Ensinar, por Espíritos Diversos
No Campo da Mediunidade
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O cérebro físico é aparelho de complicada estrutura. Constitui-se de células
emissoras e receptoras, que servem nos mais diversos centros mentais,
reguladores da vida orgânica. Imantam-se, dentro dele, poderosas correntes
magnéticas, a flutuarem sobre o líquido cérebro-espinhal, como a engrenagem de
um motor em óleo adequado, produzindo vibrações elétricas com a freqüência de
dez a vinte por
segundo. Daí parte infinitamente de ordens, endereçadas ao sistema nervoso, ao
aparelhamento endocrínico e aos órgãos diversos.
O cérebro, porém, tal qual é conhecido na Terra, representa a parte visível do
centro perispiritual da mente, ainda ponderável'>imponderável à ciência comum, no qual se
processa a elaboração do pensamento, que escapa à conceituação humana.
Referimo-nos a semelhante quadro para comentar a necessidade da cooperação do
servidor mediúnico, ao intercâmbio entre os dois planos, visível e invisível. A
tese do animismo, não obstante respeitável, pelas excelentes intenções que a
inspiraram, muita vez desencoraja os companheiros, chamados a testemunhos de
serviço, no ministério da verdade e do bem. Os investigadores rigoristas não
favorecem o esforço dos médiuns bem intencionados; na maioria da ocasiões
destroem-lhes os germes de boa vontade e realização, com as suas exigências
particularistas, no capítulo da minudência, da gramática, da adivinhação.
A organização mediúnica, entretanto, como as demais edificações elevadas, não se
improvisa, no caminho da vida. E o médium não é uma inteligência ou uma
consciência anulada nas exteriorizações fenomênicas da comunicação entre as duas
esferas. Ainda no chamado sonambulismo puro, no transe completo e nas hipnoses
mais profundas, a colaboração dele será manifesta e indispensável. A energia da
usina longínqua precisa do filamento da lâmpada, em que se manifesta, produzindo
luz e calor. O artista, para arrancar a melodia perfeita, necessita de cordas
afinadas firmes no violino que lhe empresta o concurso na demonstração musical.
A mensagem do cantor ou do político requer o aparelho de recepção para ser
ouvida à distância. Exige a lâmpada características especializadas na
fabricação, o violino requisita grande experiência e cuidado de manufatura e o
receptor radiofônico pede extensa cópia de material elétrico para atender à
finalidade que lhe é própria.
Se em semelhantes serviços de transmissão, à base de matéria comum, há
imperativos de técnicos e organização, como improvisar um mecanismo mediúnico,
no qual a base de matéria viva associada a elementos espirituais, ainda
imponderáveis à ciência humana, exige a construção da vontade com os valores da
cooperação? Edificar a mediunidade constitui uma obra digna do esforço aliado à
perseverança no espaço e no tempo.
Um habitante de esfera diferente necessita valer-se dos recursos que lhe oferece
o cooperador identificado com o círculo, onde pretende fazer-se sentir. Trata-se
de imposição vulgar nas próprias relações entre países terrestres, de cultura
diversa. O brasileiro que precise conduzir certa mensagem à Inglaterra,
desprovido de contacto anterior com a vida britânica, de modo algum dispensará o
intérprete e esse intermediário para cumprir a tarefa deve preparar-se
devidamente.
Adaptar-se uma entidade desencarnada ao cérebro, ao sistema nervoso e aos
núcleos glandulares do companheiro encarnado, ajustando peças biológicas e
eliminando resistências celulares, sem nos referirmos aos processos mentais,
inacessíveis à compreensão atual dos fenômenos, não é operação matemática que se
efetue através dos cálculos de alguns instantes. É organização paciente,
requisitando muito concurso e devotamento por parte dos amigos em serviço na
Crosta Planetária.
E, assim afirmando, convidamos os colaboradores sinceros do Espiritismo
Evangélico a dedicarem maior atenção à chamada mediunidade consciente, dentro da
qual o intermediário é compelido a guardar suas verdadeiras noções de
responsabilidade no dever a cumprir.
Cultive cada trabalhador o seu campo de meditação, educando a mente
indisciplinada e enriquecendo os seus próprios valores, nos domínios do
conhecimento, multiplicando as afinidades com a esfera superior e observará a
extensão dos tesouros de serviço que poderá movimentar a benefício de seus
irmãos e de si mesmo. Sobretudo ninguém se engane relativamente ao mecanismo
absoluto em matéria de mediunidade. Todo intérprete da espiritualidade,
consciente ou não, no decurso dos processos psíquicos, é obrigado a cooperar,
fornecendo alguma coisa de si próprio, segundo as características que lhes são
peculiares, porquanto se existem faculdades semelhante, não encontramos duas
mediunidades absolutamente iguais.
Lembremo-nos de que não nos achamos empenhados em edificações exteriores, onde a
forma deva sacrificar a essência e onde a letra asfixie o espírito, e sim na
construção de um mundo melhor, nos círculos de experiência para a vida eterna.
Guarde cada colaborador do Espiritismo Cristão a consciência, a responsabilidade
e o espírito de serviço, à maneira de riquezas celestes que é necessário
valorizar e multiplicar. Não nos esqueçamos de que, segundo a profecia, através
dos canais mediúnicos, o Senhor está derramando a sua luz sobre a carne, mas que
é preciso purificar o vaso carnal e enriquecer a mente, a fim de que o homem
terrestre seja, de fato, o intérprete fiel da divina luz.
Por: André Luiz, Do livro: Coletâneas do Além. Médium: Francisco Cândido Xavier
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