Ensinar, por Espíritos Diversos
Entrevista com Divaldo Franco
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Entrevista Divaldo
Maringá – 05.04.05
Entrevista concedida por Divaldo Pereira Franco, para o programa “O Espiritismo
Responde”, apresentadora Ivone Schuchuli, da cidade de Maringá, em 05 de abril
de 2005.
Programa O Espiritismo Responde: Recentemente a opinião pública esteve dividida
em uma situação envolvendo a eutanásia. A principal justificativa é evitar o
sofrimento da pessoa e até evitar gastos para a família. Qual é a posição
espírita?
Divaldo: A posição espírita encontra-se definida no Evangelho Segundo o
Espiritismo, bem como em O Livro dos Espíritos , ambos de autoria de Allan
Kardec. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo foi interrogado ao Espírito São
Luís: “É licito abreviar a vida de alguém que se encontra em padecimentos
terminais?” Ele foi peremptório : “De maneira nenhuma, porquanto esses momentos
terminais são de alto significado para o Espírito porque pode mesmo
arrepender-se de equívocos do passado, completar o período de vida que lhe falta
para encontrar a plenitude. E também, ainda neste capitulo, o Espírito Protetor
volta ao tema, quando a questão da eutanásia ainda não se encontrava, pelo
menos, com este alcance da atualidade. Em outra oportunidade o Espírito Santo
Agostinho analisando o Mal e o Remédio, estabelece também quanto à necessidade
de preservar a vida. Partindo-se do ponto de vista científico, a função da
medicina não é evitar a morte. Segundo os melhores especialista, é prolongar a
vida. Logo, se a tecnologia médica dispõe de recursos para prolongar a vida, por
que restringi-la? Ora por piedade, ora por processo de natureza socioeconômica,
naturalmente o prolongamento de um paciente em máquinas, particularmente nas
grandes metrópoles, é muito caro. Mas se o indivíduo não tem recursos é uma
justificativa para que ele deixe de contribuir, mas não para que lhe solicitem a
eutanásia. Cabe aos hospitais públicos darem prosseguimento a esse mister. No
caso em que dividiu a opinião pública na atualidade em todo o mundo, o de Terry
Skiavo, nota-se uma frieza muito grande, quando a Suprema Corte dos USA confirma
o resultado das Cortes de Nova Jersey e também da Flórida, que permitem que ela
tenha os aparelhos desligados para morrer à fome e à sede. O Espiritismo é
terminantemente contrário a qualquer instrumento que leve à morte. Não temos o
direito de interromper uma vida da qual nós não somos criadores.
Programa O Espiritismo Responde: Foram quase 300 mil mortos no Tsunami. Trata-se
de carma coletivo? Todas aquelas pessoas teriam que passar por aquela situação?
Divaldo: Não necessariamente através de um Tsunami, de um terremoto, de uma
erupção vulcânica. Allan Kardec teve ocasião de examinar essa problemática,
quando em O Livro dos Espíritos ele estuda a Lei de Destruição. Periodicamente
esses cataclismos que varrem a Terra, que destroem milhares de vidas, primeiro,
porque fazem parte do processo de transformação do nosso globo terrestre,
constituído por placas tectônicas, que ainda encontram-se adaptando. Sendo o
centro da Terra ainda de matéria liquefeita e de gases, é natural que aquelas
partes já condensadas estejam com muitas falhas entre uma grande placa e outra.
Foi lamentável e doloroso acompanhar essa morte coletiva. Mas ela estava dentro
dos desígnios divinos, porque do ponto de vista espírita é secundária a maneira
pela qual o indivíduo morre, seja durante uma gripe, uma parada cardíaca, um
acidente, a morte é a mesma, ela é muito mais dolorosa para que fica, para quem
acompanha. Estamos diante de um carma coletivo como outros tantos carmas, que
periodicamente varrem a Terra a fim de despertar-nos para mudança da psicosfera
do planeta. Se considerarmos o homem contemporâneo das estrelas e das
micropartículas, veremos que muitas das suas atitudes são tão primitivas como a
dos bárbaros das antigas florestas ou das tribos nômades que invadiram a Europa,
os godos, os visigodos, os normandos, que salgavam a terra por onde passavam
para que sequer a grama vingasse. Então, esses Espíritos reencarnam-se em grupos
e são convidados, em grupos, para o resgate coletivo.
Programa O Espiritismo Responde: E com relação às pesquisas no campo das células
tronco, dos embriões congelados, há divergências entre a opinião da ciência e a
da religião. O que você nos diz sobre essa questão?
Divaldo: Quando for possível fazer uma ponte entre ciência e religião, fica
muito mais fácil. A tarefa da ciência, indubitavelmente, é pesquisar. Se a
ciência tivesse limites, hoje nós não teríamos a tecnologia de ponta que nos
facilita tanto a comunidade, inclusive o prolongamento da vida. Mas, nessa busca
da investigação científica, às vezes alguns pesquisadores exorbitam. Toda vez,
quando a vida corre ameaça, é compreensível que haja uma bioética. As grandes
nações trabalham isto e o Brasil também, para que se estabeleça uma bioética.
Nem tudo deve ser permitido na área da investigação. Houve momentos muito
dolorosos na recente história dos USA, quando se fizeram pesquisas a respeito da
sífilis, tomando pacientes negros e pacientes brancos para ver como reagiam ao
processo degenerativo da enfermidade. E, ao invés de aplicarem medicamentos para
os negros igual aos que davam para os brancos, aos negros davam placebo, a fim
de ver como a sífilis ira destrui-los, e isso no século XX, mais ou menos na
segunda metade, o que foi um clamor que ainda hoje repercute muito mal na imagem
dos direitos humanos da grande parte norte-americana. No caso das células
tronco, a Doutrina Espírita, na sua visão religiosa, é totalmente favorável.
Toda e qualquer pesquisa que objetive o progresso, a diminuição das dores, a
mudança de situação da criatura, é válida, mas para tanto é necessário respeitar
a vida que está em processo de desenvolvimento. A ciência constatou que vários
organismos possuem a célula tronco: o cordão umbilical, a placenta, a medula
óssea do próprio paciente, não com a mesma fertilidade daquelas células de 21
dias do zigoto, que estão ricas de possibilidades para moldar os futuros órgãos.
No dia em que a ciência conseguir adaptar a sua busca e o seu projeto,
preservando a vida, nós aplaudiremos, como também no caso daqueles que estão
adormecidos, dos óvulos fecundados, e que se encontram em depósito nos grandes
laboratórios; segundo a ciência eles devem ter uma prevalência de
aproximadamente cinco anos. A partir de então é provável que já não tenham mais
possibilidades de fecundar. E, se não tiverem mais possibilidades de fecundar, é
porque o Espírito desligou-se naturalmente. Mas também se interroga: quando se
trata de óvulos que estão fecundados, ricos de vida no ovo e se elege uns e
matam os outros? A ciência vai descobrir que essa vida embrionária não é de
espontaneidade da matéria, mas sim da presença do Espírito. Ao destrui-los se
interrompe uma futura existência, com menos conseqüências negativas, porque os
Espíritos que ali se encontram imantados estão também cumprindo um período de
provas e essa própria prova é uma maneira de resgatar débitos do passado.
Programa O Espiritismo Responde: Como entender a manifestação da providência
divina frente à violência que acontece na Terra?
Divaldo: A violência é ainda o estágio primário da criatura humana. Nós somos
herdeiros de instintos que fazem parte da nossa existência. O princípio
espiritual que esteve no reino mineral e vegetal, transitou por alguns milhões
de anos na fase animal, onde desenvolveu a sensibilidade do sistema nervoso e,
naturalmente, dos instintos primários. É natural que na fase hominal na qual nos
encontramos, entre 50 mil e 10 mil anos até atingirmos a razão, o indivíduo seja
mais violência instintiva do que razão que discerne. A divindade vê-nos como um
grande tabuleiro de xadrez. Essa violência que tanto nos choca é também uma
maneira de nos advertir, para levar-nos ao lado oposto: a resignação, a coragem,
a clemência. É um período de transição e em todo período de transição, o clímax
da violência é muito grande. Em todas as épocas da história, a guerra teve mais
prevalência do que a paz. O período de guerra é muito mais amplo do que o
período de harmonia, e chegou-se mesmo a dizer que a paz é o período em que as
nações se armam para a próxima guerra. Então, a divindade vê a violência como
estágio primário, próprio do nosso planeta de provas que, lentamente, nos enseja
à percepção da pureza, da tranqüilidade e da harmonia que nós vamos buscando à
duras penas.
Programa O Espiritismo Responde: Muito se falou em uma nova era após a virada do
século. Quais seriam as perspectivas para uma nova era?
Divaldo: Essa nova era vem muito lenta, desde aproximadamente os anos 1950.
Naquele período sociológico dos hipyes, quando se procurou derrubar a máscara da
hipocrisia, a chamada mentalidade vitoriana, em que o erro não era agir
equivocadamente, era o povo tomar conhecimento. As pessoas mascaravam-se de uma
manifestação puritana ao invés de serem pessoas puras. Começou ali a grande
transformação. E os sonhadores, todos nós somos caçadores de mitos, uma herança
arcaica da nossa personalidade, logo estabeleceram que o 3o milênio seria o
milênio da paz. Será, mas o 3o milênio tem mil anos. Basta recordar que pouco
tempo depois da virada do século, do milênio, nós tivemos um ato terrorista de
11 de setembro nos USA e conseqüentemente, em diversos países do mundo,
mostrando agora o aspecto de violência dantes jamais pensado, em que o individuo
suicida-se para matar. A vida que é um dom precioso e que todos nós preservamos,
desde o animal, por instinto de conservação, passou a ser joguete de política.
Política arbitrária por causa das injustiças sociais. Então chegará a era nova,
a era de paz, porém lentamente. As leis divinas não têm pressa e não acontecem
abruptamente. Os bons Espíritos me dizem e também a outros médiuns, que este
século se caracterizará pela beleza, pelo poder do amor, da religião. Após esse
período de grande dissolução dos costumes e de agressividade, virá uma era de
harmonia em que nós aplicaremos as conquistas do século XX, a ciência e a
tecnologia, em favor da plenitude do indivíduo através da paz, da beleza, e do
amor.
Programa O Espiritismo Responde: Várias obras espíritas tem nos trazido
informações sobre a influência espiritual sobre nós. Boa e má. Como é esse
processo?
Divaldo: Allan Kardec interrogou aos Espíritos, conforme está em O Livro dos
Espíritos: “Interferem os Espíritos em nossos pensamentos, palavras e atos?” E
eles redargúem: “Muito mais do que pensais, a ponto de que são eles que vos
dirigem”. É uma lei de afinidade. Nós vivemos num universo de ondas, mentes,
raios, idéias, como dizia Albert Einstein. Graças à nossa emissão de onda, nós
recebemos uma resposta compatível. Da mesma maneira que, ao mudar um canal de
televisão, nós mudamos de estação que está mandando a mensagem, ao direcionarmos
nosso pensamento para este ou aquele ângulo da vida, haverá uma resposta
correspondente. Se orarmos, sintonizaremos com Deus e Seus embaixadores vêm ter
conosco. Quando cultivamos pensamentos perturbadores, as Entidades afins
acercam-se-nos, porque nos tornamos um verdadeiro pólo de atração, e, à
semelhança de um imã, aquelas migalhas de ferro aderem, mas tudo isso é
transitório, por causa da nossa enfermidade. Na medida em que mudamos de atitude
mental, essa interferência continuará, porém positiva. Neste momento,
profundamente perturbadora.
Programa O Espiritismo Responde: Muitas religiões pregam a salvação. Na visão
espírita, qual é a proposta de salvação para o homem?
Divaldo: É a do encontro dele com a própria consciência. Por isso que Allan
Kardec escreveu: “Fora da caridade não há salvação”. Ele não se refere aqui à
salvação do Espírito no mundo espiritual. Por conseqüência, sim. É como dizer:
ou um indivíduo procede bem ou não tem salvação para ele. Não tem alternativa.
Então Allan Kardec propõe a educação dos hábitos, a educação dos costumes, o
conhecimento, a ação do bem. E está exarado no 6o capítulo do Evangelho Segundo
o Espiritismo uma proposta especifica que nós generalizaríamos. Ao invés de
“espíritas amai-vos e instrui-vos”, nós proporíamos: criaturas amai-vos e
instrui-vos, porque enquanto o amor não tem instrução, não tem conhecimento,
vira paixão e quando a instrução não tem o amor, vira perversidade. Nesta união,
as duas asas do sentimento e do conhecimento dão a sabedoria. Então, é natural
que neste momento, a nossa visão salvacionista não seja salvívica. O reino dos
céus é a construção da autoconsciência em que Deus está presente, e quando
ocorre a morte, o individuo está muito bem, porque ele já se encontra preparado
pelas alegrias que recebeu pelo caminho e então, espiritualmente, também está
salvo.
Programa O Espiritismo Responde: Como podemos entender o Espiritismo como a 3a
revelação?
Divaldo: Do ponto de vista abrangente, o Espiritismo seria a 3a revelação.
Porque nós vemos Crishna, na Índia, 4 mil antes de Cristo, como um grande
revelador, depois Buda apresentando, quase 200 anos antes de Cristo, uma
doutrina de pacificação, também revelador; poderemos ver Confúcio e tantos
outros. Mas na revelação judaico-cristã, Moisés liberta o seu povo e torna-se o
mensageiro de Deus através do decálogo. É a lei. Então essa é a revelação
primeira; para a felicidade indispensável, o culto e o respeito à lei. Vem Jesus
e coroa a lei de amor. Através do amor a lei torna-se justa e benigna. E vem o
Espiritismo e dá uma modelação melhor. Ele oferece a reencarnação, para poder
ensejar ao indivíduo a mudança de atitude perante a vida, o porquê dos seus
sofrimentos, e poder seguir a lei e ao mesmo tempo poder amar. Então, do ponto
de vista judaico-cristã, o Espiritismo é a 3a revelação, mas do ponto de vista
abrangente, um dia, o evangelho de Jesus coroará a Humanidade, porque nele se
encontram todas as sabedorias que estão em outras obras. Eu me recordo dos
pensamentos de Buda quando ele teve ocasião de dizer, por exemplo: “Sede como o
sândalo, que perfuma o machado que o corta”. Nós poderemos encontrar no
Evangelho algo equivalente: “...E se alguém te pedir a capa, dá-lhe também a
manta. Se pedir-lhe mil passos, segue com ele dois mil. Se te ofender, perdoa,
não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes...”, e assim por diante. Haverá um
sentido holístico, em que o “ismo”, típico da paixão humana, cederá lugar ao
sentimento de fraternidade em que todos se encontrarão com a verdade.
Programa O Espiritismo Responde: Fale-nos sobre Joanna de Angelis, a Mentora
Espiritual que te acompanha há tanto tempo, que tanta luz tem trazido para a
Humanidade.
Divaldo: O Espírito Joanna de Ângelis também para mim foi um grande enigma.
Durante muitos anos eu via uma claridade ao meu lado e escutava uma voz muito
dúlcida. Quando eu adquiri discernimento, perguntei um dia: - “Que és?” E a voz
me disse: - “Eu sou um Espírito amigo para te acompanhar”. Quando me tornei
espiritista pela consciência da Doutrina, dei-me conta de que todos temos um
guia, Espíritos protetores, Espíritos amigos e perguntei-lhe: - “Você é meu anjo
protetor?” E o Espírito disse: - “Não, eu sou um Espírito amigo”. Mais tarde,
sabendo que a maioria das pessoas médiuns conhecia seu Espírito guia, perguntei:
- “Você é meu Espírito guia?”: e o Espírito disse: - “Não, teu guia é Jesus; eu
sou um Espírito amigo teu”. Eu fiquei algo ressentido, porque eu queria um guia
pessoal, um guia para mim. E disse: - “Mas Jesus é o Guia da Humanidade toda, eu
queria saber o seu nome”. O Espírito disse: - “Chame-me Joanna”. Eu achei o nome
muito popular. Eu gostaria de um nome mais arrebatador. Eu era jovem e havia
assistido um filme, O Morro dos Ventos Uivantes, e tinha escutado um nome que me
fascinou naquela época, Ritclif, que era um personagem central. Eu havia
planejado que quando tivesse um filho eu colocaria o nome Ritclif. Ora, para um
Guia Espiritual eu queria algo retumbante e para minha surpresa, foi um nome
singelo, Joanna. O Espírito, notando a minha decepção, disse: - “Pode chamar-me
Joanna de Ângelis”. Passaram-se muitos anos e em 1969 eu estava na Cidade do
México proferindo uma conferencia quando ela me disse para ir à cidade de São
Miguel Nepantla e que pedisse a um rapaz na platéia, que está gravando, para que
me levasse até lá. Quando terminou a conferência, pedi ao rapaz, que me levou,
de bom grado, no domingo. Quando lá chegamos, ela me dirigiu a um determinado
lugar que teria sido a casa da fazenda onde havia nascido como Joana Inez de
Asbaje. Era uma menina mestiça, muito amável, uma inteligência privilegiada;
logo aos12 anos foi convidada para servir como dama de companhia da Rainha. A
inteligência era brilhantíssima. Ela teve discussão com vários sábios,
espontaneamente, aos 15 anos, e se tornou a primeira feminista do mundo
latino-americano. Então veio a tendência religiosa e ela foi para uma ordem
muito austera, mas era frágil e não agüentou. Foi para outra ordem e ali então
recebeu o nome de Sóror Juana Inez de la Cruz. Tornou-se uma poetisa de grande
nomeada, uma trabalhadora do bem e gerou uma animosidade muito grande com a
Abadessa porque ela possuía nesta época, 5 mil livros, mapas, escrevia canções,
teatro, e Abadessa achou que aquilo era vaidade e tomou-lhe tudo. Ela então, com
o próprio sangue escreveu um depoimento dizendo que renunciava a tudo, menos ao
direito da mulher ter muito valor, porque a mulher à época era muito
subestimada, e ela disse que a mulher era realmente uma emissária de Deus.
Criticada, porque falava de ciência ela dizia: - “Eu não vejo por que, pois
quando vou à cozinha e vou colocar sal na panela tenho que entender de química,
quando olho para o céu, tenho que entender de astronomia”, fez uma defesa muito
bonita. E desencarnou quando uma onda de peste tomou conta da Cidade do México.
Ela cuidou dos pestosos e contaminou-se. E reencarnou na cidade de Salvador,
sendo, mais tarde, Joanna Angélica de Jesus, que dá a vida na época da
Independência da Bahia, quando soldados transpassam a porta do convento,
arrebatando-lhe a vida, em 1922. Então ela contou-me essa historia e eu fiquei
fascinado. Desde então, cada dia, este Espírito é para mim uma interrogação. A
sua sabedoria impressiona. A partir de 1985 começou a escrever psicologia e eu
perguntei: - “Mas como a senhora pode falar sobre psicologia?” - “Quero fazer
uma ponte entre a psicologia espírita, a psicologia transpessoal e a psicologia
tradicional. Agora nós teremos uma psicologia dentro dos moldes e dos padrões”.
Escreveu 12 livros. Eu disse: - “Mas minha irmã, a senhora na Terra não foi
psicóloga, foi uma religiosa”. Ela sorriu complacente. – “Meu filho, não esqueça
que quando os cientistas vão para a Terra levar a mensagem, levam-na daqui e
quando voltam, nós fazemos uma análise uma avaliação aqui, não seja de
surpreender”. Ela já escreveu por meu intermédio 52 livros. E continua
escrevendo. Generosa, bondosa, muito paciente e enérgica, para poder conduzir um
trem descarrilado como eu, necessita de um condutor muito enérgico.
Programa O Espiritismo Responde: O que representou para a Humanidade Chico
Xavier?
Divaldo: O venerando apóstolo da mediunidade Francisco Cândido Xavier foi um
braço de união entre as lágrimas dos homens e das mulheres, e a misericórdia de
Deus. Pela sua ponte mediúnica milhares de lágrimas foram consoladas. Acredito
que ele psicografou aproximadamente 10 mil mensagens particulares, e os seus
livros, que venderam mais de 20 milhões de exemplares, atenderam a milhões e
milhões de pessoas. Mas ele teve um outro caráter: desdobrar as informações
contidas nas obras básicas do espiritismo, trazendo-nos uma visão mais nítida do
mundo espiritual, à semelhança do sacerdote inglês que escreveu o livro A Vida
Além do Véu, G. Vale Owen, Chico Xavier desvelou o além túmulo, mostrando-nos
como é o mundo causal em relação ao nosso mundo cópia . Mas ele conseguiu um
milagre maior, a bondade. Ele realmente foi o homem da gentileza. Perdeu, em
determinado momento, um grave compromisso para não decepcionar uma criança.
Quando lhe perguntaram qual foi um dos maiores momentos de sua vida ele
respondeu: – “Eu ia pegar um ônibus para ir à cidade. Era quase 16 horas e eu
tinha um compromisso que não podia adiar, quando, de longe, uma criança chama:
tio Chico, tio Chico. Estava com um problema: deixar aquela criança, que
decepção para ela; não pegar o ônibus, perco uma questão muito importante. Entre
os dois, eu optei pela criança. Esperei, o ônibus se foi e a criança veio com
uma florzinha de mato e me entregou. Aquele foi um momento culminante da minha
vida”. Então, isso dá-nos uma idéia da grandeza de um homem que influenciou o
século em que viveu e está influenciando àquele que desencarnou e será um marco
histórico nas atividades de solidariedade humana e da Doutrina Espírita.
Programa O Espiritismo Responde: Um dia o amor estará implantado na Terra.
Divaldo: Sem a menor sombra de dúvida, já está. Porque o ódio é o amor que
enlouqueceu; o ciúme é o amor doente; a violência é o amor ausente. O amor é
incito na criatura humana. Porque sendo nós luz, da divina luz gerados, nós
temos o amor. Ele está guardado dentro de nós e como uma semente ele está
envolto pela casca grosseira. No momento em que as condições sejam
propiciatórias, a semente germina. Eu vejo o monstro da guerra nesse momento, a
guerra no Iraque, as guerras praticamente em todo o mundo, mais de 60 pontos de
guerra, diz a Unesco. Vemos aqui na América Latina as guerras trágicas das
Farcs. na Colômbia, os para-blindados, a guerra urbana, o número de
assassinatos... Terry Skiavo aparece com aquela expressão de um ser que morreu
no corpo, e o mundo se comove. É o amor. O mundo se abala com uma vida que
praticamente estava fanada. Lemos o jornal e vemos a chacina no Rio de Janeiro:
30 pessoas assassinadas miseravelmente por covardes. A gente tem um choque,
porque o amor está aqui dentro. Então o choque da tragédia dos que foram
assassinados no Rio e a doçura do olhar de Terry Skiavo mostram que, em breve, o
amor tomará conta de nós, porque será a única solução para os problemas humanos.
Programa O Espiritismo Responde: Divaldo, nos deixe uma mensagem:
Divaldo: Que amem. Quando nós queremos ser amados, ainda somos crianças
psicológicas. Quando nós amamos, atingimos a plenitude. Quando alguém nos
persegue, está doente. Quando nós perseguimos, estamos mal. Se nos fazem mal,
esse mal não nos alcança porque o mal só tem vigência naquele que o cultiva.
Seja você quem ama. Dispute a honra de amar. Não tema o amor. Quando nós amamos,
uma estrela de paz brilha em nosso coração e a felicidade irradia-se como
perfume. Quando queremos ser amados, ainda temos caprichos, temos impositivos,
temos perturbações. O amor, diz Joanna de Ângelis, é a alma de Deus, porque Deus
é a alma do amor.
Por: O Espiritismo Responde - Maringá-PR, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.
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