Ensinar, por Espíritos Diversos
A Caridade e o Amor
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"Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?"
"Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros,
perdão das ofensas."
Questão n.º 886 (Da Lei de Justiça, de Amor e de Caridade) - O Livro dos
Espíritos
Confunde-se, freqüentemente, caridade com amor. No entanto, não são palavras
sinônimas, tanto que ambas aparecem numa lei divina que inclui a justiça. Muitos
centros espíritas levam o nome "Amor e Caridade". Evidentemente não imaginavam
seus fundadores tivessem o mesmo significado, algo como "Luz e Claridade" ou
"Paz e Tranqüilidade".
Caridade seria, na ótica de "O Livro dos Espíritos":
Benevolência, que se exprime na boa vontade e na disposição para praticar o Bem;
Indulgência, que é clemência e misericórdia para as imperfeições alheias;
Perdão, que é o ato de desculpar ofensas.
Exercício de benevolência: Trabalho em favor do semelhante.
Exercício da indulgência: Solidariedade em face das limitações e fraquezas do
próximo, evitando discriminá-lo.
Exercício do perdão: Esquecimento do mal que se tenha sofrido de alguém, num ato
de tolerância esclarecida que se exprime na compreensão.
Talvez tenhamos aí a origem da máxima de Kardec: "Trabalho, Solidariedade e
Tolerância", a orientar a ação espírita. Sem tais princípios não há a
possibilidade de um entendimento perfeito ente os homens na construção de um
mundo melhor.
E o Amor?
Amor é afeição profunda. É gostar muito. É, em sua acepção mais nobre, querer o
bem de alguém na doação de si mesmo.
Decantado pelos poetas e exaltado pelos sonhadores, o Amor é abençoado sol que
ilumina e aquece os escabrosos caminhos humanos.
Só há um problema: é impossível sustentá-lo, torná-lo operoso e produtivo sem o
combustível da caridade.
Encontramos na via pública uma mulher em penúria, rodeada de filhos maltrapilhos
e famintos. Sensibilizamo-nos:
"Que quadro triste, meu Deus! Quanto sofrimento!"
Estendemos-lhe alguns trocados e seguimos em frente, evocando, cheios de
compaixão:
"Jesus a ampare, minha irmã!."
Naquele exato momento brilhou em nós uma réstia de amor, infiltrando-se no
impassível egocentrismo humano.
Mas que amor vazio, efêmero! Um amor quase inútil, que se limitou à esmola para
aliviar a consciência, transferindo para o Cristo providência melhor, sem
considerar que Ele esperava por nós para atendê-la com a iniciativa de parar,
conversar, conhecer melhor a extensão de seus problemas, ajudando-a. Sem
caridade o amor pode ser muito displicente...
Temos um grande amigo. Gostamos muito dele. Um dia ele faz algo que nos
desagrada. Irritamo-nos profundamente. Azedamos nosso relacionamento.
Distanciamo-nos, jogando fora uma gratificante amizade. Sem caridade o
companheiro mais querido pode converter-se num estranho.
O casal vive bem. Marido e mulher amam-se profundamente. Um dia ele comete um
deslize: envolve-se em aventura extraconjugal. A esposa toma conhecimento e o
abandona imediatamente, não obstante ele implorar-lhe que fique, dilacerado de
remorsos. E estagiam ambos em crônica infelicidade, marcada por insuperável
nostalgia. Sem caridade o afeto mais ardente pode ser afogado num oceano de
mágoas e ressentimentos.
No passado muitos religiosos instalavam-se em lugares ermos, impondo-se
privações e flagícios como sacrifício em favor da Humanidade. Em sua maioria
apenas comprometeram-se em excentricidades e desequilíbrios. Sem caridade o amor
pelo semelhante pode converter-se em perturbadora paixão por nós mesmos.
O apóstolo Paulo vai bem mais longe no assunto (I Coríntios 13: 1-3), quando
destaca que ainda que detenhamos o verbo mais sublime, a mediunidade mais
apurada, o conhecimento mais profundo, a convicção mais poderosa, o desapego
mais amplo e inabalável destemor da morte, isso tudo pouco valerá se faltar a
caridade, isto é, se não estivermos imbuídos do desinteresse pessoal, no desejo
sincero de servir o semelhante.
E Kardec nos oferece a mesma visão de inutilidade de todas as iniciativas em
favor da redenção humana, se faltar o componente básico, ao proclamar:
"Fora da Caridade não há Salvação."
Por: Richard Simonetti, Do livro: A Constituição Divina
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