Ensinar, por Espíritos Diversos
Ao Companheiro Juvenil
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Meu Filho:
Integrado numa agremiação juvenil de Espiritismo Cristão, você, confiadamente,
pede esclarecimentos e diretrizes.
Sinto-me, contudo, embaraçado para fazê-lo.
Que trabalhador de nossa estirpe estará bastante habilitado para aconselhar com
segurança? quem não terá infantilidades no coração?
Mas se você está realmente comungando os ideais da Doutrina que nos é preciosa,
nela própria você encontrará o roteiro de que necessita.
O Espiritismo, descerrando a pesada cortina que velava, até agora, os segredos
do túmulo, não é somente a academia santificante de sábios e heróis, mas também
a escola abençoada de pais e mães, pensadores e artistas, condutores e
artífices, formando missionários do bem e do progresso.
Atendendo-lhe aos ensinamentos, poderá galgar múltiplos degraus da sublime
ascensão.
Entretanto, pássaro embriagado de liberdade, ante o horizonte infinito, você
poderá comprometer o trabalho do próprio burilamento espiritual, se não souber
manejar, simultaneamente, as asas do entusiasmo e da prudência.
Nesse sentido, se algo posso rogar a você, não menospreze a experiência dos mais
velhos.
Já sei a qualidade de suam objeções.
"Nem sempre os maduros são os melhores - dirá em suas reflexões sem palavras - ;
tenho visto velhos desprezíveis, viciados e portadores de maus exemplos."
Não julguemos apressadamente. Considere que os pioneiros da luta, encontrados
por você, no grande caminho da vida, talvez não tenham recebido as oportunidades
que brilham em suas mãos.
Ainda que lhe pareçam inconsistentes ou contraditórios, duros ou exigentes,
ouça, com respeito e serenidade, o que digam ou ensinem.
Que seria de nós, sem o esforço de quem nos antecede?
Invariàvelmente, aprendemos alguma coisa de útil ou de belo, alicerçando-nos na
lição de quem lutou, antes de nós.
Acima de tudo, lembre-se de que fomos chamados para ajudar.
Velhos e novos já possuem críticos em excesso.
O mundo está repleto de espinheiros e raras criaturas aparecem dispostas ao
cultivo do bom grão
É possível não possa concordar com os mais velhos em certas particularidades da
experiência comum ; no entanto, o silêncio é o melhor remédio onde não podemos
auxiliar.
Se você também, vergôntea promissora, pretende adquirir os defeitos dos galhos
decadentes, confiando-se aos vermes do sarcasmo ou da rebelião, que será do
tronco venerável da vida?
Em todos os climas, o nosso concurso ativo, na extensão do bem, é o serviço mais
apreciável que podemos prestar à Humanidade e ao Mundo. E, além disso, saiba que
a existência na Terra se assemelha a travessia de longa avenida, onde os
transeuntes ocupam lugares diferentes, no espaço e no tempo. Hoje, você começa a
palmilhá-la ; todavia, dentro de algum tempo, atingirá a posição dos que já
amadureceram na jornada, exibindo alterações na carne e carregando diferentes
impulsos no coração.
Cultive a afabilidade com todos e não olvide que a Lei lhe restituirá o que você
houver semeado.
Não inveje a prosperidade dos homens inescrupulosos e indiferentes. A ilusão
temporária pode ser dos ímpios; contudo, a verdadeira paz é patrimônio dos
simples e dos bons...
Estude e trabalhe, incessantemente. O estudo favorece o crescimento espiritual.
O trabalho confere grandeza.
Conseguirá você ostentar os mais belos títulos na galeria dos jovens
espiritualistas, mas, se foge ao livro e à observação e se lhe desagradam o
ser-viço e a disciplina, não passará de um menino irrequieto e desarvorado, para
quem os dias reservam amargos ensinamentos.
Quanto ao mais, se você deseja partilhar, com sinceridade, a experiência cristã,
comece a viver, entre as paredes de sua própria casa, segundo os princípios
sublimes que abraçou com Jesus. Quem puder fazer a boa vizinhança com os
parentes consangüíneos ou souber merecer o apoio legítimo dos amigos e
conhecidos, terá conquistado elogiáveis habilitações, no campo da vida. Mas se
você também está conversando no bem, com receio de praticá-lo, gastando o
tesouro do tempo, em vão, prepare-se, convenientemente, para receber dos jovens
de amanha a mesma desconfiança e a mesma ironia com que são tratados os velhos
menos felizes de hoje.
Por: Irmão X, Do livro: Correio Fraterno, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos
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