A+ | A- | Imprimir | Ouça a MSG | Ant | Post

As edições de abril, maio e junho de 2004 trouxeram reportagens especiais sobre temas atuais e de importância para o movimento espírita. As páginas daquelas edições trouxeram articulistas especialmente convidados para abordagem dos temas propostos.
Na presente edição trazemos o tema que intitula a matéria, significando o conjunto ou classe de voluntários. A palavra voluntário significa, entre outras definições, o que se faz ou deixa de fazer, sem coação nem imposição de ninguém; que está em nosso poder ou que depende de nosso livre-arbítrio fazer ou deixar de fazer; feito espontaneamente, por vontade própria, sem constrangimento ou obrigação (1).
Convidamos, pois, para abordar o assunto os articulistas Marcus Alberto de Mário, do Rio de Janeiro, e Adilton Pugliese, de Salvador-BA. Para ambos foram direcionadas as mesmas questões:
a) Qual o melhor método para conciliar a necessidade de uma instituição de promoção humana e a capacidade do voluntário que se apresenta, visando melhor aproveitamento de seu potencial?
b) Com os progressos da mentalidade mundial na visão e prática da solidariedade, que papel vem cumprir a Doutrina Espírita nesta área?
As respostas a esses questionamentos deixamos à reflexão do leitor.
Marcus respondeu ao primeiro questionamento informando que Acreditamos que o melhor caminho para conciliar as necessidades da instituição e o trabalho voluntário é oportunizar treinamentos, na forma de cursos, palestras e estágios, para o voluntário, proporcionando ao mesmo o conhecimento do projeto desenvolvido pela instituição, qual a sua base filosófica, a metodologia aplicada na promoção humana, inserindo o voluntário no contexto do trabalho que já ocorre e fazendo com que ele possa desenvolver todo seu potencial.
Referindo-se ao caso de uma instituição espírita, afirmou que o voluntário, respeitando-se sua individualidade e sua crença íntima, deve ser informado desse diferencial e somente pode se engajar no voluntariado aceitando as diretrizes doutrinárias que embasam os serviços que são executados.
Já Adilton, no mesmo questionamento, informa que o melhor método é oportunizar o voluntariado através de treinamento-estágio na Instituição, visando o atingimento de três alvos por parte do candidato: (1) Envolvimento mental e emocional; (2) Motivação para contribuir e (3) Aceitação de responsabilidade. Simultaneamente, ensinar a tarefa que será desenvolvida, quando serão reveladas as reais possibilidades, as aptidões e tendências pessoais, que facilitarão a integração do voluntário na equipe. Essa preocupação com a capacitação do colaborador é o que Allan Kardec chamou de administração previdente, que fará com que, nas Casas Espíritas, “as pessoas que forem chamadas a lhe prestar concurso não se sintam inquietas pelo futuro que as aguarda” (Obras Póstumas – 26ª ed.FEB – p.373).
A experiência de Adilton junto à Mansão do Caminho fica bem demonstrada no trecho de sua resposta, que continua com importantes considerações: Esse estágio de aprimoramento constitui-se num ato intencional de fornecer os meios para proporcionar a aprendizagem que, certamente, provocarão uma mudança de comportamento do voluntário, descortinando-lhe novos conhecimentos, novas habilidades e novas atitudes. O êxito, contudo, desse período de acolhimento do voluntário, a experimentar novas emoções e expectativas, está contido na inesquecível recomendação de Jesus: “Nisto todos reconhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”.
Marcus também trouxe sua experiência de educador na resposta da segunda questão: O Espiritismo cumpre o papel de esclarecer, à luz da razão e do bom senso, sem rodeios de palavras e sofismas, o verdadeiro sentido da solidariedade, que é indissociável do Evangelho. Cabe à Doutrina Espírita sensibilizar os corações para a prática legítima do amor.
E destaca com muita propriedade: As instituições espíritas devem ser modelo dessa prática do amor solidário, em que seus colaboradores doam-se por amor ao próximo, sem olhar a quem, sabendo que cumprem seu papel no concerto divino do "amai-vos uns aos outros". A solidariedade é legítima irmã da fraternidade, da abnegação, da renúncia, da cooperação e incompatível com o apego material e com o egoísmo.
Deixamos a conclusão do tema com Adilton, em sua resposta à segunda questão:
A frase-lema do aspecto religioso da Doutrina Espírita, exarada por Allan Kardec no capítulo XV de “O Evangelho segundo o Espiritismo”: Fora da caridade não há salvação, deveria estar insculpida como dístico da ONU - Organização Mundial das Nações Unidas, máxima essa que, se cumprida pelas nações, promoveria excepcional salto qualitativo na vida do planeta Terra.
O apóstolo Paulo, interpretando esse princípio ético kardecista, na referida obra (117ª ed.FEB – p.251), em mensagem ditada em 1860, em Paris, enfatiza que os homens “à sombra desse estandarte viverão em paz” e declara que o conhecimento da luz do Espiritismo fará dos homens melhores cristãos, ajudando-os a compreender os ensinos do Cristo. A Doutrina Espírita, desta forma, à medida que divulgar os seus postulados básicos, levando a Humanidade a compreender a imanência do pensamento de Deus em nossas vidas; a imortalidade da alma; a lei da reencarnação e a comunicação com os Espíritos promoverá substancial mudança na vida dos indivíduos, tornando-os melhores, mais humanos, promotores da justiça social e da sua libertação dos grilhões dos vícios, da violência e do egoísmo.
O assunto é muito atual e está sensibilizando a população mundial nos últimos anos. Reflexão valiosa surge na comparação das definições e as respostas de nossos convidados. Nossos leitores podem notar a clareza que a Doutrina Espírita proporciona ao atual tema, na visão de nossos convidados, que tem movimentado organizações internacionais, inclusive, e pode estar presente em qualquer individualidade onde a boa vontade se manifeste.

(1) conf. Michaelis, Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, Edit. Melhoramentos, São Paulo-SP.

Entrevistados:
Marcus é Programador Visual, membro do GEPE – Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita (http://www.gepenet.hpg.ig.com.br/) e diretor do IBEM – Inst. Brasileiro de Educação Moral; tem livros publicados – inclusive de nossa Editora –, é expositor espírita.
Adilton é aposentado e colaborador da Mansão do Caminho, em Salvador-BA. Possui livros publicados, é articulista da imprensa espírita e também expositor; recentemente foi entrevistado pelo jornal O Clarim, edição de junho/04, página 8.


Por: Redação da RIE, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


Leia Também:

Época Aflitiva: por Redação da RIE
Desemprego: por Redação da RIE
O Voluntariado: por Redação da RIE

Avalie Esssa MSG

0 Voto(s) 0 Voto(s)

Comentários