Ensinar, por Espíritos Diversos
Muitas Felicidades
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Corria o ano de 1942. A Rádio Tupi do Rio de Janeiro resolveu fazer um
concurso de quadrinhas para substituir a letra em inglês da famosa música
americana Happy birthday to you.
Na versão estrangeira original o título da canção era repetido quatro vezes,
sendo que na terceira, era acrescido da palavra dear (querido ou querida)e mais
o nome do aniversariante.
Foram cerca de cinco mil inscritos. O júri foi composto por imortais da Academia
Brasileira de Letras. E os versinhos vencedores foram da paulista Bertha Celeste
Homem de Mello.
Os jurados escolheram sua obra principalmente por trazer versos diferentes para
cada linha, ao invés de se repetirem como na versão americana, fórmula que fora
seguida pela grande maioria dos candidatos.
Bertha, até sua desencarnação em 1999, fazia questão de que as pessoas cantassem
a letra da exata maneira que escrevera:
Parabéns a você. Nesta data querida. Muita felicidade. Muitos anos de vida.
Há dois detalhes importantes a serem destacados. Primeiro: a autora, até a sua
despedida, em todas as entrevistas que dava, frisava que a letra original dizia:
a você e não pra você.
O pra você foi se popularizando através dos anos em algumas regiões do país. Não
deixa de estar correto, mas não é fiel à letra original.
Segundo, e aqui está o item mais interessante: Bertha, em uma de suas últimas
manifestações, afirmou: Canta-se errado. Não é “muitas felicidades”, é “muita
felicidade”, pois felicidade é uma só.
Quem sabe, durante este tempo todo de nossa História como Humanidade, tenhamos
buscado apenas colecionar muitas felicidades.
E então, aquela tão sonhada ventura plena, aquela que julgamos estar no final de
tudo, lá estaria, montada com a soma de todas essas felicidades colhidas pelo
caminho.
Pensemos um pouco sobre isso. Não parece uma visão muito pequena? Será que a
nossa felicidade íntima é feita apenas dos bons momentos que vivemos?
Momentos felizes são importantes, é certo. Eles nos animam, nos dão energia,
vontade de viver.
Momentos inesquecíveis ao lado de quem se ama nos dão forças para seguir, nos
dão identidade, nos dão raízes.
Momentos de vitórias, de conquistas, realizações, fazem parte da construção
segura da felicidade completa da alma.
Ser feliz, porém, é um passo além de ter, no caminho, muitas felicidades.
Há quem diga que é possível, inclusive, ser feliz sem tê-las sempre. Ser feliz
até na dor.
Os momentos de luta árdua, de prova dolorida, de sofrimento atroz, também
edificam a felicidade verdadeira.
A felicidade é um edifício que se constrói em meio aos momentos felizes e
infelizes das vidas, pois ela está no que se aprende com eles.
As belas telas são feitas de luz e sombra. As esculturas que nos encantam os
olhos foram moldadas não apenas pelo carinho de mãos dedicadas, mas,
principalmente, pelo cinzel insistente e seguro.
Todos estamos sendo moldados, formados, esculpidos pelo planeta para
construirmos aqui parte da nossa felicidade, com muitas felicidades ou sem elas.
Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita. Do site: http://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=5534&stat=0
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