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É um quadro sempre inquietante
Que inspira pena e cuidado
Quando vemos no caminho
O pântano abandonado.

Enquanto, em redor de si,
Há cantos que a vida entoa,
Ele espera ansiosamente
O esforço que aperfeiçoa.

Todo o ar é pestilento
Em sua fisionomia,
Nos seus bancos lamacentos,
Ninguém descansa ou confia.

Muitos poucos se aproximam
Do barro de sua imagem;
É ferida cancerosa
No organismo da paisagem.

Mas, um dia, o lavrador
Dá-lhe atenção, dá-lhe drenos,
E o pântano desolado
É o melhor dos seus terrenos.

Onde havia lodo e lama,
Águas sujas e amargosas,
Os legumes são mais ricos,
As flores mais perfumosas.

Essas terras desprezadas,
Tão pobres e desiguais,
Ensinam, em toda parte,
Que Deus é o melhor dos pais.

Entre as quedas dolorosas,
Nos erros e nos desvios,
Nós somos, na Criação,
Pontos tristes e sombrios.

Nossa idéia de virtude,
A mais bela em sentimento,
É a que nasce nos monturos
Da lama do sofrimento.

Deus, porém, que é o Pai Amigo,
Jamais nos deixou a sós,
Jesus é o bom lavrador,
E o pântano somos nós.


Por: Casimiro Cunha, Do livro: Cartilha da Natureza, Médium: Francisco Cândido Xavier


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