porque te transferes incessantemente de nível, quase sempre, despertas
no mais doloroso tipo de solidão - a solidão dos que trabalham no mundo, a
benefício do mundo, mas desajustados no mundo, sem que o mundo os reconheça.
Falas - e freqüentemente, as tuas palavras voam sem eco.
Ages - as tuas ações nobres sofrem, não raro, o menosprezo dos mais queridos.
Emancipas a própria alma - escravizando-te a deveres maiores.
Auxilias - desdenhado.
Compreendes - desdenhado.
Trabalhas - padecente.
Edificas - por entre lágrimas.
Consola - e vergastam-te os sentimentos.
Cultivas o bem - e arrasam-te o campo.
Urge perceber, porém, que quantos consomem as próprias energias, na exaltação do
bem, se fazem clarão, e aos que se fazem clarão as sombras não mais oferecem
lugar em meio delas.
Segue, assim, trilha adiante, erguendo a luz para que as trevas não amortalhem,
indefinidamente, os valores do espírito.
Se temes a extensão das dificuldades, reflete na semente, a morrer em refúgio
anônimo para que a vida se garanta; mas, se o exemplo de um ser pequenino te não
satisfaz, medita no ensinamento do maior e mais glorioso espírito que já pisou
caminhos terrestres.
Ele também transitou, na estância dos homens, sem pouso certo. Para nascer,
socorreu-se da hospitalidade dos animais; enquanto esteve diretamente no mundo,
não reteve uma pedra em que resguardar a cabeça; transmitiu a sua mensagem
libertadora em recintos de empréstimos e, em vista das sombras não lhe
suportarem as eternas fulgurações, já que não poderiam devolvê-lo ao Céu e nem
lhe desejavam a presença, junto delas, no chão, deram-se pressa em suspendê-lo
na cruz, para que se extinguisse, entre um e outro. Ele, no entanto, não se
agastou, de leve, e qual ocorre à semente que regressa da retorta escura a que
foi relegada, convertendo abandono em pão redivivo, Jesus também, ao terceiro
dia, contado sobre o desprezo extremo, voltou, em plenitude de amor, e ao
transformar sacrifício em luz renascente, retomou a construção da concórdia e da
fraternidade, na Terra, afirmando aos companheiros fracos e espantados:
- "A paz seja convosco."
Por: Emmanuel, Do Livro: Opinião Espírita. Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
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