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Os procedimentos se faziam apressados para o embarque dos passageiros na aeronave.

A preocupação para não haver atraso, o tempo exíguo, exigia um tanto mais.

O bom andamento na entrada do avião, para que todos logo se acomodassem, preocupava a tripulação.

Nesse afã de logo completar a tarefa e seguir viagem, se empenhavam os comissários de bordo.

Estando acomodados um certo número de pessoas, adentrou o avião uma jovem.

De compleição física robusta, alta, embora de aparência saudável, denotava em seu semblante que algo não estava bem.

Vinha seguida pela mãe, idosa, miúda na sua constituição, que a encorajava a seguir em frente.

Os passos se faziam titubeantes. As mãos, suarentas, apoiavam-se lentamente, poltrona a poltrona, como a querer agarrar-se, fincar-se ao solo.

Parecia tomada de pavor, como se algo fosse lhe acontecer.

A mãe, bem próxima, a incentivava a dar os próximos passos a fim de chegar nas poltronas que lhes cabiam.

Porém, a jovem não venceu mais do que três ou quatro fileiras.

Ao vislumbrar o imenso corredor, as inúmeras poltronas, filas, pessoas, foi tomada de um medo colossal, e não pôde prosseguir.

A face se fez pálida. As mãos agarraram a poltrona mais próxima e os pés estaquearam de vez.

A mãe, entre acabrunhada e nervosa, tentava em vão pedir-lhe que prosseguisse. A fila dos passageiros se alongava, às suas costas.

Vendo a cena, um comissário de bordo se aproximou. Ele tinha todo o treinamento necessário para lidar com essas situações.

Sabia da sua obrigação de dar conta do embarque de todos os passageiros, para que o piloto pudesse dar início à decolagem.

Conhecia as regras e a correta abordagem, sem perder a calma e a polidez.

Porém, ele resolveu utilizar outra ferramenta, essa talvez mais rara nos manuais de treinamento.

Aproximou-se da jovem, trêmula e parecendo apavorada.

Suavemente apoiou sua mão sobre o ombro dela, e gentil, convidou:

Vamos sentar na poltrona, minha flor?

Aquelas palavras, que manifestavam compreensão pela dificuldade que ela enfrentava, soaram aos seus ouvidos como bálsamo.

Tomada de nova coragem, envolvida pela gentileza do rapaz, ela retomou os passos até o local indicado, permitindo que o embarque retornasse ao fluxo normal.

Este é o poder da gentileza.

Derrete a frieza das relações, supera obstáculos interpostos entre as pessoas, encoraja o mais frágil, fortalece o mais fraco.

Muitas vezes, todas as técnicas, conhecimento e destreza não superam o que a doçura de uma palavra, um gesto suave, um olhar carinhoso são capazes de realizar.

Ser gentil extrapola a polidez. Vai além da obrigação e mesmo do profissionalismo.

Ser gentil é semear pequenas flores na estrada alheia, para que o próximo se impregne, mesmo que somente por curta distância, poucos passos apenas, de um leve perfume que extravasa solidariedade, fraternidade, preocupação pelo outro.


Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Suely Caldas Schubert, em palestra de 8.2.2015. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4445&stat=0


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