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Era um morro bem alto a ser escalado, subida dura e difícil! Eles sabiam, todavia, que alcançar o cume seria a consagração para suas vidas. Já na saída, uma voz misteriosa, cuja origem não conseguiram identificar, os advertiu: Levem as pedras! Ao chegarem no alto da montanha sentirão muita alegria pelas pedras que levarem, mas também sentirão muita tristeza!

Ficaram sem entender, inclusive porque a advertência se repetiu mais duas vezes. Prudentes, resolveram seguir o conselho. Alguns encheram os bolsos, outros carregaram pequenas pedras em uma das mãos, outros colocaram o que foi possível nas próprias mochilas, outros improvisaram sacos e aumentaram o próprio peso da bagagem; outros acharam aquilo uma grande bobagem e nada levaram. Foram diferentes reações ao conselho e, obviamente, divergentes quantidades de pedras carregadas morro acima, variáveis em peso, quantidade e tamanho.

Durante a escalada, muitos descartaram o peso que concluíram ser desnecessário na árdua subida, outros tomara a mesma providência, só que parcialmente e uma minoria manteve a carga original.

Cada um teve seu momento de chegada, face aos esforços e rumos diferentes, mas no alcance do topo, a surpresa confirmava a estranha advertência ouvida. As pedras se transformavam em pérolas de grande valor. Havia a grande alegria pelas pedras trazidas e uma grande tristeza pelas pedras descartadas no trajeto ou nem trazidas...

O desprezo na coleta, a quantidade transportada, o peso suportado, a atenção à misteriosa advertência e o valor que se dava às pedras antes, durante e depois da escalada, faziam agora enorme diferença em suas vidas...

Assim é a vida. Conquistar virtudes exige esforço, perseverança, suor e lágrimas muitas vezes; a luta pela conquista de valores morais pede permanente sacrifício de nossos mesquinhos interesses particulares, tendo em vista o objetivo maior a ser alcançado que renderá louros de paz e felicidade.

No entanto, ainda preferimos as facilidades. Ainda nos deixamos levar pelo comodismo e com isso perdemos a chance de levar conosco os únicos tesouros que permanecem quando todos os outros ilusórios recursos humanos nenhuma utilidade mais terão. Desprezamos a paciência, a tolerância, a compreensão, a honestidade, a dignidade e ainda valorizamos a calúnia, a revolta, o egoísmo... Que pena! Não entendemos ainda que precisamos carregar as pedras do silêncio e da renúncia, do sacrifício e da boa vontade, do trabalho digno e da perseverança, do otimismo e da alegria, da e da solidariedade, únicos valores que nos habilitam às pérolas da felicidade duradoura...

Com isso, esquecemos o presente – notável oportunidade de exercício e aprendizado de sabedoria, para nos apegarmos ao passado e ficarmos na expectativa do futuro. Um já aconteceu, não há o que ser feito e outro nem sabemos como e se ocorrerá. E esquecemos o presente, valiosa dádiva...


Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo próprio autor para publicação em nosso site


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