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Certa mulher sofrida no trabalho
E que agia tão-só na prática do bem,
Teve, um dia, saudade de Jesus
E passou a viver concentrada no Além.
Muito tempo, lutara dia-a-dia,
Vencendo sombra, empeço, tentação,
Servira a muita gente, mas supunha
Que todo o longo esforço houvera sido vão.
Trazia os pés feridos, indagando
Se a Terra não seria estranho espinheiral,
Conquanto a a acalentasse o peito,
Declarava temer a vitória do mal.

Suportara, sem mágoa, ingratidões e golpes,
Entretanto, cansara-se, por fim,
Queria agora a paz do Lar Celeste,
Sonhava entrar em fulgido jardim ...
Desejava esquecer a tristeza e a fadiga,
A poeira do mundo e a cinza do pesar,
Suplicava a Jesus lhe concedesse,
O caminho do Além e o dom de descansar.
Jesus, porém, um dia, veio e disse: –
"Enquanto houver na Terra algum sinal de dor,
Estarei, entre os homens, trabalhando
Para a Bênção de Deus, em tarefas de amor.

Mas se queres partir, segue adiante, 
Busca os sóis da Divina Primavera, 
Construíste, lutaste, padeceste,
Conquistaste o repouso, a Paz te espera."
Mas aquela que ouvira o Cristo Amado,
Não mais pensou no Céu, nem no Porvir,
E, se seguindo a Jesus, achou na própria Terra
A alegria de amar e o prazer de servir.


Por: Maria Dolores, Do livro: Recanto de Paz, Médium: Francisco Cândido Xavier


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