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O melindre – filho do orgulho – propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral.

Assim, quando o espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa libertadora em que se consola e esclarece.

O melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, ao invés de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má-vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma.

Evitemos tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser.

Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo:

É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente desprestigiado, não mais comparecendo às assembleias.

O médium advertido construtivamente pelo condutor da sessão, quanto à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugindo às reuniões.

O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o volume da voz e que se amua na inutilidade.

O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e que se supõe menosprezado, encerrando atividades na imprensa.

A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença.

O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-se infantilmente injuriado.

O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de agradecimento e surge magoado, esquivando-se a nova cooperação.

O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com respeito ao comportamento do filho, e que, por isso, se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança.

O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência.

A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a própria subsistência.

O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de
reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo.

O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo.

Devemos perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir.

A rigor, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém?

Somos sempre auxiliados.

Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente.

Todos nós aí comparecemos, antes de tudo, para receber, sejam quais forem as circunstâncias.

Fujamos à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranquilidade da consciência, sustentada pelo dever cumprido.

Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém.

Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias.

E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos...


Por: Caibar Schutel, Do livro: O Espírito da Verdade, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira


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