Ensinar, por Espíritos Diversos
Dos Desvios e Distorções Doutrinárias
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Há que se dedicar muito cuidado e atenção na prática cotidiana da programação
de nossas instituições espíritas. O compromisso do adepto espírita é com o
Espiritismo. E Espiritismo está claramente definido nas obras básicas de Allan
Kardec. As inclusões indevidas, práticas que distorcem, inovações oriundas de
nossas distrações doutrinárias e mesmo quando criamos o “nosso espiritismo”,
correm por nossa conta e risco, gerando responsabilidades de expressão, face às
noções indevidas que podemos estar semeando em pessoas que agora se aproximam da
Doutrina Espírita e o conhecem distorcido de suas propostas verdadeiras.
O compromisso do Espiritismo é com a renovação moral do ser humano. Totalmente
conectado com o Evangelho de Jesus, suas bases visam esclarecer e orientar sobre
nossa natureza, origem e destinação como filhos de Deus. Fundamentado em bases
racionais e exclusivamente voltado ao crescimento intelecto moral dos filhos de
Deus, o Espiritismo dispensa condicionamentos, dependências de qualquer espécie,
imposições, exigências e fanatismos que possam ou queiram se impor.
Quando se fala em condicionamentos e dependências, há um leque enorme de
situações sutis que vamos nos permitindo e que deformam totalmente a genuína
prática espírita. Alguém poderia perguntar: mas qual ou quais? Relacione uma ou
mais. Não há necessidade de citar, discriminar ou criar outros perigosos
caminhos que são os do preconceito ou do orgulho ferido e mesmo possíveis
imposições ou críticas que não cabem.
A resposta é fácil. O Espiritismo possui e oferece ferramentas úteis e precisas
para se evitar condicionamentos e dependências. Basta que perguntemos a nós
mesmos: o que espero ou faço do Espiritismo? Como dirigente, palestrante,
escritor ou colaborador/tarefeiro em qualquer área de atividade nas instituições
– pois que não há qualquer atividade que seja mais importante ou mereça qualquer
destaque, já que somos todos meros aprendizes –, como estou me portando?
Aprisiono ou liberto e motivo as pessoas? Uso ameaças, chantagem e imponho
minhas ideias e vontades como as únicas corretas? Sou daqueles que recriminam e
acusam, desprezam ou não desmerecem o esforço alheio? Não é preciso continuar.
Muitas outras situações podem ser incluídas.
Com tais posturas, onde vão se incluir os desdobramentos próprios do orgulho, da
vontade de dominar, da vaidade e da prepotência, geram os problemas que aí
estão, esperando nossa submissão à realidade do que realmente somos: todos meros
aprendizes.
O pior de tudo isso é que deixamos que nossas tendências introduzam práticas
estranhas ao Espiritismo na prática cotidiana dos Centros, como as atuais
novidades incoerentes com a genuína prática espírita. Quais são as novidades?
Novamente não é nem preciso citar. Basta observar com atenção! Os desvios surgem
e as novidades aparecem quando esquecemos a prioridade do Espiritismo: nossa
melhora e progresso moral.
E a orientação desse programa está claramente nas obras básicas, que esquecemos
de consultar, de estudar, refletir e divulgar. E principalmente de fazê-la
amplamente compreensível, em suas riquezas, para aqueles que se aproximam –
sedentos por entender – e são bombardeados com condicionamentos que, ao invés de
libertarem, aprisionam e repetem os mesmos equívocos da história bem conhecida,
ao longo do tempo.
É nosso dever respeitar o Espiritismo! É nosso dever transmitir Espiritismo com
fidelidade. Muitas pessoas que agora se aproximam do Espiritismo não trazem uma
formação anterior que lhes facilite entender os fundamentos do Espiritismo e
estes precisam ser explicados, comentados, exemplificados com clareza.
E, infelizmente, diante de tanta grandeza moral à disposição para cumprir sua
justa finalidade, ficamos usando nosso tempo, recursos e inteligência para
finalidades absolutamente distantes da genuína prática espírita que não é outra
senão a caridade, em sua ampla abrangência, que não se restringe à doação de
coisas, mas à doação de nós mesmos na gentileza, na sensibilidade, na atenção,
no estender das mãos, no trabalho em favor do bem geral, etc, etc.
Abramos os olhos. Nossa responsabilidade é enorme. E nossa fragilidade também...
Por: Orson Carrara, Enviado pelo autor
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