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Na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, a televisão mostrava um jovem singular.
Portador de enfermidade degenerativa, estava no leito há mais de 13 anos, paralisado, na mesma posição.
O apresentador lhe fez a última pergunta para encerrar o programa. Pediu-lhe que, em um minuto, definisse o que é a felicidade.
O rapaz sorriu, pensou um pouco, e respondeu com simpatia: “olha, amigo, para mim, que estou há tantos anos deitado de costas nesta cama, sem outro movimento a não ser o dos lábios e dos olhos, a felicidade seria poder deitar um pouco de bruços ou então de lado.”
Ambos riram e a entrevista foi encerrada.
No dia seguinte o jovem paralítico recebeu a visita de uma senhora, na casa onde estava hospedado.
Ela estava um tanto inquieta, desejava falar-lhe com certa urgência, antes que ele se fosse da cidade, pois não residia em Uberlândia.
Convidada pelos anfitriões, a senhora acercou-se da cama móvel do rapaz e disse emocionada:
Eu assisti ontem a sua entrevista na TV, e gostaria de lhe dizer que você me fez ver a vida de forma diferente.
Estava, já há algum tempo, enfrentando séria crise existencial...
Tenho uma vida que considero dentro dos padrões de normalidade. Sou saudável e tenho uma situação financeira satisfatória, mas nos últimos tempos viver não tem mais sentido.
E embora aparentemente tenha tudo para ser feliz, desejava por um fim nessa vida vazia que levo.
Mas quando vi você nessa cama, viajando pelo Brasil afora levando esperança e consolo às pessoas que sofrem, comecei a refletir com mais seriedade sobre a vida.
Afinal, pensei, eu posso dormir na posição que deseje, mover-me para o lado que quiser, andar, correr, saltar, e por esse motivo eu já deveria ser mais feliz que você, não é mesmo?
O rapaz dialogou com ela por mais alguns minutos, contou-lhe casos engraçados da sua própria desgraça e ambos riram muito.
A senhora se foi, e o jovem, carcereiro de um corpo deformado, ficou meditando a respeito de como Deus é justo e misericordioso.
De como lhe havia concedido a oportunidade de, com o seu exemplo, confortar e consolar outras pessoas que perderam a vontade de viver, e, ao mesmo tempo, iluminar a própria intimidade com resignação e coragem.
Ele sentia, nas profundezas do seu ser, que estava recebendo conforme suas obras, como afirmara Jesus, mas tinha a vontade rrea de espalhar sementes boas, apesar das dificuldades e limitações físicas.
Seja qual for a situação não há o que lamentar, pois todos estamos em processos de aprendizados valiosos que não merecem ser desperdiçados nem lamentados.


Por: Jerônimo Mendonça, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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