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A situação social da mulher no judaísmo ao tempo de Jesus era absolutamente vexatória e servil; por meio da tradição recomendava-se ao homem não conversar muito com mulher, mesmo que fosse a própria esposa e menos ainda se se tratasse da mulher do próximo, não se permitindo ao homem, por decoro, encontrar-se sozinho com uma mulher, olhar para uma mulher casada e até mesmo cumprimentá-la.
Com relação à mulher quase tudo era motivo para sua vergonha e era vergonhoso para um aluno de escriba trocar palavras com uma mulher na rua. À mulher não era permitido postar-se do lado de fora da casa sob risco de ser repudiada pelo marido, perdendo o direito de receber o valor ajustado no contrato de casamento. As famílias tradicionais e obedientes à lei exigiam que as jovens, até seu matrimônio, ficassem confinadas em seus aposentos em companhia de outras mulheres, lhes sendo vergonhoso expor-se aos olhares dos homens ainda que parentes.
Na família, o direito das filhas secundava aos dos filhos varões, limitando-se seu aprendizado às lides domésticas, tais como limpar a casa, costurar, fiar e cuidar dos irmãos menores. Nas questões de herança os irmãos e seus descendentes retinham o privilégio de serem aquinhoados com a melhor parte ou com o todo se pouco houvesse a ser partilhado. Até a idade de 12 anos a filha corria o risco de ser vendida pelo pai como escrava. Por outro lado, até o limite de 12 anos e meio de idade era o pai quem escolhia o noivo para a filha, que não podia recusar o pretendente, ainda que horroroso ou deformado, e o noivo simplesmente adquiria o direito sobre a noiva mediante um contrato ou uma soma em dinheiro previamente acertada com seu pai. Não lhe era tolerado o adultério; ao marido, vistas grossas.
Quando solteira, submissa ao pai; quando casada, ao marido. Os deveres de esposa incluíam além das atividades normais de um lar, lavar o rosto, mãos e pés do marido toda vez que solicitado; era obrigada a obedecer-lhe como seu amo, entregando-lhe toda a renda que obtivesse com seu trabalho manual de fiação e costura.
A infertilidade feminina era motivo de comentários sobre desonra e castigo divino. Gerar filhos varões destinava importância à esposa; gerar filha acarretava-lhe indiferença a ambas. Os direitos e deveres religiosos da mulher se restringiam a pouca atividade, talvez o suficiente apenas para ilustrar a história.
A relação dos deveres da mulher daquela época segue algo mais longa; entretanto, ela usufruía de alguns direitos que lhe garantiam a sobrevivência e a prática ou sujeição a determinados rituais, mas nada relevante.
Aí surge João Batista disposto a alterar parcialmente esse estado de coisas, batizando e acolhendo mulheres em seu rebanho, principalmente meretrizes. Mas cabe a Jesus reconhecer na mulher a pureza e amor que sempre lhes estiveram presentes, igualando-as ao mais destacado dos homens. Assim se aproxima da samaritana à beira do poço, assim se aproximam dele a mulher de Zebedeu, a mãe de Simão (Pedro), Maria, Marta, Madalena, Joana de Cusa, Suzana, Maria, mãe de Tiago e tantas outras que a memória evangélica zelosamente guarda como patrimônio do amor.
O homem de há muito descobriu que lhe sobra habilidade para construir uma casa sólida na segurança e bela na aparência, e demoradamente se conscientiza que apenas a mulher é capaz de edificar um lar pleno no aconchego e doçura do amor.


Por: Gérson Gomide, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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