Prece dos Obreiros, por José Silvério Horta
Tecnologia e Evangelho
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Ante o esplendor da Tecnologia colocada a serviço da
comodidade humana, exaltamos, no Evangelho, a técnica profunda para a libertação
do homem.
Não desconsideramos os preciosos recursos da ciência tecnológica aplicados para
a decifração dos perturbadores problemas que vêm desafiando os séculos, na
condição de enigmas aparentemente insolúveis.
Em face do aguçado olhar dos microscópios eletrônicos foram surpreendidas
colônias de organismos e vidas perniciosas, adentrando-se o homem na profunda
mecânica das células, das moléculas, dos átomos e das expressões subatômicas; as
grandes lunetas de radioastronomia detectam o agitar de “quasares” azuis e de
Universos outros pulsantes no Infinito dos espaços; possuem em outros mundos os
engenhos interplanetários...
A Terra diminui de expressão, enquanto as distâncias desaparecem; os
acontecimentos televisionados, via satélite artificiais, invadem os lares com
expressivas cargas de informações rápidas, que, de certo modo, aturdem as
criaturas. Há conforto, música, beleza, ordem, limpeza e programação em quase
todos os lugares do mundo.
Poder-se-á mesmo dizer que o triunfo tecnológico teria mudado as paisagens do
planeta, não fossem as ermas ou frias, revoltadas, tristes ou miseráveis
paisagens do mundo moral do homem, que prossegue, genericamente, sem rumo, no
báratro das realizações exteriores.
Simultaneamente o orgulho dizima os poderosos, que se olvidam dos fracos,
enquanto necessidades sócio-econômicas aniquilam os pobres, que olham,
revoltados, a abastança dos ricos...
Abraça-se o opulência com a miséria, não obstante as aparentes segregações.
Quase todos, porém sob o açodar de íntimas aflições sem nome, se arrojam a
guetos de exteriores diversos, quais imensos abismos de angústias e sombras onde
buscam os prazeres fugidios que os não saciam.
De um lado, a opulência vã, que não ultrapassa os limites das necessidades
morais urgentes, e de outro, a frieza, a indiferença, o cansaço dos que supõem
haver conquistado o mundo, quando, em realidade, apenas triunfaram por fora...
As mostras que exibem os mais aperfeiçoados aparelhos eletrônicos, jóias
sofisticadas, móveis de alto luxo confundem-se com as que convidam ao sexo
aviltado, em multiforme expressão que escapa à imaginações mais exacerbadas – de
inspiração procedente das baixas regiões do Mundo Espiritual -, com os cassinos
e bares onde as paixões e ilusões não conseguem evadir-se à constrição
devastadora...
Sob a mesma inspiração, afoga-se a juventude no pântano dos tóxicos ou
engaja-se, alucinada, nas experiências da velocidade, da aventura, da
criminalidade. E muito mais...
Não olvidamos os inestimáveis serviços prestados à saúde do corpo e da psique,
que resultam das laboriosas conquistas científicas, expulsando enfermidades
cruéis, e que cedem lugar a novas técnicas, tais, aliás, raramente ao alcance
das bolsas dos aflitos.
A Ciência sem Deus é loucura e morte. A Tecnologia sem o apoio do Evangelho é
passo largo para o desespero e a insensatez.
A Tecnologia melhora a forma, dá beleza, enquanto o Evangelho reforma o homem e
dá-lhe sentimento.
A ciência tecnológica programa o mundo, enquanto a sabedoria evangélica edifica
o homem, que, renovado, modifica o mundo.
A primeira trabalha para o exterior; a segunda promove o interior.
Uma é claridade, atuando de fora para dentro; outra é luz a exteriorizar-se de
dentro para fora.
Para o materialismo não há saída. O futuro se encarregará de mudar-lhe as atuais
estruturas conceptuais e tecnológicas, impelindo o homem, inevitavelmente, para
Deus.
Certamente, nenhum desdém pelas nobres conquistas do cérebro; todavia, sem a
eloqüente contribuição do sentimento renovado em Cristo Jesus, o homem não se
encontra consigo mesmo. Não indo além de uma forma bem equipada e perigosa, a
caminho das sombras do túmulo.
Por isso, reverenciamos na Doutrina dor'>consoladora dos Espíritos a Ciência da
crença, sob o Sol sublime que é Jesus, astro de primeira grandeza a sustentar o
equilíbrio do sistema, fecundo e soberano, que espera por nós há milênios, sem
pressa nem angústia.
Por: Vianna de Carvalho, Médium: Divaldo Pereira Franco
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