Ensinar, por Espíritos Diversos
Episódio em Caminho
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A história não é nossa. É um fragmento do folclore dos primeiros amigos de
Jesus, a fim de que observemos as dificuldades do Cristianismo nascente.
O Mestre, seguido pó Simão Pedro, fora visitar alguns docentes nos arredores de
Bethânia.
Os enfermos se multiplicavam pedindo-lhe socorro e a noite desceu sobre a
região, coberta de nuvens densas. E era preciso voltar a Cafarnaum, onde Pedro
mantinha a própria moradia.
Fosse pela jornada a pé ou pelas tarefas executadas, a verdade é que Jesus
demonstrava grande cansaço. Pedro notou-lhe a fadiga e sustentou a marcha
vagarosa, conquanto temendo as nuvens que se adensavam, prenunciando aguaceiro
próximo.
Ao longe, no escuro da noite, os viajantes lobrigaram um ponto de luz.
Seria uma estalagem? Não lhes seria lícito tentar o refúgio por ali?
Para lá se dirigiram a passo lento.
Pedro, desenvolto bateu à porta e um homem rude atendeu.
Não, aquilo não era estalagem e sim uma casa isolada, mantida por jogadores de
Sephoris, para distrações casuais.
Simão Pedro implorou abrigo para ele e o companheiro.
O áspero anfitrião voltou ao interior para consulta e retornou com a resposta.
Os chefes da casa somente dispunham de um leito largo, formado de almofadões.
Se os viajores aceitassem... poderiam descansar ali por uma noite.
Em vista da chuva iminente poderiam aceitar o oferecimento. Era somente para
aquela noite difícil.
Jesus e Simão entraram, naturalmente acanhados.
Os jogadores tentavam a sorte, numa espécie de dados da atualidade, com grande
alarido.
Os dois recém-chegados, porém, recolheram-se ao quarto onde se achavam os
almofadões, com evidente humildade e dormiram quase que de imediato.
Depois de algumas horas, um dos homens de Sephoris exclamou com ênfase:
- Será que pusemos dois vagabundos dentro de casa?
- Serão ladrões? – perguntou um dos circunstantes.
Um mais afoito se adiantou:
- Apliquemos um surra em um deles, como advertência.
- Um deles, qual? – inquiriu um jovem presente.
Alegou um outro:
- Arrastem para cá aquele que estiver à beira dos almofadões.
Esse era Simão que foi acordado com desrespeito e trazido à sala, em que dois
dos anfitriões lhe aplicaram golpes de azorrague.
Simão tudo aceitou em silêncio e, após a inesperada agressão, regressou ao
leito, onde choramingou, narrando a Jesus o sucedido.
- Conserva a paciência, Simão – pediu-lhe Jesus – a paciência é uma luz perante
o Pai Celestial.
E, com muito cuidado, alojou Pedro no canto dos almofadões, onde o Mestre
acreditava fosse o lugar mais acolhedor.
Pedro acomodou-se, Jesus veio para a beira da cama.
Decorridos alguns minutos, um dos jogadores reclamou:
- Com respeito a estes hóspedes, nossa medida não foi justa. Tragam o vagabundo
que está no canto do leito para que se lhe apliquem algumas bastonadas. Não é
razoável que a advertência seja dirigida a um só.
Simão foi arrancado, de novo, do recanto em que jazia e, embora gemendo, tomou
várias bastonadas que lhe machucaram as pernas.
Voltou à cama, a lamuriar-se e Jesus lhe repetia:
- Simão, tenha paciência. A paciência é registrada nos Céus...
Pedro lamentando-se em voz baixa, nada respondeu.
Ao amanhecer pagaram pequena taxa a um moço de serviço e colocaram-se a caminho
de Cafarnaum.
Jesus, procurando quebrar o silêncio, disse a Pedro que manquitolava
penosamente:
- Simão, pense em nossos compromissos. Você foi agredido, apanhou e sofreu, mas
é justamente assim que o Pai que está nos Céus, manda tratar os meus
seguidores...
Simão lançou em Jesus um olhar estranho e falou com evidente desagrado:
- É por isso, Mestre, que vós os tendes poucos.
Por: Augusto Cezar, Do livro: Fotos da Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier
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