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Em plena cova escura,
Desce a mão generosa
Do operário do pão...

Enquanto se faz ele
Condutor da semente,
Recebe sobre o rosto
Os borrifos do charco.

E vermes asquerosos
Que residem no pântano
Atiram-se-lhe aos dedos,
Tentando corromper-lhe
O sangue nobre e puro.

Mas, longe de temer
Os golpes da maldade,
Enxuga, forte e humilde,
Os salpicos de lama...
E, suando, a cantar,
Prossegue em seu trabalho,
Porque sabe e confia
Que a semente, amanhã,
Será beleza e flor,
Ramaria e alimento,
Para a vida abundante
A estender-se na Terra...
Assim, também no mundo,
Se procuras plantar,
No campo da virtude,
Sofrerás, com certeza,
Os assédios do mal,
Através da calúnia,
Da miséria ou da sombra!...

O lodo não perdoa
Quem lhe arremessa luz
Aos abismos do seio...
Mas, se tens clara ,
Na grandeza do bem,
Cultiva, sem cessar,
A bondade fraterna
E o futuro feliz
Bendirá teu concurso,
Descerrando-te ao ser,
Largo e lindo horizonte,
Em cuja glória excelsa,
Encontrarás caminho,
Ditoso e resplendente,
Para o retorno ao Lar
Da Alegria Sem fim...


Por: Rodrigues de Abreu, Do livro: Relicário de Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier


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