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Não é doença, nem indício de desajuste mental ou emocional, embora possa ser confundida como tal por apressados julgamentos. É apenas uma afinação especial da sensibilidade. Como na música, somente funciona de maneira satisfatória o instrumento
que não apresenta rachaduras, cordas arrebentadas, desafinadas ou qualidade duvidosa.

O parágrafo que inicia o comentário da semana, com ligeira adaptação, é de autoria do consagrado escritor Hermínio Miranda no livro Diversidade dos Carismas. E prossegue o autor, com minhas adaptações e transcrições parciais para compor o artigo:
“(...) Alto preço em angústias, decepções e desequilíbrios emocionais e mentais, perfeitamente evitáveis, é pago a cada instante em consequência da desoladora ignorância em torno da questão (...). E não poucos desajustes sérios ocorrem no próprio
meio onde o conhecimento inadequado, insuficiente ou distorcido acaba resultando em problema mais grave do que a ignorância que busca informar-se de maneira correta. (...)”.

O fato patente é que se trata de uma capacidade humana, não inventada ou imaginada ou mesmo sendo de detenção exclusiva ou privilegiada desta ou daquela classe social, política ou religiosa, de país, raça ou família. Sempre esteve presente na
história humana, manifestando-se de acordo com a cultura que cada época vai propiciando seu uso e real entendimento.

Sempre foi alvo de perseguições, humilhações e na época de maior ignorância da história, seus protagonistas eram torturados, perseguidos, chamados de feiticeiros e muitas vezes queimados vivos, como ocorreu com tantos nomes ilustres, entre eles a
notável Joanna DArc.

O progresso, todavia, sendo irresistível, mudou o panorama daquela visão errônea de fatos absolutamente naturais. As perseguições e humilhações foram gradativamente sendo substituídas pelo estudo científico da questão, ao lado do surgimento e continuidade natural dos fenômenos e pessoas com tais possibilidades mais expressivas, resultando numa época nova de entendimento, que substitui a ignorância pela cultura e pesquisa de um fenômeno real. Hoje tema de filmes, novelas e motivação de eventos, encontros, congressos e ampla pesquisa científica neutra, fora mesmo do ambiente religioso – onde também se estuda e se pesquisa o assunto com amplos resultados –, essa capacidade afinada de perceber algo além da matéria densa é bem uma afinação da sensibilidade, na feliz expressão do citado autor no livro em que experiências e casos são relatados.

Basta o leitor pensar na intuição. Tão valorizada atualmente e tão necessária, como ela se enquadra na questão? Não é um bom tema para debate?

Pois é! Ela é apenas um desdobramento ou correlata capacidade humana que se desenvolve com o tempo, com o progresso da mentalidade geral do ser humano.

Falamos da mediunidade, a temida e perseguida capacidade que apenas é ponte entre o mundo real e o mundo das ilusões que nos fazem nos perdermos por tão pouco no pantanoso terreno das aquisições e dos títulos e bens que passam.

Deixemos o preconceito de lado e convenhamos que há algo mais além do que nossos pobres olhos mortais podem enxergar.


Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo autor


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