Ensinar, por Espíritos Diversos
A Proteção de Santo Antonio
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Conta-nos venerando amigo que Antônio de Pádua, no luminoso
domicílio do plano superior, onde trabalha na extensão da glória Divina,
continuamente recebia preces de pequena família dos montes italianos.
Todos os dias era instado a prestar socorros e enlevava-se com as incessantes
manifestações de tamanha fé.
O admirável taumaturgo, por vezes, nas poucas horas de lazer, recreava-se
anotando o registro dos petitórios, procedentes daquele reduzido núcleo
familiar.
Sorria, encantado, relacionando-lhes as solicitações. O grupinho devoto
suplicava-lhe a concessão das melhores coisas.
Lembrava-lhe o nome, a propósito de tudo. Nas enxaquecas dos donos da casa. Nos
sonhos das filhas casadoiras. Nos desatinos do rapaz. Nos sapatos das crianças.
O santo achava curiosa a repetição das rogativas.
Variavam de trimestre a trimestre, repetindo-se, porém, cronologicamente.
Assim é que determinava aos colaboradores o fornecimento de recursos sempre
iguais, de conformidade com as estações. Dinheiro e utilidades, socorro e
medicação, alegria e reconforto.
Reproduziam-se os votos, na atividade rotineira, quando Santo Antônio reparando,
mais detidamente, as notas de que dispunha, verificou, surpreso, que aquele
punhado de crentes confiantes não apresentara, ainda, nem um só pedido de
trabalho. O protetor generoso meditou, apreensivo, e como a devoção continuasse,
fresca e ingênua por parte dos beneficiários, deliberou visitá-los pessoalmente.
Expediu aviso prévio e desceu, no dia marcado, para verificações diretas.
Desejava inteirar-se de quanto ocorria.
De posse da notificação, celestino, inteligente cooperador espiritual dele, veio
esperá-lo, não longe da residência humilde dos camponeses.
O iluminado solicitou notícias e o companheiro de boas obras respondeu,
respeitoso.
Em breve, sabereis tudo.
Com efeito, daí a momentos penetravam em pequeno recinto rural, uma casa antiga,
um jardim abandonado, um quintal escarpado entregue ao mato inútil e um telheiro
a ruir, fingindo estábulo, onde uma vaca remoia a última refeição.
Entraram.
Na sala, em trajes domingueiros de regresso da missa, um casal de velhos ouvia a
conversação dos filhos, um jovem robusto, duas moças casadoiras e duas crianças.
Santo Antônio abençoou o quadro doméstico, observando que a sua efígie era
guardada carinhosamente por todos.
As impressões verbais eram intercaladas de louvores ao seu nome.
De instante a instante, assinalava-se o estribilho:
Graças a Santo Antônio!
Voltando-se para o cooperador atento, o prestigioso amigo celeste pediu
esclarecimentos quanto aos serviços do grupo.
Foi informado, então, de que nenhum dos membros daquela comunidade possuía
trabalho certo, convenientemente remunerado. Celestino, aliás, terminou sem
circunlóquios:
O pessoal gira em torno de uma vaca, que torno participante de vossas bênçãos.
Como? Indagou o santo, admirado.
O pai, que se diz doente, angaria capim, de modo a alimentá-la.
As Jovens ordenham-na duas vezes por dia. O rapaz conduz o leite à vila para
vender.
Bolinha, a vaca protetora, sai do quintal somente cinco dias por ano, quando
passeia junto a rebanho próximo, é obrigada a fornecer seis a oito litros de
leite, em média diária, e um bezerro anualmente.
A dona da casa envolve-a em atmosfera de doce agasalho e os meninos escovam-na
cuidadosamente.
Apesar disso, porém, vive abatida, entre as cercas do escarpado curral.
Sabendo nós quanto amor consagrais a esta granja, repartimos com a humilde
vaquinha as dádivas incessantes que vossa generosidade nos envia.
Desse modo, garantimos-lhe a saúde e o bem-estar, porquanto, se a produção dela
cair, que sucederá aos vossos despreocupados devotos?
Bolinha é tudo o que lhes garante o pão e a vestimenta de hoje e de amanhã.
Antônio dirigiu-se ao estábulo, pensativo...
Acariciou o animal heróico e voltou ao interior.
Na palestra intima, animada, ouvia-se, de momento a momento:
— Louvado seja Santo Antônio!
— Viva Santo Antônio!
— Santo Antônio rogará por nós!
De permeio, sobravam queixas do mundo.
O advogado celestial, algo triste, convidou o companheiro a retirar-se e
acrescentou:
Auxiliemos positivamente esta família tão infeliz.
Antônio acercou-se da vaca, levantou-a, e sem que bolinha percebesse guiou-a
para alto, de onde se contemplava enorme precipício. Do cimo, o santo ajudou-a a
projetar-se rampa abaixo.
Em breves segundos a vaca não mais pertencia ao rol dos animais vivos na Terra.
Ante o colaborador assombrado, explicou-se o taumaturgo:
Muitas vezes, para bem amparar, é imprescindível retirar as escoras.
E voltou para o Céu.
Do dia seguinte em diante, as orações estavam modificadas.
Os camponeses fizeram solicitação geral de serviço e, com o trabalho digno e
construtivo de cada um, a prosperidade legítima lhes renovou o lar,
carreando-lhes paz, confiança e júbilos sem-fim...
Quantos Benfeitores Espirituais são diariamente compelidos a imitar, no mundo
dos homens encarnados, a proteção de Santo Antônio?
Por: Irmão X, Médium: Francisco Cândido Xavier
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