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Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos.

Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.

Uma língua perfeita, em que cada idéia tivesse a sua representação por um termo próprio, evitaria muitas discussões; com uma palavra para cada coisa todos se entenderiam.

A Doutrina Espírita, como toda novidade, tem seus adeptos e seus contraditores.

... a maior parte das objeções que fazem à doutrina provêm de uma observação incompleta dos fatos e de um julgamento formado com muita ligeireza e precipitação.

... para conhecer essas leis é necessário estudar as circunstâncias em que os fatos se produzem e esse estudo não pode ser feito sem uma observação perseverante, atenta, e por vezes bastante prolongada.

Ninguém havia então pensado nos Espíritos como um meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. Fazem-se tese'>hipóteses freqüentemente nas Ciências exatas para se conseguir uma base ao raciocínio; mas neste caso não foi o que se deu.

A cesta ou a prancheta não podem ser postas em movimento senão sob a influência de certas pessoas, dotadas para isso de um poder especial e que se designam pelo nome de médiuns, ou seja, intermediários entre os Espíritos e os homens.

Os Espíritos exercem sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico uma ação incessante.

Os bons Espíritos nos convidam ao bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação;

Os Espíritos superiores gostam das reuniões sérias em que predominem o amor do bem e o desejo sincero de instrução e de melhoria. Sua presença afasta os Espíritos inferiores...

... as comunicações sérias, na perfeita acepção do termo, não se verificam senão nos centros sérios, cujos membros estão unidos por uma íntima comunhão de pensamentos dirigidos para o bem.

... cada um de nós deve tornar-se útil segundo as faculdades e os meios que Deus nos colocou nas mãos para nos provar; que o Forte e o Poderoso devem apoio e proteção ao Fraco, porque aquele que abusa da sua força e do seu poder para oprimir o seu semelhante viola a lei de Deus.

... não há faltas irremissíveis, que não possam ser apagadas pela expiação.

Quando a Ciência sai da observação material dos fatos e trata de apreciá-los e explicá-los, abre-se para os cientistas o campo das conjecturas: cada um constrói o seu sistemazinho, que deseja fazer prevalecer e sustenta encarniçadamente.

Na ausência dos fatos, a dúvida é a opinião do homem prudente.

As ciências comuns se apóiam nas propriedades da matéria, que pode ser experimentada e manipulada à vontade; os fenômenos espíritas se apóiam na ação de inteligências que têm vontade própria e nos provam a todo instante não estarem submetidas ao nosso capricho. As observações, portanto, não podem ser feitas da mesma maneira, num e noutro caso. No Espiritismo elas requerem condições especiais e outra maneira de encará-las: querer sujeitá-las aos processos ordinários de investigação, seria estabelecer analogias que não existem. A Ciência propriamente dita, como Ciência, é incompetente para se pronunciar sobre a questão do Espiritismo: não lhe cabe ocupar-se do assunto e seu pronunciamento a respeito, qualquer que seja, favorável ou não, nenhum peso teria.

...o Espiritismo repousa inteiramente sobre a existência da alma e o seu estado após a morte.

.. o Espiritismo não é da alçada da Ciência.

O homem que considera a sua razão infalível está bem próximo do erro;

...o estudo de uma doutrina como a espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova e grande, não pode ser feito proveitosamente senão por homens sérios, perseverantes, isentos de prevenções e animados de uma firme e sincera vontade de chegar a um resultado.

O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá.

Quem quer adquirir uma Ciência deve estudá-la de maneira metódica, começando pelo começo e seguindo o seu encadeamento de idéias.

Se desejamos aprender com eles (os Espíritos superiores), temos de seguir-lhes o curso; mas, como entre nós, é necessário escolher os professores e trabalhar com assiduidade.


Aos olhos de toda pessoa judiciosa, a opinião dos homens esclarecidos que viram determinado fato por longo tempo e o estudaram e meditaram será sempre uma prova ou pelo menos uma presunção favorável, por ter podido prender a atenção de homens sérios que não tinham nenhum interesse em propagar erros, nem tempo a perder com futilidades.

...os próprios Espíritos ensinam que não são iguais em conhecimentos, nem em qualidades morais, e que não se deve tomar ao pé da letra tudo o que dizem. Cabe às pessoas sensatas separar o bom do mau.

...jamais dissemos que esta Ciência seja fácil nem que se possa aprendê-la brincando, como também não se dá com qualquer outra Ciência. Nunca será demais repetir que ela exige estudo constante e quase sempre bastante prolongado.

... o verdadeiro espírita olha as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, em face do futuro que o aguarda; a vida é para ele tão curta, tão fugitiva, que as tribulações não lhe parecem mais do que incidentes desagradáveis de uma viagem.

"Vede e observai, porque seguramente ainda não vistes tudo"´

A Ciência Espírita contém duas partes: uma experimental, sobre as manifestações em geral; outra filosófica, sobre as manifestações inteligentes. Quem não tiver observado senão a primeira estará na posição daquele que só conhecesse a Física pelas experiências recreativas, sem haver penetrado na Ciência. A verdadeira Doutrina Espírita está no ensinamento dado pelos Espíritos, e os conhecimentos que esse ensinamento encerra são muito sérios para serem adquiridos por outro modo que não por um estudo profundo e continuado, feito no silêncio e no recolhimento.

Apliquemos este raciocínio a outra ordem de idéias. Se observamos a série dos seres percebemos que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais inteligente. Mas, entre o homem e Deus, que são o alfa e o ômega de todas as coisas, que imensa lacuna! Será razoável pensar que seja o homem o último anel dessa cadeia? Que ele transponha, sem transição, a distância que o separa do infinito? A razão nos diz que entre os mundos conhecidos devia haver outros mundos. Qual a filosofia que preencheu essa lacuna? O Espiritismo no-la apresenta preenchida pelos seres de todas as categorias do mundo invisível, e esses seres não são mais que os Espíritos dos homens nos diferentes graus que conduzem à perfeição. E assim tudo se liga, tudo se encadeia, do alfa ao ômega.



Allan Kardec, no O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Conclusão, cap. I

Pois bem! Sabei, vós que não credes senão no que pertence ao mundo material, que dessa mesa, que gira e vos faz sorrir desdenhosamente, saiu uma ciência, assim como a solução dos problemas que nenhuma filosofia pudera ainda resolver. Apelo para todos os adversários de boa- e os adjuro a que digam se se deram ao trabalho de estudar o que criticam. Porque, em boa lógica, a crítica só tem valor quando o crítico é conhecedor daquilo de que fala. Zombar de uma coisa que se não conhece, que se não sondou com o escalpelo do observador consciencioso, não é criticar, é dar prova de leviandade e triste mostra de falta de critério. Certamente que, se houvéssemos apresentado esta filosofia como obra de um cérebro humano, menos desdenhoso tratamento encontraria e teria merecido as honras do exame dos que pretendem dirigir a opinião. Vem ela, porém, dos Espíritos. Que absurdo! Mal lhe dispensam um simples olhar. Julgam-na pelo título, como o macaco da fábula julgava a noz pela casca.

Fazei, se quiserdes, abstração da sua origem. Suponde que este livro ( O LIVRO DOS ESPÍRITOS) é obra de um homem e dizei, do íntimo e em consciência, se, depois de o terdes lido seriamente, achais nele matéria para zombaria.



Material Estruturado por Élio Miolo


Por: Allan Kardec, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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