Em Apenas 3 Trechos, por Orson Carrara
Compromisso Afetivo
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O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre arbítrio. O aguilhão da
consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas
vezes se mostra impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado, o
dever do coração eleva o homem; porém, como determiná-lo com exatidão? Onde
começa ele? O dever principia sempre, para cada um de vós, do ponto em que
ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo; acaba no limite que
não desejais ninguém transponha com relação a vossa. Do item 7, no Cap. XVII, de
"O Evangelho Segundo oEspiritismo" A guerra efetivamente flagela a Humanidade,
semeando terror e morticínio, entre as nações; entretanto, a afeição erradamente
orientada, através do compromisso escarnecido, cobre o mundo de vítimas. Quem
estude os conflitos do sexo, na atualidade da Terra, admitindo a civilização em
decadência, tão-só examinando as absurdidades que se praticam em nome do amor,
ainda não entendeu que os problemas do equilíbrio emotivo são, até agora, de
todos os tempos, na vida planetária. As Leis do Universo esperar-nos-ão pelos
milênios afora, mas terminarão por se inscreverem, a caracteres de luz, em
nossas próprias consciências. E essas Leis determinam amemos os outros qual nos
amamos.
Para que não sejamos mutilados psíquicos, urge não mutilar o próximo. Em matéria
de afetividade, no curso dos séculos, vezes inúmeras disparamos na direção do
narcisismo e, estirados na volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos
alheios, impelindo criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e
criminalidade, depois de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas
brilhantes, das quais nos descartamos em movimentação imponderada. Toda vez que
determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo
neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um
circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias
espirituais, em regime de reciprocidade. Quando um dos parceiros foge ao
compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio
emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a
ser efetuado. É dada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de
manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não dispõe de
conhecimentos superiores na auto-defensiva, entra em pânico, sem que se lhe
possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinqüência. Tais
resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que
partilhará das conseqüências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao
caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o
futuro. Sabemos que a Justiça Humana comina punições para os atos de pilhagem na
esfera das realidades objetivas, considerando a respeitabilidade dos interesses
alheios; no entanto, os legisladores terrestres perceberão igualmente, um dia,
que a Justiça Divina alcança também os contraventores da Lei do Amor e determina
se lhes instale nas consciências os reflexos do saque afetivo que perpetram
contra os outros. Daí procede a clara certeza de que não escaparemos das
equações infelizes dos compromissos de ordem sentimental, injustamente
menosprezados, que resgataremos em tempo hábil, parcela a parcela, pela
contabilidade dos princípios de causa e efeito. Reencarnados que estaremos
sempre, nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das mutilações e
conflitos hauridos no clima da irreflexão, aprenderemos no corpo de nossas
próprias manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da penalogia
sem cárcere aparente, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós.
Por: Emmanuel, Do livro: Vida e Sexo, Médium: Francisco Cândido Xavier
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