Ensinar, por Espíritos Diversos
Chuchus Multiplicados
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Ela não se conformava com a atitude do cunhado: achava-o um
tremendo "mão aberta". Esse negócio de dar sem receber não era com ela, embora
estimasse a atitude do familiar. Um dia chamou-o e disse-lhe não acreditar
nessas teorias de servir, de ajudar o próximo, de dar e doar sempre sem receber
qualquer recompensa. Afinal, via que ele nada recebia em troca do tanto que
doava, que realizava...
Mas ele ponderava que tudo o que fazíamos com sinceridade e amor no coração,
Deus abençoava. E sempre que distribuímos, doamos, fazemos uma boa ação e mais
cedo ou mais tarde a vida nos responderá de alguma forma. Afinal, concluía, quem
faz o bem, colhe o bem.
Ela, para provar-lhe o erro da teoria, resolveu experimentar. Disse que tinha
dois chuchus e que os doaria ao primeiro que aparecesse, mas queria ver se
receberia mesmo outros dois em troca... Mal acabara de falar quando a vizinha do
lado esquerdo, pelo muro, chama: - Dona Maria, pode me dar ou emprestar dois
chuchus? Embora surpresa, afirmou: - Pois não, minha amiga, aqui os tem. Faça
deles bom uso.
Em instantes, antes que se refizesse da surpresa, a vizinha do lado direito,
também pelo muro, ofereceu quatro chuchus para dona Maria. Meia hora depois, a
vizinha dos fundos pede a dona Maria uns chuchus e esta lhe entre os quatro que
havia recebido. Quase em seguida, a vizinha da frente, sem que soubesse do que
acontecia, oferece à mesma D. Maria, oito chuchus.
Por fim, já sentindo a lição e agindo agora seriamente, recebe a visita de uma
conhecida de poucos recursos econômicos. Demora-se um pouco, o tempo bastante
para desabafar sua pobreza. À saída, recebe, com outros mantimentos, os oito
chuchus. E então, virando-se para o cunhado, diz: - Agora, quero ver se ganho os
dezesseis chuchus. Era o que faltava para completar a brincadeira. Mas já era
tarde. Ela percebia que tudo terminaria aí, mas recebeu do cunhado a afirmativa:
- "Espere e verá!"
Por volta das dezoito horas, quando o cunhado retorna do trabalho, nada havia
sucedido com relação aos chuchus. Ela olhava para o cunhado com ar de quem
dizia: "Ganhei ou não?"
Às vinte horas, todos na sala conversavam. O episódio do dia estava inclusive
esquecido, quando alguém bate à porta. Dona Maria atende. Era um senhor idoso,
residente na zona rural.
Trazia no seu burrinho, uns pequenos presentes para Dona Maria, em retribuição
às refeições que sempre lhe dava, quando vinha à cidade. Colocou à porta o
pequeno cesto. Dona Maria abre-o nervosa e curiosamente. Estava repleto de
chuchus. Contou-os: sessenta e quatro. Oito vezes mais do que havia,
ultimamente, doado. Era demais. A bela lição, excedia à expectativa, era muito
mais do que esperava. Ela finalmente compreendeu o cunhado, entendendo que
aquele que dá recebe mais.
Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo próprio autor para publicação em nosso site
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