O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
A Mãe do Filho de Deus
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"Maria, Mãe do Filho de Deus", esse é o nome do filme do padre
Marcelo Rossi. Sem dúvida, esse nome deixa-nos uma interrogação, pois, pelo
dogma da Igreja, deveria ser "Maria Mãe de Deus" ("Teotókos"), dogma esse que
não foi aceito pelos seguidores de Ario e Nestório, que defendiam a tese de
"Maria Mãe de Cristo, de Jesus" ("Cristotókos").
E foi nos Concílios Ecumênicos de Éfeso (431) e Calcedônia (451) que esse dogma
de "Maria Mãe de Deus" ("Teotókos") foi instituído como sendo uma conseqüência
daquele outro, ou seja, o da divinização de Jesus, proclamada no Concílio
Ecumênico de Nicéia (325), convocado e controlado pelo Imperador Constantino.
Para as pessoas simples, o nome do filme do padre Marcelo não tem nada de mais.
Mas, para os teólogos, as frases "Maria Mãe de Deus" e "Maria Mãe do Filho de
Deus" são muito diferentes, pois a do filme nega sutilmente a maternidade divina
de Maria. Os teólogos, porém, silenciam-se a respeito disso. Na verdade, Jesus é
o Nosso Senhor, o Deus (Logos) do nosso Sistema, mas não é igual ao Nosso Senhor
Deus (Theos) do Universo, o Pai, o Único ou o Brâman do Hinduísmo, que não é bem
uma religião politeísta (que crê em muitos deuses), pois o Deus Único hinduísta
não se confunde com os outros seus deuses secundários. O Cristianismo é que se
torna politeísta, se nós cristãos insistirmos em que Jesus é outro Deus mesmo.
E para explicarem que Maria é Mãe de Deus, expressão muito repetida pela "Santa-Maria",
os teólogos criaram comparações sofísticas e que, por isso mesmo, não resistem a
uma análise mais criteriosa. E eis uma semelhante a elas: A mãe de um jovem
torna-se mãe de um médico, depois que esse jovem se forma em medicina. E, assim,
também Maria se tornou Mãe de Deus, depois que Cristo se encarnou como sendo
Filho dela. Acontece que a mãe do jovem, que se torna médico, já era mãe dele,
antes de ele ser médico. Mas Maria não era Mãe de Cristo, antes de Ele se
encarnar no homem Jesus, pois espírito não pode ter mãe biológica.
Ademais, Jesus nunca foi Deus mesmo. E o fato de o Cristo encarnado em Jesus ser
da mesma substância ("Omoio Ousios") ou natureza de Deus não importa, pois que
nós, em espírito, o somos também. Essa doutrina de que Maria é Mãe de Jesus é
defendida pelo Espiritismo, por outras correntes cristãs, inclusive católicas, e
todas as outras religiões. E ela não diminui em nada o respeito, a admiração e o
amor que temos para com Maria e o Nazareno. É como disse o escritor e padre
francês François Brune: "Eu gostaria de que os católicos amassem a Jesus como os
espíritas O amam."
Parabéns, pois, ao padre Marcelo Rossi pelo nome de seu filme!
Por: José Reis Chaves, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.
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