Ensinar, por Espíritos Diversos
A Reflexão Mental
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Quando os Instrutores da Sabedoria preconizam o estudo, não desejam que o
aprendiz se intelectualize em excesso, para a volúpia de humilhar os semelhantes
com as cintilações da inteligência, e, quando recomendam a meditação, decerto
não nos inclinam à ociosidade ou ao êxtase inútil.
Referem-se à necessidade de nosso aprimoramento interior para mais vasta
integração com a Luz Infinita, porque o reflexo mental vibra em tudo.
Nossa alma pode ser comparada a espelho vivo com qualidades de absorção e
exteriorização.
Recolhe a força da vida em ondas de pensamento a se expressarem através de
palavras e atitudes, exemplos e fatos.
Refletimos, assim, constantemente, uns nos outros.
É pelo reflexo mental que se estabelece o fenômeno da afinidade, desde os reinos
mais simples da Natureza.
Vemo-lo nos animais que se acasalam, no mesmo tom de simpatia, tanto quanto nas
almas que se reúnem na mesma faixa de entendimento.
Quando se consolida a amizade entre um homem e um cão, podemos registrar o
reflexo da mente superior da criatura humana sobre a mente fragmentária do ser
inferior, que passa então a viver em regime de cativeiro espontâneo para servir
ao dono e condutor, cuja projeção mental exerce sobre ele irresistível fascínio.
É desse modo que Espíritos encarnados podem influenciar entidades desencarnadas,
e vice-versa, provocando obsessões e perturbações, tanto na esfera carnal como
além-túmulo.
As almas que partem podem retratar as que ficam, assim como as almas que ficam
podem retratar as que partem.
Quando pranteamos a memória de alguém que nos antecede, aí no mundo, na viagem
da morte, atiramos nesse alguém o gelo de nossas lágrimas ou o fogo de nossa
tortura, conturbando-lhe o coração, toda vez que esse Espírito não for
suficientemente forte para sobrepor-se ao nosso infortúnio. E quando alguém se
ausenta da carne, carreando aflições e pesares procedentes de nossa conduta,
arremessará da vida espiritual sobre nossa alma os dardos magnéticos da
lembrança infeliz que conserva a nosso respeito, prejudicando-nos o passo no
mundo, caso não estejamos armados de arrependimento para renovar a situação,
criando imagens de harmonia restauradora.
Em razão disso, convém meditar nos ideais, aspirações, pessoas e coisas que
refletimos, porque todos nos subordinamos, pelo reflexo mental, ao fenômeno da
conexão.
Estamos inevitavelmente ligados a tudo o que nos merece amor.
Essa lei é inderrogável em todos os planos do Universo.
Os mundos no Espaço refletem os sóis que os atraem, e a célula, quase
inabordável do corpo humano, reflete o alimento que lhe garante a vida. Os
planetas e os corpúsculos, porém, permanecem escravizados a leis cósmicas e
organogênicas irrevogáveis.
O Espírito consciente, no entanto, embora submetido às leis que lhe presidem o
destino, tem consigo a luz da razão que lhe faculta a escolha.
A inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir, pelo poder da
vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando os recursos
capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento.
A reflexão mental no homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em
beleza para absorver em si a projeção do Pensamento Superior.
Tudo dependerá de nosso propósito e decisão.
Enquanto nos comprazemos com a ignorância ou com a indiferença para com os
princípios que nos governam, somos cercados sem defensiva por pensamentos de
todos os tipos, muitas vezes na forma de monstruosidades e crimes, em quadros
vivos que nos assaltam a imaginação ou em vozes inarticuladas que nos assomam à
acústica do espírito, conduzindo-nos aos mais escuros ângulos da sugestão.
É por isso que notamos tanta gente ao sabor das circunstâncias, aceitando
simultaneamente o bem e o mal, a verdade e a mentira, a esperança e a dúvida, a
certeza e a negação, à maneira de folha volante na ventania.
Eduquemo-nos, estudando e meditando, para refletir a Divina Inspiração.
Lembremo-nos de que o impulso automático do braço que levanta a lâmina homicida
pode ser perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que ergue um livro
enobrecedor.
A atitude mental é que faz a diferença.
Nosso pensamento tem sede de elevação, a fim de que a nossa existência se eleve.
Construamos em nós o equilíbrio e o discernimento.
Rendamos culto incessante à bondade e à compreensão.
Habitualmente contemplamos no espelho da alma alheia a nossa própria imagem, e,
por esse motivo, recolhemos dos outros o reflexo de nós mesmos ou então aquela
parte dos outros que se harmoniza com o nosso modo de ser.
Não bastam à nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou valores
incompletos.
Todos temos fome de plenitude.
O desejo é o imã da vida.
Desejando, sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e
transmite o que recebe.
Aprendamos, pois, a querer o melhor, para refletir o melhor em nossa ascensão
para Deus.
Por: Alberto Seabra, Do livro: Vozes do Grande Além, Médium: Francisco Cândido Xavier
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