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Médico cirurgião espírita defende relacionamento harmônico e respeitoso com pacientes

Da Redação do jornal O Clarim

Em nossa edição de março de 2005 da Revista Internacional de Espiritismo publicamos entrevista com o médico Décio Íandoli Júnior, com o título Ser médico e Ser Humano. Íandoli acredita que a formação dos profissionais da área da saúde não pode se restringir ao aprendizado e treinamento técnicos, mas abranger a orientação moral e preparação emocional para enfrentar a dor e o sofrimento de seus pacientes.
Pela importância da entrevista, transcrevemos parcialmente algumas das elucidativas respostas. Casado, pai de três filhos, com doutorado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), clinica em seu consultório particular, no Hospital Guilherme Álvaro e é professor titular de Fisiologia das Faculdades de Biologia, Fisioterapia e Farmácia da Universidade Santa Cecília – UNISANTA, na cidade de Santos –SP, onde reside. É também autor de vários livros editados pela Folha Espírita.

RIE – No seu livro "Ser Médico e Ser Humano", você defende um relacionamento horizontal e harmônico com o paciente, considerando-o, antes de tudo, um semelhante a ser respeitado. Como é essa tese da humanização da Medicina?
Décio Íandoli Júnior – É justamente a tentativa de se abolir, ou pelo menos reduzir drasticamente, a onipotência que caracteriza o modelo de ensino médico atualmente praticado nas escolas do Brasil e, acredito, do mundo. A falsa idéia de que somos capazes de "curar" nos faz acreditar que somos detentores de um poder incomum e, portanto, diferenciados dos nossos pacientes; tal idéia, além da arrogância, provoca uma frustração muito grande quando a morte vem nos avisar de que somos todos iguais. É importante lembrar que os pacientes provocam e alimentam essa onipotência, na medida em que tentam transferir a sua responsabilidade de cura para o médico, sendo assim, a pretendida mudança no paradigma de formação do médico tem de contar com uma conscientização e a mudança de postura também da sociedade.


RIE – Sabe-se que os médicos vivem a morte desde o primeiro ano do curso médico, porém, não raro, reclamam que não receberam orientação para a morte do paciente ou de si mesmo. Quais seriam as conseqüências deste despreparo a curto e a longo prazo para o médico e para os seus pacientes?
Décio – A cultura ocidental ainda trata a morte como assunto proibido; sendo assim, para qualquer um, ela traz medo e insegurança, mas para o médico materialista este medo ganha o incremento da frustração, da derrota. O resultado é que ele se ausenta no momento do desencarne, abandona o campo de batalha, acreditando que não tem mais nada a fazer. A família, por sua vez, com certa freqüência, se volta contra o médico, na tentativa de buscar um culpado para o inevitável, ou seja, uma relação patológica entre médico e paciente e entre médico e família. A morte não pode ser proibida, deve ser discutida, para a elaboração da mesma pelo paciente, entre os familiares e pelo próprio médico. Para aquele que busca, acima de tudo, o bem estar do seu paciente, sem a ilusão do poder de curar, a proximidade do desencarne e o esgotamento dos recursos técnicos que a medicina oferece não determinam o fim da sua intervenção, mas a hora de preparar o seu paciente para uma morte tranqüila e com dignidade, "passar o caso" nas melhores condições possíveis para o colega que, certamente, irá recebê-lo no plano espiritual. A longo prazo, esta sucessão de perdas e frustrações pode produzir um médico amargo e até agressivo, ou então, depressivo e desinteressado.

RIE – Você acredita que o Espiritismo, ao trazer a tese'>hipótese da existência do Espírito no mundo espiritual e sua relação com o mundo material contribuirá para a mudança de paradigma médico?
Décio – A própria Ciência está às portas da admissão da reencarnação como lei biológica, daí ao estudo da interface físico-etérica é apenas um passo, criando novos horizontes para a medicina e desenvolvendo, ao mesmo tempo, os conceitos morais como fatores indispensáveis para a saúde plena do indivíduo, ou seja, para a obtenção da serenidade e do equilíbrio espiritual, já que é esta a verdadeira saúde; sendo assim, a verdadeira cura, aquela que vamos almejar no futuro, pode ser atingida com a própria doença física, modificando, inclusive, a nossa forma de ver a doença.

RIE – De que forma? O Espiritismo matou a morte?
Décio – Com a evidenciação da existência do Espírito, da necessidade de se admitir a reencarnação para explicar a vida e os processos biológicos, com o pensamento lógico e irretocável de Allan Kardec nos conduzindo a conclusões que satisfazem nossos anseios espirituais e preenchem as lacunas da Ciência.

RIE – O que fazer para que os conceitos espíritas sobre a vida e morte possam ser conhecidos e façam parte do conhecimento científico?
Décio – Eu acredito que este processo de mudança do paradigma materialista para o espiritualista, na Ciência, já está ocorrendo em todo o mundo, e ele não depende do Espiritismo, mas do grau de evolução da Humanidade que habita o orbe terrestre; acredito que o papel do Espiritismo é apoiar, balizar e indicar caminhos para que a Ciência e a Humanidade se desenvolvam, e ele fará isso na medida e nos lugares em que os espíritas, envolvidos com a Ciência, levem suas convicções para os laboratórios.


Por: RIE - Décio Íandoli Júnior, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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