Ensinar, por Espíritos Diversos
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Meu caro M...
Indagando como interpretam os Espíritos o problema da guerra atômica, em tese'>síntese
você pergunta como apreciamos nós, os desencarnados que tanto nos agarramos ao
Evangelho de Jesus, a evolução da técnica científica no plano dos homens, e, sem
pestanejar, devo dizer-lhe que o progresso da inteligência, na Terra de hoje, é
realmente enorme.
Quem diria, no limiar deste século, que o mundo seria conduzido às facilidades
que atualmente lhe favorecem a vida?
Poderosas embarcações aéreas cruzam o espaço, com velocidade supersônica, e
transatlânticos, figurando cidades, flutuam no mar, eliminando as distâncias.
O turista viaja de um pólo a outro mais facilmente que um de nossos antepassados
quando se locomovia de sua taba para a maloca vizinha. Pela onda radiofônica, um
repórter instalado no Rio ouve uma informação de Tóquio com mais segurança que
uma resposta verbal que lhe desfechemos no ouvido entre quatro paredes, e, pelos
prodígios da televisão, a família não precisa ausentar-se do conforto mais
íntimo, para seguir, com atenção, os grandes eventos públicos.
No campo da Medicina, o avanço é surpreendente. Até o coração já foi abordado
com êxito por instrumentos operatórios.
Entretanto, meu amigo, punge-nos observar o atraso do sentimento quando
comparado ao raciocínio.
Quase sempre, o engenheiro que constrói pontes admiráveis, solucionando
aflitivos problemas do trânsito, não sabe caminhar pacificamente dentro de casa.
Há cirurgiões exímios que subtraem a úlcera duodenal e extirpam o câncer,
ignorando como fazer a oclusão de um desgosto doméstico. Temos estudiosos que
analisam a posição de galáxias remotas, de acordo com os últimos apontamentos de
Palomar, e não conseguem ver a necessidade de amor na residência que lhes é
própria. Encontramos viajantes que excursionam pela Terra inteira, despendendo
milhões, e desconhecendo como viver em paz no domicílio em que nasceram.
Vocês dispõem de especialistas de todos os gêneros.
Há quem idealize arranha-céus, edificando-os sem dificuldade, há quem invente
máquinas, as mais diversas, desde o trator pesado que derruba montanhas ao
pequenino aparelho de cortar ovos, e há. quem conduza a eletricidade aos menores
recantos da vida, oferecendo repouso aos braços ; contudo, não se sabe ainda
como resolver as desarmonias da parentela, os enigmas das paixões animalizantes,
as aflições do tédio, as predisposições ao suicídio e as aberrações da vaidade.
As rixas de marido e mulher, as bocas maldizentes, a desilusão com os amigos, a
ingratidão de muitos jovens e a rabugice de muitos velhos são chagas morais, são
deprimentes no século XX como na época recuada dos faraós.
E penso, então, como seria importante a criação de máquinas que nos dessem juízo
e equilíbrio, honestidade e paciência, discernimento e vergonha.
Entretanto, meu caro, semelhantes valores não são adquiríveis com alumínio ou
aço, ouro ou ferro, soro de macaco ou terramicina. Constituem talentos do
Espírito que é preciso conquistar ao preço de nosso próprio esforço. Assim
sendo, não vale subir à estratosfera e descer ao abismo oceânico, alardeando o
orgulho vão de quem domina por fora, derrotado por dentro.
É por isso que nós, os Espíritos desencarnados, conscientes dos próprios débitos
e das próprias fraquezas, nos apegamos com tanto ardor ao Cristo vivo, o doador
da imortalidade vitoriosa, porque, para nós, antes de tudo, importa melhorar o
coração e aprender a viver.
Por: Irmão X, Do livro: Cartas e Crônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier
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