
Na Oração, por Emmanuel
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Vez por outra surgem as contendas no movimento espírita, oriundas de vários
temas que nos ocupam a todos. Os pontos de vistas variados, as interpretações
apressadas ou precipitadas são responsáveis por isso, quando falta o estudo, a
pesquisa séria e profunda.
Conhecer devidamente é nosso dever; estudar é de nossa responsabilidade
individual, para bem entendermos aquilo que dizemos seguir, para não cairmos nos
equívocos de informações descabidas ou pontos de vistas pessoais, que meramente,
convenhamos, são secundários.
A questão das informações trazidas pelo Espírito que se identificou como André
Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier, entra nesse contexto de questionamentos
e confrontos, rejeitada por alguns, com os desdobramentos na disputa e
divergência de entendimentos. Natural até que isso ocorra, dada nossa liberdade
de expressão, que deve ser respeitada. Porém, tais discussões caem no vazio,
quando nos defrontamos na clareza de Kardec. Nem vou citar outros autores (são
muitos, inclusive o Reverendo Vale Owen, que não era espírita), todos com
descrições que em nada confrontam com a Codificação. Fico só com Kardec, porque
aí estamos trazendo a fonte original da Codificação.
Leiamos atentamente:
Em O Livro dos Espíritos, questão 234:
Há, de fato, como já foi dito, mundos que servem de estações e de pontos de
repouso aos Espíritos errantes?
Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes
podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde
descansem de uma demasiado longa erraticidade, estado este sempre um tanto
penoso. São, entre os outros mundos, posições intermédias, graduadas de acordo
com a natureza dos Espíritos que a elas podem ter acesso e onde eles gozam de
maior ou menor bem-estar.
Destacamos: particularmente destinados aos seres errantes (...) São entre os
outros mundos, posições intermédias, graduadas de acordo com a natureza dos
Espíritos (...).
Busque-se ainda a Revista Espírita, de maio de 1865, na matéria Sobre as
Criações Fluídicas, assinada por Mesmer: (...) O mundo dos invisíveis é como o
vosso. Em vez de ser material e grosseiro, ele é fluídico, etéreo, da natureza
do perispírito, que é o verdadeiro corpo do Espírito, haurido nesses meios
moleculares, como o vosso se forma de coisas mais palpáveis, tangíveis,
materiais. O mundo dos Espíritos não é um reflexo do vosso; o vosso é que é uma
imagem grosseira e muito imperfeita do reino de além-túmulo. (...).
A partir da solidez dessas duas transcrições, a primeira básica e a segunda como
informação adicional, pode-se a partir daí fazer-se a natural comparação com as
informações de Yvonne, por exemplo, que detalhou estruturas do mundo espiritual,
o próprio André Luiz, e mesmo as informações outras vindas por Divaldo, Raul e
também pelo próprio Chico.
Parece-nos, todavia, que só a questão 234, acima citada e transcrita, já resolve
a questão controversa, se estudada com a devida atenção. Aí já se pode dispensar
discussões dispensáveis, pontos de vistas ou opiniões secundárias que não
resistem à lógica e sensatez que o conhecimento espírita oferece.
Vale acrescentar, todavia, que em A Gênese – em seu capítulo VI – Uranografia
Geral, Kardec reuniu uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de
Paris, entre 1862 e 1863, assinadas por Galileu, com vários subtítulos,
dividindo as matérias em 61 itens, constituindo precioso conteúdo a ser sempre
consultado.
No item 8, início do subtítulo As Leis e As Forças, o autor cita a abundante
vida do fundo dos oceanos, levantando a tese'>hipótese dos seres que o habitam, se
recebessem, de repente, o dom da inteligência ou a faculdade de estudar seu
próprio mundo. Isso faria, naturalmente, que formasse uma ideia da criação, da
vida e seus desdobramentos, o que se ampliaria ainda mais se chegasse à
superfície e pudesse igualmente observar o mundo que se abre além do mundo
marítimo, observando o sol, as plantas, o ar e tudo mais que vive fora do
ambiente que fora acostumado e conhecia. O autor espiritual comenta que haveria
um deslumbramento e uma gigantesca ampliação em sua visão de vida, antes
restrita ao ambiente em que vivia, alterando a noção que alimentava sobre a
criação, a vida, em teorias que se modificariam imediatamente, ainda que não
pudesse compreender.
Cairiam por terra as teorias antes criadas para tentar explicar a vida e seus
fenômenos. A dúvida, agora maior, continuaria exigindo novas pesquisas e melhor
conhecimento.
E afirma Galileu: “(...) Tal é, ó homens, a imagem de vossa ciência toda
especulativa (...)” (é quando Kardec traz uma Nota de Rodapé). Em outras
palavras, no raciocínio que se pode cogitar. Nossa ciência, apesar de todos os
avanços, ainda é muito limitada, no exemplo trazido. O progresso contínuo vai
alterando o que antes era considerado verdade, constantemente, apesar das bases
já estabelecidas e conquistadas. Somos ainda muito limitados.
E Kardec, com sua lucidez, na citada “Nota”, acrescenta: “Tal é, também, a
situação dos negadores do mundo dos Espíritos, quando, depois de se despojarem
do seu envoltório carnal, os horizontes desse mundo se expõem aos seus olhos.
Compreendem, então, o vazio das teorias pelas quais pretendiam tudo explicar
unicamente com a matéria. Entretanto, esses horizontes têm, para eles, mistérios
que não se revelam senão sucessivamente, à medida que se elevam pela depuração
(...)”.
Embora o raciocínio aqui se aplique aos negadores do mundo espiritual (aqui
entendido os materialistas) em si, a comparação vale também para os negadores
das informações de André Luiz.
Precisamos só reconhecer que nosso conhecimento é muito limitado e nossas
opiniões são sempre opiniões...
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