Ensinar, por Espíritos Diversos
Crueldade Humana
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O famoso escritor francês Voltaire disse, certa vez, que são necessários
vinte anos para levar o homem do estado de planta em que se encontra no ventre
de sua mãe e do estado de puro animal, que é a condição de sua primeira
infância, até o estado em que começa a se manifestar com a maturidade da razão.
Disse ainda que foram necessários trinta séculos para conhecer um pouco a sua
estrutura e que seria necessária a própria eternidade, para conhecer algo de sua
alma. No entanto, não é preciso senão um instante para matá-lo.
Naturalmente, Voltaire se referia à morte do corpo.
Sempre com maior intensidade se tem notado o desprezo à preciosa vida humana.
Todos os dias nos chegam as notícias de guerras, de massacres, de barbáries.
Em nome do poder, da posse de riquezas, que se pode usufruir somente nesse curto
período de tempo em que nos encontramos sobre o planeta, as pessoas matam umas
às outras.
No século XIX, quando o Codificador da Doutrina Espírita trabalhava para a
produção da obra O livro dos Espíritos, indagou às vozes celestes o porquê da
crueldade ser o caráter dominante de alguns povos.
A resposta dos luminares foi que entre os povos primitivos a matéria sobrepuja o
Espírito.
Eles se entregam aos instintos animais e como não têm outras necessidades além
das corpóreas cuidam apenas da sua conservação pessoal.
É isso que geralmente os torna cruéis. Além disso, os povos de desenvolvimento
imperfeito estão sob a influência de Espíritos igualmente imperfeitos que lhes
são simpáticos.
Consequentemente, agem sob o comando deles.
Tomando ciência disso, nos analisamos e concluímos que muitos nos enquadramos
nessas descrições. Ainda temos ditadores no mundo, que subjugam o povo e o
maltratam, exigindo dele uma quase adoração.
E mostram sua crueldade para todos aqueles que não os homenageiam quando passam
pelas ruas, ou ousam dizer uma mínima palavra contra o que fazem ou o que
pregam.
Mesmo em civilizações mais adiantadas, existem criaturas tão cruéis como os
selvagens, da mesma maneira que numa árvore carregada de bons frutos existem os
temporões. São lobos extraviados em meio a cordeiros.
Como a lei é de progresso, guardamos a certeza de que a Humanidade progride.
Essas criaturas, dominadas pelo instinto do mal, que se encontram entre os
homens de bem, desaparecerão pouco a pouco como o mau grão é separado do bom
quando joeirado.
Necessitarão retornar e retornar, em novos corpos, para o exercício do
aperfeiçoamento, para que adquiram qualidades novas.
A todos nós, educadores, pais e professores cabe o dever inadiável de estimular
os sentimentos nobres nas gerações, através de exemplos dignificantes, onde a
vida seja considerada bem precioso demais para ser desprezado ou destruído, em
nome de qualquer bandeira política, religiosa ou de caráter particular.
Todas as faculdades existem no homem em estado latente.
Elas se desenvolvem de acordo com as circunstâncias mais ou menos favoráveis.
Assim, o senso moral existe no selvagem, no que hoje se apresenta como mau e
cruel, como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.
Trabalhemos para que ele desabroche o quanto antes, em nós, em cada ser humano.
Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita, com base nas pergs. 752 a 756 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB e em pensamentos de Voltaire, colhidos no livro Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana. Do site: http://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=5604&stat=0
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