Ensinar, por Espíritos Diversos
Aversão
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“O Livro dos Espíritos” – questões nºs 386 a 391 – fala dos
simpatias e antipatias existentes entre os encarnados, tudo com raízes profundas
na universal lei de sintonia.
Com relação à aversão, tem ela duas causas principais: o relacionamento
desarmônico entre as criaturas ou o desnível evolutivo. Em ambos os casos,
estamos sendo advertidos seriamente no sentido de não darmos guarida a esse
sentimento em nossos corações. Assim como somos chamados a perdoar igualmente
compreender o irmão menos vivido, porque é da Lei que o mais esclarecido oriente
os passos do menos esclarecido. Se o erro ou a prática de iniquidades fossem
imperdoáveis, Jesus não teria vindo até nós...
A aversão pode ser ativa ou passiva, conforme seja ela alimentada por nós ou
contra nós. No primeiro caso, ainda que a tarefa não seja fácil, o esforço por
libertarmo-nos desse impulso inferior depende exclusivamente da nossa vontade,
guiada para esse intento e recorrendo aos recursos sempre eficazes da vigilância
dos pensamentos e da meditação.
Na maioria das vezes, a aversão nasce de pequenas faltas ou de simples
desatenções involuntárias. Se tivéssemos a capacidade de “aguardar” o tempo,
quantas surpresas não teríamos? Quantas pessoas cometem pequenas
desconsiderações para conosco e mais tarde nos dão cabal demonstração de apreço
e amizade? Entretanto, os vícios da egolatria – o ciúme, a inveja, o orgulho, a
vaidade – impedem o pronto esquecimento da falta, exagerando-lhe a extensão. Com
o tempo, a simples mágoa inicial transforma-se em aversão duradoura.
Há certas antipatias cujas causas são aparentemente inamovíveis, tal como nos
casos de diferenças de sensibilidade entre duas criaturas. Não obstante, devemos
considerar que ninguém é completamente baldo de qualidades positivas e, se
estivermos realmente empenhados em transformar o sentimento de antagonismo, um
meio eficaz seria procurar descobrir virtudes em nosso opositor, fazendo nascer
me nós impulsos de boa-vontade. Esta é a técnica do bem-viver, a ser
sistematicamente aplicada, muito especialmente com relação àquelas pessoas
obrigadas a um convívio mais permanente conosco, como o colega de trabalho ou
parente próximo.
As leis da vida concedem aos adversários de ontem muitas oportunidades e tempo
mais prolongado, visando a reconciliação definitiva. Esse o objetivo a ser
alcançado a todo custo, porquanto o ódio e a desavença destroem sempre, enquanto
o amor é a base indispensável a qualquer realização nobre e permanente. Só assim
compreendemos por que os abnegados obreiros de plano espiritual, verdadeiros
instrumentos do Senhor, despendem tanto trabalho, tanta renúncia para alcançar
esses objetivos. Quanto atividade concentrada, para restaurar a harmonia da
vida, alternada pela nossa ignorância ou invigilância!...
Na segunda tese'>hipótese antes mencionada, isto é, a da aversão “contra nós”, o
remédio e bem difícil de ser aplicado, porque o resultado não depende somente de
nosso esforço, mas de modificarmos o quadro mental de nosso desafeto. Como
podemos conseguir isso?
Jesus nos recomenda “amar aos nossos inimigos”. Tal ensinamento tem sido até
motivo de chacota por aqueles que jamais procuram extrair o espírito da letra.
Com o tempo, porém, o aprendiz do Evangelho vê nele a ciência de bem-viver. Em
primeiro lugar, procura escoimar do ensinamento os exageros de interpretação,
para aplicá-lo na vida prática, com probabilidade de êxito. É evidente que a
recomendação evangélica não impõe convidemos o inimigo para jantar conosco. A
afinidade de sentimentos é lei natural que prevalece em todas as situações. Isso
não obsta, entretanto, que possamos modificar a maneira de sentir de nosso
desafeto, praticando a máxima de Jesus no seu significado simples de “retribuir
o mal com o bem” sempre que se apresente a oportunidade.
Da mesma forma, “orar pelos que nos perseguem e caluniam” é um recurso que
beneficia, antes de mais nada, a quem dele se vale, pois o maior efeito da
oração pelo nosso adversário é o de não deixar se instale, dentro de nós, o
sentimento mesquinho da aversão. A prece, nesses casos, nos provê de humildade,
possibilitando ver no ofensor um irmão carente de valores espirituais, tanto
quanto nós mesmos o somos...
Em suma, não devemos, em tese'>hipótese alguma, cultivar aversão contra quem quer que
seja. Um sentimento dessa ordem entrava o progresso espiritual, impede muitas
realizações positivas, com agravo de nossas responsabilidades perante a vida.
André Luiz, a esse respeito, nos diz:
“Toda antipatia conservada é perda de tempo, em muitas ocasiões acrescida de
lamentáveis compromissos. O espinheiro da aversão exige longos trabalhos de
reajuste. Em várias circunstâncias, para curar as chagas de um desafeto,
gastamos muitos anos, perdendo o contacto com admiráveis companheiros de nossa
jornada espiritual para a Grande Luz.” (“Entre a Terra e o Céu”, pág. 170).
Guardemos bem essas palavras do estimado amigo da Espiritualidade Maior.
Por: Aloysio Paiva, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.
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