
Vigilância, por André Luiz
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Analisando os empecilhos ao desenvolvimento intelectual e
moral da criança, numa visão espírita, vamos nesta introdução, refletir juntos
em torno do compromisso maior, assumido pelos pais, já que eles irão desempenhar
um papel fundamental neste processo de crescimento.
Allan Kardec, na questão 582 de “O Livro dos Espíritos”, indaga:
Pode considerar-se a paternidade como uma missão?
E os Espíritos Superiores respondem: “É, sem contradita, uma missão. E, ao mesmo
tempo, um dever muito grande, e que implica, mais do que o homem pensa, sua
responsabilidade para o futuro. Deus põe a criança sob a tutela dos pais para
que estes a dirijam no caminho do bem, e lhes facilitou a tarefa, dando à
criança uma organização débil e delicada, que a torna acessível a todas as
impressões. Mas há os que mais se ocupam de endireitar as árvores do seu pomar,
e de fazê-las carregar de bons frutos, do que em endireitar o caráter de seu
filho. Se este sucumbir por sua culpa, terão de sofrer a pena, e os sofrimentos
da criança na vida futura recairão sobre eles, porque não fizeram o que lhes
competia para o seu adiantamento nas contas que nem sempre os pais são
responsáveis pela infelicidade dos filhos.” O que vemos, de um modo geral, é o
desejo de todos os pais, com relação ao futuro de seus filhos, de que ele seja
pleno de paz, realizações profissionais e felicidades. Se todos pudessem,
procurariam amenizar suas dores e seus dissabores.
Entretanto, nessa mensagem, verificamos que eles nos advertem da
responsabilidade dos pais com relação ao compromisso assumido no plano
espiritual, de orientar, educar e dirigir estes espíritos que reencarnam em
nossos lares, para que possam cumprir a programação de vida, que melhor se
adapte ao seu progresso moral e espiritual. Neste sentido, qualquer fracasso de
nossa parte, qualquer negligência ou omissão nos colocará como responsáveis
pelas dores ou sofrimentos que nossos filhos tenham em conseqüência de nossa
conduta no lar ou mesmo por faltar com a necessária atenção aos seus apelos ou
solicitações quando sob nossa guarda.
O objetivo da reencarnação é o progresso moral do indivíduo, nos ensinam os
princípios espíritas e este conhecimento amplia nosso entendimento em torno das
questões sociais e morais que acompanham a evolução humana.
Educadores e psicólogos modernos se congregam em estudos e pesquisas em torno do
desenvolvimento desde a fase pré-natal até a adolescência, analisando os fatores
genéticos, as mudanças biológicas, os fatores sociais e familiares. Por seu grau
de influência na mente infantil, colocam a família e a escola como fatores
preponderantes no seu desenvolvimento intelectual e moral.
Na fase escolar a criança amplia seu mundo social e passa a sofrer influências
dos colegas, dos professores e de todos os meios de comunicação utilizados nos
processos educativos (TV, computador, técnicas utilizadas no aprendizado etc.
Mesmo assim, a família continuará a ser o fator determinante de sua vida de
relação e de seu desenvolvimento moral.
Quais seriam os maiores empecilhos neste desenvolvimento?
Podemos enumerar os seguintes:
1 – Rejeição e abandono (no lar e na sociedade)
2 – Excessivo controle psicológico (dos pais, dos professores, dos adultos)
3 – Negligência dos pais (com relação aos estudos, à alimentação, à saúde)
4 – Autoritarismo e hostilidade dos pais ou responsáveis
5 – Baixa auto-estima
6 – Discriminação racial, social ou religiosa
7 – Desrespeito aos direitos da criança (lazer, moradia, educação, saúde).
Estes fatores irão influenciar decisivamente em seu desenvolvimento físico,
mental e espiritual.
“A maioria dos problemas psicológicos mais comuns na infância se apresentam de
forma passageira e limitada severidade, se o funcionamento neurológico da
criança é normal, se não está sujeita a traumas anormalmente intensos em seu
ambiente social e se seus pais lhes fornecem bons modelos.” (1)
Assim, muitas crianças superam alguns dos fatores acima citados, quando seus
espíritos já estão mais preparados, sua mente mais equilibrada e o meio onde
vive e a família não influenciam de forma negativa a evolução de seu
desenvolvimento.
Um dos empecilhos mais comuns e que afetam a mente infantil, em quaisquer grupos
étnicos e de todos os níveis sócio-econômicos, é a discriminação racial ou
religiosa. Provoca lesão em sua mente afetando seu comportamento, retardando seu
desenvolvimento e sua formação moral. Torna-a, muitas vezes, alienada, agressiva
com o próprio grupo a que pertença. Futuramente serão pessoas hostis,
preconceituosas, de difícil relacionamento social.
Alguns educadores como Piaget e Kohlberg, consideram que: “o desenvolvimento dos
valores morais da criança é um processo racional que coincide com o
desenvolvimento cognitivo.”(1) Entretanto, numa visão mais ampla que a Doutrina
Espírita nos confere, diríamos que a criança como uma personalidade
preexistente, traz de vidas passadas, subsídios, tendências, aptidões,
conhecimentos latentes e como tal, sua educação e seu desenvolvimento moral são
gradativos e constantes, acompanhando sua evolução espiritual. Por estarem
adormecidas, certas emoções e sentimentos afloram com maior intensidade na
adolescência.
Nos dias atuais, vemos que fatores muito graves e intensos estão dificultando
este desenvolvimento, como a miséria que impede a criança de participar da vida
e do meio social no atendimento de suas necessidades primárias.
A miséria social advinda das guerras, dos flagelos da natureza, das perseguições
políticas e religiosas, leva a criança à degradação de seus valores morais, a
comportamentos agressivos e perturbadores, à marginalização.
Em mensagem de Emmanuel, no livro “Fonte Viva”, psicografia de Chico Xavier, na
pág. 157, encontramos uma advertência que nos leva a profundas reflexões em
torno da criança abandonada: “A vadiagem na rua fabrica delinqüentes que acabam
situados no cárcere ou no hospício, mas o relaxamento espiritual no reduto
doméstico gera demônios sociais de perversidade e loucura que em muitas
ocasiões, amparados pelo dinheiro ou pelos postos de evidência, atravessam
largas faixas dos séculos, espalhando miséria e sofrimento, sombra e ruína, com
deplorável impunidade à frente da justiça terrestre.”
Meditando nas palavras do benfeitor espiritual, resta-nos refletir mais
demoradamente em torno de nossa responsabilidade perante Deus, quando nos
colocou como responsáveis e provedores daqueles que chegam ao nosso lar, como
filhos ou dependentes...
Estaremos sendo fiéis ao compromisso assumido?
Estaremos semeando amor e compreensão, com justiça e equilíbrio?
A infância é marcada indelevelmente pelo ambiente doméstico.
Façamos nossa parte, pelo menos, no meio restrito do lar para que fique menos
difícil viver no mundo atual onde os desastres sociais, a violência, as guerras
e as discriminações ameaçam a paz e a fraternidade entre os homens.
A Doutrina Espírita enriquece nossos espíritos com a compreensão e o
discernimento. Saibamos usar esta riqueza, principalmente, a favor dos que estão
sob nossa responsabilidade moral e social. Certamente não nos arrependeremos,
jamais, pelos frutos colhidos através da sementeira do amor e da generosidade.
(1) – MUSSEN/CANGER/KAGAN – Desenvolvimento e Personalidade da Criança – 4a
edição – Editora Harper & Row do Brasil Ltda – Rio de Janeiro – Tradução de
Maria Silvia Mourão Neto.
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