Ensinar, por Espíritos Diversos
Medo: Instinto ou Patologia?
O medo é uma emoção presente em quase todos os seres da
natureza, representada por um conjunto de sentimentos que se manifestam com grande inquietação e angústia diante de um perigo real ou imaginário de um fato desencadeante de ameaça, pavor, susto, perdas e dor profunda (física ou mental), entre outros.
Ele é expressado nos seres humanos por reações corporais como o susto, olhar espantado, boca seca, taquicardia e sudorese, entre outros, traduzindo o incômodo físico e mental que provoca. Sua presença excessiva é um dos grandes fatores de angústia para o ser. “O medo, em si, não constitui uma patologia e sim, um comportamento de cautela para maior segurança do indivíduo. Ele é racional, perfeitamente controlável, não interfere nas atividades diárias, nem desencadeia sintomas físicos, psicossomáticos”, declara a psiquiatra e
especialista em terapia regressiva Maria Júlia Peres, criadora da Terapia
Reestruturativa Vivencial Peres – TRVPeres. “Ele é ontológico na raça humana,
uma reação emocional a um agente externo, o qual é percebido como agressor à
integridade física do indivíduo”, completa o psiquiatra Jaider Rodrigues de
Paulo, da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais (AME-MG). Para a ciência
psíquica, segundo ele, um dos diferenciais com a ansiedade é o fato de ele ter
um objeto real e ela nem sempre. “O medo se caracteriza a partir de uma vivência
objetiva, como, por exemplo, de animais, altura e escuro, entre outros. A
ansiedade expressaria mais os fantasmas internos”, completa.
De acordo com Jaider, o medo se origina de quatro vertentes. A primeira seria
criada pelo instinto de conservação, evitando que o indivíduo se exponha a
perigos desnecessários. “Se a pessoa sentisse dor e não tivesse a presença do
medo, provavelmente não aprenderia a evitar novos fatos semelhantes, que a
levaríam a senti-la, ou seja, não fixaria o aprendizado”, aponta. Este é um
fator positivo do medo, segundo o médico. “Dentro deste pensamento, temos,
também, o medo do desconhecido, como da imensidão do mar e do cosmo, ou quando
viajamos para algum local sem referências”, lembra.
A segunda vertente, de acordo com Jaider, seria fruto do complexo de culpa,
originado de atos que julgamos delituosos, em vidas passadas ou nesta própria.
“É quando o culpado instala em sua intimidade o tribunal da consciência, o pior
de todos, criando o seu inferno particular, despertando este sicário de todos
nós, o medo”, informa. A terceira vertente seria fruto dos sofrimentos atrozes
que experimentamos nas zonas inferiores da erraticidade, quando brinquedos de
inteligências perversas. “Nesses casos, seriam os egressos do suicídio, do
homicídio, os viciados de toda sorte, os quais não fazem nenhum movimento para a
sua redenção. A mente destas pessoas é povoada de imagens apavorantes que, mesmo
depois de serem resgatadas pelas mãos dos obreiros do senhor, continuam como
cruéis prolongamentos daqueles momentos infelizes que a reencarnação não
consegue abafar”, declara. “Deparando-se com situações que guardam ressonância
com este passado, podem despertá-lo, criando campo mental propício para a
emersão no presente, daquelas situações pretéritas traumatizantes. São pessoas
que aportam a uma nova reencarnação trazendo, em sua estrutura psíquica atual, o
temor constante, o qual, muitas vezes, dirige seus atos”, completa.
Mas o medo pode ser conseqüência de educação equivocada, quando os familiares,
no intuito de controlar as suas crianças, criam em suas mentes figuras de
monstros, como de assombração, bicho-papão e demônios, sem saberem que estão
formando clichês mentais torturantes, que podem perturbá-las. “O indivíduo,
quando vive sob o guante do medo, é uma pessoa basicamente insegura, assustada e
raivosa. Estes sentimentos podem torná-la agressiva, retraída, aparentemente
pouco responsável e, às vezes, paradoxalmente temerária”, diz.
Fobia: transtorno neurótico
A fobia é um transtorno neurótico, relacionado ao estresse, que apresenta
reações somatoformes (antes chamadas de psicossomáticas) e está caracterizada na
CID 10 (Classificação Internacional das Doenças, itens F40 a F48). Segundo a
psiquiatra Maria Júlia Peres, criadora do Instituto Nacional de Pesquisa e
Terapia Vivencial Peres, de São Paulo (SP), ela é um medo patológico, exagerado,
persistente e irracional, que ocorre em relação, entre outros, a objetos (facas,
objetos pontiagudos etc), atividades ou situações (sair ou viajar sozinho, medo
de multidões, altura, lugares fechados, lugares públicos e de ser foco de
atenção etc), coisas específicas (animais e insetos), forças naturais
(tempestades, relâmpagos, enchentes, terremotos etc), “hospitalares” (sangue,
injeção, cirurgia, ferimentos, vômitos etc) e situacionais (elevadores, túneis,
aeroportos etc), entre outros. A literatura médica cita mais de 500 modalidades
de fobias.
Entre as reações apresentadas estão os sintomas de ansiedade, que se apresentam
antes e durante o aparecimento da situação temida. São eles as palpitações
(aumento da freqüência cardíaca), sudorese, tremor; dificuldade para respirar,
náusea ou desconforto abdominal, desequilíbrio, tontura, atordoação, medo de
morrer. “Pelo menos três dos itens citados devem aparecer no verdadeiro
diagnóstico de fobia. O paciente apresenta angústia marcante, causada pelo
sintoma, e evita situações fóbicas, que o levam à ansiedade, que ele próprio
reconhece que são excessivas e irracionais, como medo das imagens do objeto
fóbico e das situações que aparecem em televisão, revistas e outros”, afirma
Maria Júlia.
Origem
As fobias são classificadas de várias formas e por várias correntes. Para os
chamados “comportamentalistas”, segundo a psiquiatra, são condutas adquiridas em
experiências traumáticas ampliadas por reações excessivas, desencadeadas por
estímulos que as cercam ou pela insegurança devido à ausência da mãe. Elas podem
surgir em qualquer época da vida, em que tenha havido um evento doloroso, que
tivesse sido marcante para o paciente. Para os “psicanalistas”, acrescenta, o
mecanismo causal da fobia é um conflito intrapsíquico inconsciente não
resolvido, geralmente de origem edipica (menino que deseja sexualmente a mãe,
mas teme a punição do pai, na forma de castração – vide Freud em O Pequeno
Hans). Neste caso, o paciente tem medo das suas pulsões e as substituiu por um
objeto. Por não poder assumi-las e por negar sua realidade, desloca suas
angústias para um objeto simbólico (no exemplo freudiano do Pequeno Hans, ele
desloca o medo de punição do seu pai para o medo de um objeto externo, passando
a ter fobia de cavalos. Assim, a evitação de cavalos permitia a evitação da
ansiedade causada pelo conflito intrapsíquico, a raiva do pai). Pode surgir
também em qualquer época da vida.
Para os “neurobiologistas”, a fobia tem origem em anormalidades neuroquímicas,
que ocorrem no transtorno de ansiedade. Envolvem os sistemas Gaba,
noradrenérgico e serotoninérgico. As áreas cerebrais do lobo frontal e do
sistema línbico estão envolvidas nesta fisiopatologia e há evidências de que os
fatores genéticos têm influência na origem destes problemas, ocorrendo em cerca
de 20% de parentes de primeiro grau, principalmente de sexo feminino. A
concordância para gêmeos monozigóticos é de 50% contra 15% para os dizigóticos.
TRVPeres
Na visão dos “terapeutas em TRVPeres”, a fobia pode aparecer em vários períodos
da vida atual e em suposta vida passada. Em geral, são resultantes do contato do
paciente com algum fato marcante ocorrido em algum período do seu passado, que
ficou reprimido em sua mente inconsciente e bloqueado pela consciente. Com este
bloqueio consciente a fobia se torna irracional e se manifesta com atitudes
evitativas em relação ao objeto ou situação causadores da mesma. “Assim, um
paciente que tem fobia em dirigir carro, pode ter sofrido um acidente de
automóvel enquanto estava no útero materno. Outro pode ter fobia de galinha,
porque, quando criança, foi atacado quando tentou pegá-la para brincar”, conta
Maria Júlia.
“Um paciente obeso, com fobia de solidão e de ser rejeitado, em suas vivências
reestruturativas em seções de TRVPeres, relatou ter lembrança, que reconstruiu e
vivenciou da cela de uma prisão durante muitos anos, de ter desencarnado
solitário, triste, abandonado e faminto. No momento mais traumático dessa sua
experiência vivencial, elaborou uma decisão, com padrões negativos e repetitivos
de comportamento que, supostamente, o levaram as suas fobias atuais. Esta
decisão foi a de ‘nunca mais passar fome´, daí a razão de sua obesidade”,
lembra. “Estou sozinho e abandonado” e “minha vida é terrivelmente triste” foram
a razão da fobia de solidão e rejeição. Porém, segundo ela, o paciente elaborou
uma redecisão que, com a prática concreta, reestruturou sua vida para uma
situação adaptativa ao seu momento atual.
Especialistas recomendam tratamento
O tratamento básico do medo, segundo o psiquiatra Jaider Rodrigues de Paulo, é a
psicoterapia em suas várias correntes, principalmente, se forem voltadas para o
resgate da dignidade humana. “A propósito, a hipnoterapia ericsoniana e a
terapia de vivências passadas estariam bem indicadas, principalmente quando há
um sintoma claro desencadeante de um quadro específico, como, por exemplo, o
medo de altura, de animais, de locais fechados e de viagem”, informa.
“A real terapia do medo, no entanto, em um processo terapêutico bem orientado, é
o esforço de transformação interior, pois só ele é capaz de nos proporcionar a
paz íntima, imunizando-nos contra os males internos e externos. Somente a busca
sincera do real sentido da vida e a integração com este, no cotidiano, serão
capazes de libertar o indivíduo dos equívocos da existência, das ilusões e
adentrá-lo na intimidade de si mesmo, buscando o Deus interior, o único capaz de
libertá-lo em definitivo das ameaças do existir”, completa.
Geralmente, segundo a psiquiatra Maria Júlia Peres, as fobias têm cura. “Mas
isso vai depender da etiologia de sua modalidade, do tipo de personalidade de
seu portador, do tempo em que ela está instalada no paciente e da existência
concomitante de outras enfermidades no paciente”, avalia. “Elas devem ser
tratadas, mas cada caso é um caso e não se deve generalizar um tratamento global
para todas elas e sim, encaminhar o paciente para um terapeuta experiente para
fazer, se for indicado, uma psicoterapia adequada e receitar uma complementação
medicamentosa, se for necessário”, complementa.
Paralelamente ao tratamento, a psiquiatra também recomenda práticas que
considera úteis, como, por exemplo, o relaxamento, a meditação e o yoga,
distrações saudáveis e prática comedida e inteligente da religiosidade. E
deve-se evitar programas de TV e filmes “pesados” que contenham violência,
filmes de guerra e crimes.
A Folha Espírita entrevistou a Dra Maria Julia Peres, psiquiatra e criadora da
Terapia Reestruturativa Vivencial Peres – TRVPeres e o Dr. Jaider Rodrigues de
Paulo (AME-MG).
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Datas Importantes do Espiritismo
NOVEMBRO
Dia 01 de 1890
Em 01de Novembro de 1890, a Federação Espírita Brasileira, através do
<<Reformador>>, dirige ao Sr. Ministro da Justiça uma longa defesa contra os
artigos 157 e158 do novo Código Penal, artigos que embaraçavam a prática do
Espíritismo.
Dia 01 de 1918
DESENCARNAÇÃO EURÍPEDES BARSANULFO
Dia 02 de 1951
DESENCARNAÇÃO LÍCIO GUEDES TRINDADE
Dia 03 de 1990
REALIZAÇÃO CONGRESSO MUNDIAL DE ESPIRITISMO, em Liége, Bélgica, presidido por
Rafael Gonzáles Molina
Dia 20 de 1889
20/11/1889 - Os jornais de Nova Iorque publicam uma declaração assinda por
Margarida Fox, na qual ela confessa que sua declaração anterior, contrária ao
Espíritismo, foi-lhe obtida com promessas de riqueza.