Ensinar, por Espíritos Diversos
O Mundo Espiritual
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Tenho pouco conhecimento da história do Espiritismo no mundo
desde o surgimento de O livro dos Espíritos em 1857. Algumas notícias esparsas
trazidas pelo próprio Allan Kardec publicadas nos 138 números da Revista
Espírita, que circulou por 12 anos. Notícias diversas, por diferentes médiuns,
ao redor do mundo, formam o frágil noticiário sobre o que se passa no chamado
Mundo Espiritual, também conhecido com Espiritualidade Maior.
A questão é: Há uma única Espiritualidade para espíritos que se encontrem no
mesmo nível de evolução, mesmo tendo reencarnado em países e culturas distintas?
Será que espíritos tailandeses, por exemplo, encontram-se com os venezuelanos,
estando ambos em vibrações próximas? Será que existe uma organização no Mundo
Espiritual que congregue tais espíritos ou que se ocupe de problemas comuns?
Estranho que não encontremos uma reunião de espíritos que se comunicam por
diferentes médiuns em um determinado lugar da Erraticidade. Ainda não li relato,
através de psicografia, de médiuns que recebem inspiração de determinado
espírito considerado Superior, citando outro que receba a mesma denominação,
porém de exclusividade de outro médium.
Parece que existem feudos espirituais ou que os médiuns encarnados não conseguem
captar reuniões entre espíritos que se comunicam exclusivamente através de
diferentes médiuns. A desunião existe entre os espíritos ou entre os médiuns
encarnados, os quais, por razões diversas, não dão ênfase à presença de
espíritos que se comunicam por outros médiuns?
Não quero citar nomes, pois o objetivo do que escrevo é esclarecer. Creio que a
resposta mais plausível para os questionamentos é que os espíritos desencarnados
ainda se agrupam segundo suas culturas e seus objetivos pessoais. Tais
objetivos, creio eu, visam esclarecer o ser humano, porém são atingidos através
de diferentes estratégias.
Espíritos católicos, por exemplo, atuam diferentemente dos budistas. Talvez eles
não sejam dirigidos por uma única entidade espiritual ou grupo de espíritos.
Espíritos cujas encarnações se dão prioritariamente numa mesma cultura, não se
reúnem tão facilmente com outros de cultura diferente, mesmo que tenham as
mesmas idéias. Diferem nas estratégias. Isso se torna coerente quando
verificamos a história da humanidade e percebemos que, embora haja o progresso e
o desenvolvimento coletivo, ocorre uma certa segregação e valorização de
determinadas culturas em favor de outras. Parece não haver uma unidade entre
espíritos desencarnados.
A humanidade terrestre, embora seja uma só, ainda está dividida deste e do outro
lado da vida. Deve existir, em Plano Maior, uma preocupação coletiva e uma busca
por unidade entre espíritos desencarnados vinculados a Terra, porém, creio,
levará muito tempo para se conseguir uniformidade nas ações. As guerras entre
culturas na história da humanidade atestam isso.
Precisamos entender, talvez, que há um grande trabalho em desenvolvimento no
mundo espiritual voltado para a união de esforços no sentido de se perceber os
reais objetivos da existência do espírito, não apenas da vida no corpo.
A vida espiritual ainda é pobre, muito embora menos do que a dos encarnados. As
descrições que conheço a respeito da vida no Mundo Espiritual parecem uma cópia
melhorada da sociedade dos encarnados. O sistema de organização e os mecanismos
de recompensa parecem os mesmos e as relações entre pessoas também. Poucos
avanços, salvo no campo tecnológico médico. Os ideais são comuns aos dos
encarnados e as estratégias são semelhantes àquelas que se utilizam no mundo dos
encarnados. Ou os médiuns não conseguem trazer tais avanços ou os avanços ainda
são poucos. Quando não conseguem, afirmam que nossa linguagem é pobre para
descrever o que vêem ou ouvem. Quando conseguem, fazem-no timidamente, receando
serem tachados de visionários ou fascinados.
Penso, às vezes, que existe uma sociedade, ainda dividida, de espíritos
espíritas, os quais lutam desesperadamente para instalar lá e cá, uma nova
ordem. Uma ordem de valores extraídos das várias religiões, filosofias e
conhecimentos da sabedoria universal. Parece que a sociedade de espíritos
desencarnados espíritas é muito pequena e de alcance limitado para fazer valer a
força e a coerência dos princípios trazidos por Allan Kardec.
A divisão que se observa entre líderes espíritas encarnados, provavelmente, deve
ser reflexo das diferentes opiniões existentes entre desencarnados que, embora
já libertos do egoísmo e das paixões comuns, ainda não conseguiram um consenso
estratégico.
Vemos espíritos preocupados em evangelizar, outros em curar o corpo, outros em
trabalhos sociais, outros em trabalhos mediúnicos, outros com funções diversas
na tarefa de educar o ser humano encarnado. Enquanto isso se faz no campo da
religião, desprezam-se outras dimensões do saber humano.
Posso estar equivocado no que escrevo, porém peço ao leitor que acompanhe meu
raciocínio, pois me baseio na percepção de que o espaço espiritual à volta do
espírito é o campo de Deus e Ele o colocou para que fosse modificado. Tal
modificação é feita ao sabor do pensamento do espírito, o qual, de acordo com
sua trajetória, imprime seu saber no que faz. Isso promove, sem sombra de
dúvidas, o progresso individual e coletivo, de acordo com as características
daquele espírito. Mesmo sendo um espírito superior, isto é, adiantado
moralmente, ele atuará no mundo de acordo com sua trajetória pessoal. Terá sua
marca própria, pois ninguém sabe a verdade ou como Deus “pensou” o mundo.
Isso não se constitui novidade, pois ainda estamos engatinhando na evolução
espiritual. Ainda estamos no sistema Terra, no qual obedecemos ao DNA para
plasmar as formas e ao pensamento lógico e racional para a razão.
Mais adiante alcançaremos a percepção de que a vida é um presente de Deus, cuja
finalidade precípua é ser vivida intensamente, buscando o desenvolvimento das
emoções superiores do espírito.
Espero que o Século XXI, este em que atualmente nos encontramos, dito Século do
Espírito, traga-nos luzes maiores sobre a vida no Mundo Espiritual de forma mais
clara e menos enviesada. Com a palavra os espíritos espíritas.
Por: Adenáuer Novaes, Extraído da Revista Delfos
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