Perante e Enfermidade, por André Luiz
Coerência
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Valores como a honestidade, a decência, a compostura e naturalmente que a
plena identificação deles com as crenças que dizemos defender, revelam a
coerência no comportamento social. Como conciliar atitudes indecorosas,
violentas ou de atentado aos bons costumes em homens e mulheres que se dizem
cristãos?
Sim, imagine o leitor um cidadão – seja qual for a religião a que se filie – que
age em discordância com os ensinos que diz seguir. Existe aí uma grande
incoerência entre o que "prega" e o que vive. Por sua vez, as
religiões não podem responder pelo comportamento de seus seguidores. Todo
comportamento contrário aos ensinos da religião, da moral, deve ser creditado à
insânia humana que insiste em burlar a própria consciência.
Vários exemplos podem ser citados: a) Bêbados que fazem arruaças e
responsabilizam o governo ou justificam-se reclamando da sorte; b) Violências de
toda ordem, espancamentos em casa, traições conjugais ou gritos incontroláveis,
levados a conta de gênio ruim; c) Desordens sociais, roubos e vandalismos
considerados como meros divertimentos; d) Corrupção espalhada, permanecendo-se a
noção do correto e do respeito às pessoas e às instituições.
Na verdade, nada é falta de sorte, culpa do governo ou de quem quer que seja.
Age-se dessa ou daquela forma porque se permite a si mesmo adotar este ou aquele
comportamento. Nada justifica um gesto de violência, de desrespeito ou de
imoralidade senão a própria decisão individual marcada de desequilíbrio.
É comum, por exemplo, alguém justificar um comportamento agressivo e
incontrolável por conta de suposta influência de espíritos, responsabilizando-os
por atos desrespeitosos e antissociais. Ora, assim é fácil justificar! Pode
acontecer momentaneamente, mas o domínio do próprio comportamento pertence a
cada um.
Os espíritos são os homens – antes de virem ao mundo ou depois de partirem dele
– e conservam, portanto, suas qualidades ou defeitos morais. Podem ser sábios ou
ignorantes, bons ou mal intencionados, mas todos são senhores da própria
vontade.
Quem se deixa levar a atitudes agressivas, a atos desrespeitosos, imorais, prova
por si só que é ele mesmo agressivo, imoral, desrespeitoso. Justificar o próprio
comportamento à conta da presença de espíritos é atitude de fuga que não condiz
à própria realidade individual.
Não se pode creditar responsabilidade à Doutrina Espírita, por exemplo, diante
de atitudes de supostos médiuns ou pseudo-espíritas desconhecedores da proposta
essencial do Espiritismo: a renovação moral do ser humano. O espírita sincero é
aquele que preocupa-se em melhorar a si mesmo. É alguém em luta consigo mesmo
para aperfeiçoar-se, melhorar o comportamento e agir coerentemente com o
Evangelho de Jesus, base da Doutrina Espírita. O espírita, como qualquer outro
cidadão, é homem comum, que reconhece os próprios limites e sabe que tem o dever
de progredir moralmente e trabalhar para um ambiente melhor no planeta.
Neste 18 de abril (já passado), data do lançamento de O Livro dos Espíritos, em
1857, nossa homenagem de gratidão a essa luz que ilumina a Humanidade. Por
respeito e gratidão aos conteúdos que apresenta, sejamos coerentes com sua
proposta de renovação humana.
Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo autor
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