Ensinar, por Espíritos Diversos
Cordialmente
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Declara-se aflito e exausto. Aproximou-se do espiritismo, como quem busca a
fonte de águas vivas. Deslumbrado, feliz, você saciou a sede de conhecimento e
consolação. Sentiu a grandeza da vida que se estende, sublime, além da morte, e
passou a cooperar a fim de que outros recebessem a mesma dádiva.
Entretanto, alega a impossibilidade de ajustar-se a demais peças da máquina de
serviço. Assevera, contrafeito, haver encontrado na organização doutrinária a
inconsciência, a insensatez, a desconfiança e a maldade. Afirma que os irmãos
não vibram no mesmo ritmo de fraternidade com que seu coração vai marcando as
horas renovadoras.
Suas boas intenções são deturpadas, seus melhores sentimentos feridos...
No entanto, que lavrador do mundo encontrou o campo sem obstáculos e sem erva
daninha, convidando-o ao amor da sementeira inicial?
Se você, de mãos postas no arado da própria redenção avançasse, firme, no
esforço silencioso, provavelmente não seria defrontado pelo desapontamento.
Não espere que o amigo venha ao encontro de suas necessidades, nem estabeleça
dívidas de gratidão que você mesmo teria dificuldade de aceitar.
Não fomos chamados a servir entre anjos. Criaturas imperfeitas quais somos, por
que exigir um paraíso com exclusividade para os nossos desejos? Permanecemos num
intenso campo de trabalho, onde cada servo foi trazido pelos Desígnios
Superiores a recanto diferente.
O Espiritismo Evangélico detém gloriosa tarefa a concretizar-se através da
colaboração dos homens de boa vontade. Se não nos sentirmos edificados para a
melhoria dos outros, como realizar o cometimento?
Além disso, não creia seja você o único a tolerar. Todos nós arquivamos traços
condenáveis na personalidade que outros suportam a seu turno.falhando-nos o
senso de auxílio mútuo, como garantir a integridade das obras?
Por que a demora na exasperação ou no desânimo, se há tanto serviço nobre por
fazer? Por que disputar funções alheias se cada qual de nós está situado na
posição em que será possível produzir mais e melhor?
As abelhas, em plena atividade da colméia, quando visitadas por algum detrito,
não perdem tempo, atribuindo-lhe demasiada importância. Envolvem o elemento
indesejável em cera isolante e prosseguem na abençoada faina do mel.
Esqueçamos também o mal perturbador para que o bem não sofra perigoso intervalo.
Depois do sepulcro, na maioria das vezes, é que descobrimos o valor dos detritos
nos círculos de luta em que você ainda se encontra. O corpo constitui para a
alma o que a enxada representa para o lavrador - instrumento bendito para a
aquisição de experiência. E acaso poderíamos justificar a deserção do
agricultor, diante de pedras e espinheiros? Para que a enxada? Para que a
oportunidade de elevação?
Não menoscabe o seu ensejo de aprender, trabalhar e servir.
Quanto à imperfeição dos companheiros, lembre-se de que o doente reclama
remédio, tanto quanto o abismo anseia plenitude. As visões gloriosas e as
gloriosas revelações não traduzem mais que responsabilidade. Paulo de Tarso
contempla Jesus, radiante de beleza celestial, às portas de Damasco, todavia,
voltando a si do êxtase divino, repara que a paisagem é a mesma e que os seus
problemas individuais continuam inalteráveis, exigindo-lhe alta capacidade de
renunciação e sacrifício para resolvê-los perante as Leis Eternas. O próprio
Mestre, depois de maravilhosamente transfigurado no Thabor, desce o mente
iluminado para escalar a cruz em plena sombra.
Que deseja, pois, meu amigo? Voar sem asas? Não intente. Por enquanto trabalhe
por alcança-las.
É provável que você se aborreça com o meu parecer. Esta opinião, porém, é de um
“morto” para um “vivo” e, por isto mesmo, não tem maior importância. Se você
puder aproveita-la, parabéns merece pela atitude arrojada, diante de si próprio,
mas se estiver incapacitado, continue procurando a “boa vida” até que a morte
lhe descerre a visão. A essa altura, aprenderá muita lição útil na compulsória,
engaiolado no “cárcere do tempo perdido”, contudo, nem por isso esteja abatido e
desconsolado porque você não será o primeiro.
Por: Irmão X, Do livro: Histórias e Anotações, Médium: Francisco Cândido Xavier
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