Ensinar, por Espíritos Diversos
Como Todo Amor
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Era sim. Eu era a teimosia em pessoa.
Lembra-se, Mãezinha, de quando me ocultava para fugir de você?
Escutava seus gritos, suas palavras ternas:
- “Venha cá. Mamãe está chamando...”
Ouvia tudo e arrancava-me para longe.
E quando me achava de novo em casa era bastante que o seu olhar indagador me
fitasse para que me pusesse a agredir:
- “Você, Mamãe, não me entende... Nunca entendeu... Nada. Quero viver minha vida
que é diferente da sua. Deixe-me em paz...”
Percebia que os seus olhos se erguiam para mim, molhados de lágrimas que não
chegavam a cair, sem qualquer palavra de reprovação ou de queixa.
Hoje que a experiência me renovou, creio que o seu silêncio devia ser uma
conversa com Deus a meu respeito, que eu não procurava, nem queria compreender.
Agora, porém, anseio confessar que todas as minhas frases tocadas de aspereza e
de ingratidão eram mentira pura.
Por que passaria tanto tempo sem que eu lhe dissesse isto?
Em verdade, nunca encontrei um amor igual ao seu.
A vida nos separou com a rudeza da tesoura que corta um ramo florido da árvore
em que nasceu. Qual sucede à flor arrebatada aos braços da fronde, muitos
disseram que eu ia para a festa...
Entretanto, de todas as festas a que o mundo me conduziu, sempre me retirei com
mais sede da sua ternura, da sua ternura transitoriamente perdida.
Seu amor está em meu coração, como a vida que se entranha em minhalma. Seus
gestos de carinho permanecem comigo como estrelas no céu noturno.
Perdoe-me pelas cruzes de aflição que dependurei no seu peito, mas ouça.
Mãezinha!... Deus não permitirá que o seu sacrifício tenha sido em vão.
Venho beijar-lhe os cabelos que a prata do tempo começou a enfeitar de luz e, ao
rever-me no espelho cristalino do seu olhar, observo quanto mudei!...
Ampare-me, não me abandone!... E se posso pedir alguma cousa com o pranto de meu
reconhecimento, rogo incline o ouvido para os meus lábios. Anseio revelar um
segredo... Unicamente entre nós. Você e eu...
Isto agora é tudo quanto quero falar:
- Você, Mamãe, sempre me compreendeu... Sei agora que nunca nos separamos.
Abrace-me... Está sentindo? Meu coração está pulsando pelo seu coração...
Abrace-me... Mais ainda!... Tenho fome do seu amor... Abençoe-me, ensine-me a
conversar também com Deus e deixe que eu diga que nunca serei feliz sem você.
Por: Maria Dolores, Do livro: Os Dois Maiores Amores, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos
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